A primeira edição esgotou rapidamente.[3] O álbum reflete as sombras do Estado da Nação, a austeridade que Portugal vivia com a entrada do Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1983. Tudo ficou mais caro e a nova editora discográfica tornou-se um paraíso perdido. São canções que revelam uma fase negativa na vida pessoal do vocalista António Manuel Ribeiro.[4] A banda voltou a experimentar a sonoridade do sintetizador, à semelhança do que fizeram no mini LP Estou de Passagem (1982).
O tema "De Carrocel" [1] é um texto político elaborado contra a neblina nacionalista que o álbum "Mãe", dos Heróis do Mar, simbolizava nessa altura. O tema causou algum desconforto numa sociedade que começava a aprender a viver em liberdade. Foi o single de apresentação do álbum. A canção "Chris" – escolhida para lado B do single – teve o solo da guitarra do Renato Gomes cortado, para poder caber no tamanho de 45 rotações.[5] O tema "Devo Eu", o maior sucesso do álbum, invoca a atração fatal entre o autor e a sua musa inspiradora, sob o olhar dos poetas do romantismo.[6] A faixa "Celulóide (para Ian Curtis)" é um tributo ao músico inglês Ian Curtis, que faleceu no dia 18 de maio de 1980, vítima de um equívoco chamado paixão. Uma canção melancólica e depressiva, fiel ao estilo musical dos Joy Division.[7]
Na digressão, os UHF totalizaram 72 concertos em todo o país, apesar das dificuldades económicas que Portugal atravessava com a crise instalada.[8] Nos concertos ao vivo a banda voltou a apostar no segundo guitarrista, à semelhança do que fizeram em 1979. Desta vez, convidaram Francis, que tinha deixado os Xutos & Pontapés, mas esteve pouco tempo na banda.[9] O baixista e co fundador Carlos Peres, abandonou os UHF depois do concerto no dia 29 de outubro de 1983 na Praça Humberto Delgado, no Porto. Foi o fim de uma era, a quebra do quarteto maravilha. Entrou José Matos para o seu lugar.[4][10]
Lista de faixas
O mini álbum de vinil (mini LP) é composto por cinco faixas em versão padrão. Renato Gomes partilha a composição com António Manuel Ribeiro nos temas "Devo Eu" e "Chris". Os restantes temas são da autoria de António Manuel Ribeiro.
Canção marcada pelo sintetizador. Fala da festa da vida e do novo rumo da Nação, contrariando o status quo português do sofrimento e dos xailes negros.[11]
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