Charles Miller

Charles Miller
Charles Miller
Charles Miller em 1893 no St. Mary's (Southampton F.C.)
Informações pessoais
Nome completo Charles William Miller
Data de nascimento 24 de novembro de 1874
Local de nascimento São Paulo, São Paulo, Brasil
Nacionalidade brasileiro
britânico
Data da morte 30 de junho de 1953 (78 anos)
Local da morte São Paulo, São Paulo, Brasil
ambidestro
Informações profissionais
Período em atividade 1892–1910 (18 anos)
Posição atacante
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos e gol(o)s
1892
1893–1894
1895
1894–1910
Corinthian
St. Mary's
São Paulo Railway Association
São Paulo Athletic
? (?)
13 (3)
1 (2)
? (21)

Charles William Miller (São Paulo, 24 de novembro de 187430 de junho de 1953) foi um esportista brasileiro, considerado o "pai" do futebol e do rugby[1] no Brasil.[2]

Biografia

Retrato da década de 1940.

Filho de um pai escocês chamado John d'Silva Miller, que veio ao Brasil para trabalhar na São Paulo Railway Company,[3] e uma mãe brasileira de ascendência inglesa chamada Carlota Antunes Fox, nasceu perto da estação ferroviária da mesma companhia em São Paulo. Aos dez anos, foi estudar na Inglaterra. Desembarcou em Southampton, no sul das ilhas britânicas, e aprendeu a jogar futebol na Bannister Court School. Atuando como jogador, árbitro e dirigente desde o princípio - e mais tarde apenas nas duas últimas funções - foi um entusiasta do desporto em geral, sendo também fundador da Associação Paulista de Tênis, com sede, inicialmente, em Sorocaba.[carece de fontes?] Sem sombra de dúvidas Charles Miller, ao lado de Hans Nobiling, Arthur Friedenreich, Fritz Essenfelder, Hermann Friese, Oscar Alfredo Cox, Belfort Duarte (entre outros) foi um dos grandes propagadores do futebol no Brasil. Além de ser um dos principais nomes responsáveis pela disseminação do futebol no Brasil, Charles Miller também foi um dos responsáveis por introduzir o polo aquático no Brasil. Neste último esporte, porém, não obteve o mesmo incentivo e apoio que obteve ao difundir o futebol. Assim, perdeu-se o interesse e o foco no polo aquático, que mais tarde viria a ser impulsionado novamente por Flávio Vieira.

Em 1884 ele foi mandado para uma escola pública em Hampshire, na Inglaterra, onde aprendeu a jogar futebol, rugby e críquete. Enquanto estava nesta escola, jogou por eles contra os times Corinthians Team e o de St. Mary's.

Ele retornou ao Brasil em 18 de fevereiro[4] de 1894 para trabalhar na São Paulo Railway (posteriormente Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (EFSJ), como seu pai, tornando-se também correspondente da Coroa Britânica e vice-cônsul inglês em 1904. Trouxe na bagagem duas bolas usadas, um par de chuteiras, um livro com as regras do futebol, uma bomba de encher bolas e uniformes usados.[3]

No dia 14 de abril de 1895,[5] na Várzea do Carmo, no Brás, em São Paulo, foi realizada a primeira partida de futebol do Brasil, disputada de forma organizada, entre os funcionários da Companhia de Gás de São Paulo (São Paulo Gaz Company) e da Companhia Ferroviária de São Paulo (São Paulo Railway Company) onde o São Paulo Railway, o time de Charles Miller, venceu por 4–2.[6]

Charles Miller no St. Mary's (Southampton F.C.) -1893-94

Miller foi fundamental na montagem do time do São Paulo Athletic Club (SPAC) e a Liga Paulista de Futebol, a primeira liga de futebol no Brasil. Com ele como artilheiro, o SPAC ganhou os três primeiros campeonatos em 1902 de 1903 e 1904. Jogou no clube até 1911, quando ganhou sua última Liga Paulista. Depois disso, no ano seguinte ele se aposentou e começou a atuar como árbitro.

Foi casado com Antonieta Rudge,[7] uma das grandes pianistas brasileiras de prestígio internacional, cuja descendência ficou conhecida como Família Rudge Miller. Esta, no entanto, o abandonou na década de 1920 para viver com o poeta Menotti Del Picchia.[7] Sua biografia foi relatada pela primeira vez pelo historiador John R. Mills,[8] em um livro traz detalhes da carreira, do casamento, do time de coração, dos negócios, da família de Miller.[8]

Títulos

SPAC

Artilharia

Charles Miller foi artilheiro do Campeonato Paulista de Futebol em duas ocasiões. No Campeonato Paulista de 1902 e no Campeonato Paulista de 1904 (junto ao companheiro de São Paulo Athletic Herbert Boyes).

Logradouro

Posteriormente, passou a dar nome à praça onde fica o Estádio do Pacaembu, em São Paulo, a Praça Charles Miller.

Controvérsia

Alguns historiadores contestam o pioneirismo de Charles Miller na história do futebol brasileiro, argumentando e apresentando documentação como prova de que o esporte mais popular do Brasil já era praticado no país antes da volta do famoso futebolista brasileiro da terra de seus antepassados,[9] havendo registros da prática recreativa e não organizada (popularmente conhecida como pelada) do futebol no país desde meados da década de 1870 por parte de marinheiros de navios mercantes ou de guerra, britânicos, franceses e holandeses, como o realizado em 1878 diante do Palácio Isabel (hoje Guanabara) na cidade do Rio de Janeiro.[10] Segundo essa crítica, o mérito de Miller foi ter chegado ao Brasil com o aparato necessário à pratica do esporte de forma organizada e ter cativado a prática do futebol dentro dos clubes, considerando-se que os ingleses de então eram mais afeitos ao críquete, assim como não foi o primeiro praticante do futebol, mas sim o primeiro dirigente.[11]

Referências

  1. História do rugby no Brasil
  2. «Que fim levou? CHARLES MILLER... Introdutor do futebol no Brasil e ex-atacante do SPAC». Terceiro Tempo. Consultado em 23 de setembro de 2022 
  3. a b "Replay", Jornal da Tarde, 24/11/2003, Edição de Esportes, pág. 41
  4. Futebol na Rede
  5. Futebol Brasileiro completa 120 anos da 1° partida Folha de S.Paulo; 13/4/2015
  6. John Mills (2005). Charles Miller: O Pai do Futebol Brasileiro. [S.l.]: Panda Books 
  7. a b Veja (18 de Setembro de 2009). «Pianista Antonieta Rudge é homenageada em livro de Laura Iakovsky». Consultado em 3 de Fevereiro de 2013 
  8. a b A Miller's Tale: The story of how a British sport arrived in Brazil
  9. Seria Votorantim o berço do futebol brasileiro? por João dos Santos Júnior
  10. ROSSI, Jones (2014). Guia Politicamente Incorreto do Futebol. [S.l.]: Leya. pp. 22–23. ISBN 978-85-8044-990-7 
  11. ROSSI, Jones (2014). Guia Politicamente Incorreto do Futebol. [S.l.]: Leya. pp. 19–21. ISBN 978-85-8044-990-7 

Bibliografia

Ligações externas