O edifício foi realizado para um fabricante têxtil (filhos de Pedro Mártir Calvet),[2] e serviu tanto para o negócio, ao qual se destinaram o piso térreo e a cave, como para habitação nos pisos superiores, sendo a residência principal, do proprietário, muito mais luxuosa. Muitos dos especialistas na obra de Gaudí consideram a Casa Calvet como a obra mais conservadora do arquiteto. Segundo eles, a explicação está em que, por um lado, Gaudí teve de encaixar o edifício entre outros mais velhos já existentes e, por outro, levar em conta o fato de ficar situado num bairro elegante.
Efetivamente, a simetria, o equilíbrio e a ordem que caracteriza a Casa Calvet não são habituais na obra de Gaudí. Porém, existem elementos modernistas como, por exemplo, as duas seções de fachadas terminadas em curvas na coberta, a varanda envidraçada que sobressai acima da entrada ou a forma das demais varandas. As colunas que flanqueiam a entrada recordam a bobinas de fio, e constituem uma alusão ao negócio têxtil de Calvet.
A fachada é de pedra de cantaria de Montjuïc, enfeitada com varandas de ferroforjado e terminada por umas estruturas trilobuladas, três invertidas e duas sobressalentes, coroadas com cruzes de ferro de forja. As três invertidas apresentam bustos de São Pedro Mártir e dos oragos da povoação natal de Calvet (São Gens de Vilassar): São Gens de Arles e São Gens de Roma; sobre estes se encontram as varandas da açoteia, em forma de palmeira, símbolo do martírio.[3]
Destaca-se assim mesmo na fachada a tribuna do piso principal, decorada com a inicial do sobrenome do proprietário, um ramo de oliveira -símbolo da paz-, um cipreste -símbolo de hospitalidade- e o escudo da Catalunha; remata-se com uma cúpula esculpida com duas cornucópias de Amalteia, da qual se espalham as frutas, e sobre as que se pousam duas rolas.[4] A varanda de ferro da tribuna apresenta decoração em forma de cogumelos (clathrus cancellatus, morchela hibrida e craterellus cornucopioides), homenagem à afeição do senhor Calvet pela micologia.[5]
Na porta de entrada destaca-se a aldraba, de ferro forjado, com a forma de cruz grega que golpeia contra um percevejo, símbolo da fé esmagando o pecado. Foi forjado por Joan Oñós, forjador que colaborou habitualmente com Gaudí. O átrio de recepção é de abóbadilha, com colunas salomônicas de granito e arcos com relevos de gesso com a forma de parreira, bem como a inscrição "Fé, pátria, amor", lema dos Jogos Florais.[6]
Neste projeto Gaudí utilizou certo estilo barroco, visível no uso de colunas salomônicas, a decoração com temas florais e o projeto de açoteia com cascada e cachepôs de ar rococó.[7]
Gaudí desenhou igualmente o mobiliário da casa, realizado com formas naturalistas muito do gosto de Gaudí. Os móveis da sala principal encontram-se hoje na Casa-Museu Gaudí, no Parque Güell.
↑ abBassegoda, Gaudí ou espaço, luz e equilíbrio, p. 157.
Bibliografia
BASSEGODA I NONELL, Joan (1989). El gran Gaudí. Ed. Ausa, Sabadell. [S.l.: s.n.] ISBN84-86329-44-2
BASSEGODA I NONELL, Joan (2002). Gaudí o espacio, luz y equilibrio. Criterio, Madrid. [S.l.: s.n.] ISBN84-95437-10-4
CRIPPA, Maria Antonietta (2007). Gaudí. Taschen, Köln. [S.l.: s.n.] ISBN978-3-8228-2519-8
TARRAGONA, Josep Maria (1999). Gaudí, biografia de l’artista. Ed. Proa, Barcelona. [S.l.: s.n.] ISBN84-8256-726-8
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Casa Calvet», especificamente desta versão.
Ligações externas
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