O carcará (nome científico: Caracara plancus) [2], caracara-de-crista[3] ou carcará-de-poupa[4] é uma espécie de ave de rapina da Ordem Falconiformes, Família Falconidae. Mede cerca de 50 a 60 cm de comprimento (da cabeça à cauda) e sua envergadura varia em torno de 123 cm. Habita o centro e o sul da América do Sul. Também é conhecido pelos nomes: caracará, carancho, caranjo, caracara, caracaraí e gavião-de-queimada[5] Taxonomicamente, o carcará não é uma águia e nem um gavião, mas sim um parente distante dos falcões.
Etimologia
Caracará e carcará vêm do tupi karaka'rá - onomatopeia para o som que emite.[carece de fontes?] eliminada Carancho vem do tupi ka'rãi, "arranhar, rasgar com as unhas".[6]
Nome científico
Seu nome científicoCaracara plancus significa: do tupicaracará = onomatopeia para o som emitido por esta ave; e do latimplancus, plangos = águia. Ou seja, Águia que emite o som “cará, cará”.
Descrição
O carcará é facilmente reconhecível, quando pousado, pelo fato de ter um penacho preto sobre a cabeça parecido com um solidéu, assim como o bico adunco e alto, que se assemelha à lâmina de um cutelo; a face, chamada de cera, varia do vermelho ou laranja quando está calmo, ao amarelo quando está irritado, disputando território ou alimento.[7][8]
Tem as costas recobertas de preto e, no peito, apresenta uma combinação de marrom claro com riscas pretas, de tipo carijó ou pedrês; suas patas são compridas e amarelas; em voo, assemelha-se a um urubu, mas é reconhecível porque sua cauda é mais longa e as asas são mais estreitas, com duas manchas de cor clara nas extremidades.
Alimentação
Não é um predador especializado e sim um generalista e oportunista. Onívoro, alimenta-se de quase tudo que acha, de animais vivos ou mortos até o lixo humano, tanto nas áreas rurais como urbanas. Suas estratégias para obtenção de alimento são variadas: caça pequenos vertebrados como sapos e serpentes, e invertebrados, como insetos e aracnídeos; rouba filhotes de outras aves; arranha o solo com os pés em busca de amendoim e feijão; apanha frutos de dendê; acompanha tratores a arar a terra, para capturar minhocas e outros invertebrados. Pode ser visto coexistindo com urubus, compartilhando carniças. É comum ser avistado ao longo das rodovias para alimentar-se dos animais atropelados. Na maré baixa, caça crustáceos nos manguezais; pratica pirataria, quando persegue gaivotas para forçá-las a deixar cair suas presas.
Hábitos
Vive solitário, aos pares ou em grupos, beneficiando-se da conversão de florestas em áreas de pastagem. Pousa em árvores ou cercas, sendo frequentemente observado no chão, junto a queimadas e ao longo de estradas. Passa muito tempo no chão, ajudado pelas suas longas patas adaptadas à marcha, mas é também um excelente voador e planador, costuma acompanhar as correntes de ar ascendentes. Durante a noite ou nas horas mais quentes do dia, costuma ficar pousado nos galhos mais altos, sob a copa de árvores isoladas ou nas matas ribeirinhas. É visto com frequência em áreas urbanas.
Carcarás foram descritos coexistindo com urubus-de-cabeça-preta em áreas rurais e urbanas, em especial na interface entre os dois ambientes. Interações agonísticas são observadas, mas também atitudes ameaçadoras. Comportamento social interespecífico, interspecific allopreening, com interações pacíficas entre indivíduos das duas espécies, é observado e provavelmente ocorre como modo de aproximação entre caracarás e urubus na formação de um bando misto, que parece ser favorecido pela vigilância dos caracarás e seu grito de alerta.[9]
Para demarcar território ou para comunicação entre o casal, possui um chamado que origina o seu nome comum, “carcará”. Nesse chamado, dobra o pescoço para trás e mantém a cabeça sobre as costas, enquanto emite o som.
Reprodução
Constrói um ninho com galhos em árvores, podendo usar as bainhas de folhas de palmeiras. Usa o ninho de outras aves também. A postura do carcará é composta de dois ou três ovos, raramente, quatro. A coloração dos ovos é entre branco e castanho avermelhado, podendo variar nas tonalidades existentes entre estas cores. Os ovos possuem manchas castanhas ou vermelhas e medem cerca de 56 a 61 mm de comprimento por 44 a 47 mm de largura. A incubação dura em média 28 dias e é feita por ambos os pais. Os filhotes saem do ninho por volta do terceiro mês de vida, mas continuam sendo cuidado pelos pais.
Referências culturais
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Carcará
Além disso, Carcará é o nome do personagem líder do bando de cangaceiros no livro da pernambucana Frances Peebles que virou filme e foi transformado em minissérie, Entre Irmãs. A alcunha lhe foi dada por ter "arrancado os olhos" de um de seus inimigos, por vingança.[13]
A espécie foi adotada no ano de 2006 para representar a Agência Brasileira de Inteligência no lugar do seu símbolo anterior, a araponga.[14] A ave também é o mascote do Núcleo de Operações Aéreas da Polícia Civil de Minas Gerais - NOA, que batizou suas aeronaves como Carcará 01 e Carcará 02, helicópteros modelo esquilo e Carcará 03, um avião Embraer Sertanejo.[15] O Grupo de Busca e Reconhecimento da Força Aérea Brasileira é batizado como Esquadrão Carcará.[16]
A equipe de basquete da Associação de Basquete Cearense, participante do NBB (Novo Basquete Brasil), a liga de basquetebol Brasileira, tem o Carcará como seu mascote, que anima a torcida nos jogos.[17]
↑«Caça e Caçador». Consultado em 5 de agosto de 2021. 'Vai como um rei - (carcará) - Voa na presa...'
↑Mara Narciso (16 de janeiro de 2017). «Caderno de descobertas». Consultado em 5 de agosto de 2021. '...eu tentava me lembrar dos três apelidos que o personagem Sinhozinho Malta dizia, quando se referia ao seu arquirrival Roque: – Carcará Sanguinolento...'