Originalmente parte do Grão Pará e Maranhão durante as guerras francesas entre PB e AP, foi anexada por Olinda de Pernambuco e passou ao estado do Brasil. Basicamente junção da costa setentrional com estepe norte e parte setentrional da central, zona transitória entre saliente e meio norte com fortes vínculos naturais e culturais com o meio norte e histórico-geopolíticos com o saliente.
Pernambuco e São Vicente foram as únicas capitanias que prosperaram no período colonial.[1]
O sistema de capitanias já era empregado pelo Império Português nas ilhas da Madeira e de Cabo Verde desde o século XV.[7] Em carta dirigida a Martim Afonso de Sousa em 1532, Dom João III comunicou a decisão de dividir o território português, assim em 1534 efetivou as primeiras doações.[8]
Existem três possíveis fatores para a adoção do sistema de capitanias no Brasil: uma resposta da monarquia portuguesa ante a ameaça da França ao seu projeto de domínio na América;[9] transferência dos gastos com a colonização que deixavam de ser do Estado e passavam para os donatários, favorecendo a Coroa em um contexto de escassez de recursos;[10] conversão da população nativa ao cristianismo, dando continuidade ao ideal da Cruzadas.[11]
A Capitania do Ceará foi doada em 20 de novembro de 1535 ao provedor-mor da Fazenda Real, Antônio Cardoso de Barros, subalterno de Fernão Álvares de Andrade e de D. Antônio de Ataíde. O seu foral foi-lhe passado em 26 de janeiro de 1536 (BUENO, 1999:169). Como os seus vizinhos por diversos motivos, este donatário também não chegou a ocupar o seu lote.
A primeira expedição portuguesa de vulto na região foi empreendida no contexto da Dinastia Filipina (1580-1640), a partir de 1603 quando o Capitão-mor Pero Coelho de Souza percorreu a sua costa à frente de oitenta e seis soldados e duzentos indígenas, com ordens "de descobrir por terra o porto do Jaguaribe, tolher o comércio dos estrangeiros, descobrir minas e oferecer pazes aos gentios" e fundar "povoação e Fortes nos lugares ou portos que melhores lhe parecerem, procurando a amizade dos índios, oferecendo-lhes paz e a lei evangélica" (Regimento da expedição. apud STUDART FILHO, 1937:8). Esta expedição fundou o Fortim de São Lourenço (1603), conquistou e arrasou a posição francesa na Ibiapaba (1604) e levou ao estabelecimento do Fortim de São Tiago da Nova Lisboa (1604) na foz do rio Ceará, abandonado no ano seguinte (1605).
Pouco mais tarde, face à ameaça francesa na Capitania do Maranhão, o governador da Repartição do Brasil, D. Diogo de Meneses (1608-1613), incumbiu o capitão-mor Martim Soares Moreno de, na costa da 'capitania do Ceará, fundar uma feitoria, guarnecer pontos estratégicos, fomentar o progresso econômico e a catequese dos gentios. Acompanhado de apenas seis soldados e de um religioso com o domínio do idioma, para não hostilizar os indígenas, Moreno retornou à foz do rio Ceará. Com o auxílio do morubixaba Jacaúna, ergueu, no mesmo lugar do antigo Fortim de São Tiago, uma nova povoação, e uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Amparo, a 20 de janeiro de 1612.
A partir de 1680, o Siará passou à condição de capitania subalterna da de Pernambuco, desligada do Estado do Maranhão.
A capitania do Ceará veio a alcançar a autonomia apenas no fim do século XVIII, pela Carta-régia de 17 de janeiro de 1799.
As Vilas da Capitania do Ceará, especialmente a Vila da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, fundada em 1726 pelo capitão-mor Manuel Francês, eram governadas por uma Câmara de Vereadores. As Vilas da Capitania do Ceará não possuíam prefeitos, mas apenas vereadores.
Os Governadores mais importantes da Capitania do Ceará:
1. Pero Coelho de Sousa — De origem Açoriana. Foi responsável por liderar a expedição de 1603 até a Serra da Ibiapaba, expulsando os franceses do Ceará. Ergueu duas fortificações na capitania (no atual Fortim e Fortaleza), porém abandonou a capitania após a primeira seca registrada na história do Ceará em 1605.[12]
3. Diogo Coelho de Albuquerque — Foi durante o seu governo que a Capitania do Ceará perdeu autonomia e praticamente se tornou uma colônia da Capitania de Pernambuco. Isso aconteceu, porque Diogo Coelho de Albuquerque havia pedido ajuda ao capitão-mor da Capitania de Pernambuco, Francisco de Brito Freire, onde o governador da Capitania de Pernambuco se aproveitou da fragilidade da Capitania do Ceará e a anexou ao seu território. A Capitania do Ceará só voltaria a ser autônoma no ano de 1799.
4. Álvaro de Azevedo Barreto — Foi durante o governo de Álvaro de Azevedo Barreto que os portugueses conseguiram expulsar definitivamente os invasores holandeses em 1654. Tomou o forte Schoonenborch e o batizou com o nome de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Nossa Senhora da Assunção ficou sendo a padroeira da Capitania do Ceará.
5. Jorge Correia da Silva — foi capitão-mor da Capitania do Ceará por um período de três anos, era Cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis e ajudou o Padre Antônio Vieira nas missões da Serra da Ibiapaba, na Capitania do Ceará durante o século XVII.
6. Sebastião de Sá — Na Capitania do Ceará, especialmente na Vila de Fortaleza, existia uma Confraria de Nossa Senhora da Assunção, cujo objetivo era fazer caridade. O capitão-mor Sebastião de Sá concedeu uma sesmaria na Barra do Ceará para a construção de um convento dessa ordem religiosa.
7. Bento de Macedo de Faria — Durante o seu governo buscou abrir o comércio do Ceará, inclusive fazendo comércio com os holandeses que haviam abandonado a Capitania do Ceará após a reconquista portuguesa.
9. Pedro Lelou (Petrus Leloup) — De origem belga. Liderou campanhas de repressão e invasão aos territórios indígenas do Jaguaribe, principalmente contra o povo Payacú. Ergueu uma fortificação nas ribeiras daquele rio (na atual Russas).[13]
10. Jorge de Barros Leite — Foi um político e militar liberal que restituiu a liberdade aos índios Tapuias da aldeia Araré durante o seu governo.
11. Gabriel da Silva Lago — Mandou erguer uma paliçada de defesa e proteção dos moradores da ribeira do rio Salgado contra as investidas dos índios. Essa paliçada deu origem ao atual município do Icó.
12. Manuel Francês — No ano de 1726 mandou fazer a primeira planta ou desenho da Vila de Fortaleza. Por isso, muitos o consideram como o fundador da cidade de Fortaleza, capital do Ceará.
13. João Batista Furtado — Defendeu a construção de uma nova fortaleza na Capitania do Ceará, mas nunca conseguiu colocar o projeto em construção.
14. Domingos Simões Jordão — Durante o seu governo teve de enfrentar secas e levantes populares.
15. Francisco de Miranda Costa — Provavelmente foi no seu governo que foi criada a Vila de Messejana. Foi também Francisco Miranda Costa que criou auxílios aos juízes eclesiásticos da Capitania do Ceará.
16. Luís Quaresma Dourado — Durante o seu governo teve de enfrentar várias guerras entre os índios e os aliados dos portugueses por causa das terras da Capitania do Ceará.
17. Francisco Xavier de Miranda Henriques — Durante o seu governo buscou fazer reformas na Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção usando do seu próprio salário.
20. João Batista de Azevedo Coutinho de Montauri — Ele foi um dos primeiros a fazer o mapa dos rios e das vilas da Capitania do Ceará; além disso, ele foi um dos raros portugueses a considerar a Capitania do Ceará um lugar rico e paradisíaco. Foi ele que descobriu o grande potencial salino da Capitania do Ceará. Ele também denunciava em suas cartas a corrupção dos Ouvidores da Capitania do Ceará e que a corrupção era o principal motivo da Capitania do Ceará não crescer economicamente.
ALVES FILHO, Ivan. História dos Estados Brasileiros. Rio de Janeiro: Revan, 2000. 240p. ISBN8571061785
BUENO, Eduardo. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. 288 p. il. ISBN8573022523
JUCÁ, Gisafran Nazareno Mota (org.). Catálogo de Documentos Manuscritos Avulsos da Capitania do Ceará: 1618-1832. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, Fundação Demócrito Rocha, 1999.
STUDART FILHO, Carlos. Notas para a História das Fortificações no Ceará (Separata do Boletim do Museu Histórico do Ceará). Fortaleza: Ramos & Pouchain, 1937.
VASCONCELOS, Eduardo Henrique Barbosa & SOARES Ana Lorym. "Política e Saúde na Capitania do Ceará (1790-1812)." Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science 3.2 (2014): 250-a.