A palavra ''Canindé'' se originou do termo tupikanindé, que significa ''Arara de belas penas azuis escuras''.
O bairro começou a se desenvolver no início do século XX, inicialmente como uma área predominantemente rural, que foi gradualmente urbanizada com a expansão da cidade de São Paulo. Os logradouros do bairro refletem essa transição e a herança cultural da região. O bairro foi fundado em 1856 e era formado por pequenas chácaras.[5]
A ocupação do Canindé se intensificou com a chegada de imigrantes e trabalhadores atraídos pelas oportunidades de emprego nas indústrias e comércios próximos.[5] O loteamento da área seguiu o padrão de urbanização da época, com a construção de moradias populares e pequenos estabelecimentos comerciais, sendo uma vila operária, com a presença de algumas favelas e cortiços.[6] O bairro foi retratado no diário da escritora Carolina de Jesus em seu livro Quarto de Despejo, em que ela narra o seu dia a dia nas comunidades pobres da cidade de São Paulo em meados do século XX.[7] Com o tempo, o bairro se desenvolveu em termos de infraestrutura e serviços, tornando-se uma área residencial e comercial significativa.[5]
A Associação Portuguesa de Desportos, carinhosamente chamada de "Lusa", foi fundada em 14 de agosto de 1920.[1] A Portuguesa tem uma rica história no futebol brasileiro e é um símbolo de orgulho para a comunidade portuguesa em São Paulo.[8] A presença da Portuguesa no bairro do Canindé não apenas promoveu o esporte, mas também ajudou a fortalecer os laços culturais e sociais entre os moradores e a comunidade portuguesa.[9] O Estádio do Canindé,[10] localizado na Marginal Tietê, é um dos marcos mais icônicos do bairro.[1] Adquirido pela Portuguesa em 1956, o estádio foi construído com a ajuda de doações da comunidade portuguesa, que ergueu arquibancadas de madeira em um terreno que era, na época, um brejo.[8] Por isso, o estádio foi apelidado de "Ilha da Madeira". O estádio é um ponto de encontro para torcedores e um local de eventos esportivos e culturais, contribuindo para a vida comunitária e econômica do bairro. [1][8]
Historicamente um reduto de imigrantes portugueses,[9][1][8] o Canindé hoje abriga uma população diversificada, incluindo muitos imigrantes latinos, especialmente da Bolívia.[11] Essa diversidade é refletida na cultura local, que é uma mistura rica de tradições e influências de várias partes do mundo.[11] A população boliviana em São Paulo cresceu consideravelmente, superando até mesmo a comunidade portuguesa, que historicamente foi uma das maiores na cidade. Este aumento reflete-se em bairros como o Canindé, onde a presença boliviana é notável. Os bolivianos contribuem para a economia local através de pequenos negócios, especialmente no setor têxtil, e enriquecem a vida cultural da cidade com suas tradições e festividades.[11]
O bairro faz parte do grande comércio do Brás e Pari com várias lojas de moda e eletrônicos e presentes,[18] a Chamada Galeria Page Brás fica na Rua Hannemann.[19] O bairro é um distrito de compras populares, especialmente na Avenida Valtier, que é famosa por suas lojas de atacado e varejo.[2] O Shopping D, localizado nas proximidades, é outro ponto de referência para compras, oferecendo uma variedade de lojas e serviços.[18] Essas áreas comerciais atraem visitantes de toda a cidade, contribuindo significativamente para a economia local.[2][11]
A influência boliviana no bairro é notável, refletindo-se nas feiras de rua e no comércio local. Os bolivianos trouxeram uma rica diversidade cultural para o bairro, celebrada em eventos comunitários e culinária típica. As feiras oferecem uma variedade de produtos, desde roupas a alimentos, e são um ponto de encontro para a comunidade local, promovendo a interação cultural.[11] A Feira Kantuta localizada nas proximidades do Canindé na Praça Kantuta, é um verdadeiro pedaço da Bolívia em São Paulo, oferecendo uma variedade de produtos típicos, comidas tradicionais e eventos culturais que celebram a herança boliviana.[11] A feira é um espaço onde a cultura boliviana é vivida intensamente, proporcionando aos visitantes uma experiência autêntica. O bairro vem sofrendo uma mudança cultural pela presença de imigrantes vindos de vários países da América do Sul, África e outros.[11] Sua população vem mudando dos tradicionais portugueses, italianos e árabes.[9]
Nos últimos anos, o estádio e o clube da Portuguesa enfrentaram desafios financeiros, mas continuam a ser um ponto de referência cultural e esportivo.[10] A comunidade local e os torcedores da Portuguesa mantêm um forte vínculo com o estádio, que é visto como um refúgio e um símbolo de identidade para muitos.[20]