Brasileiras e Brasileiros é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT entre 5 de novembro de 1990 e 14 de maio de 1991, em 168 capítulos, substituindo a reprise de Meus Filhos, Minha Vida e sendo substituída pela mexicana Carrossel.[1] Escrita por Carlos Alberto Soffredini, com colaboração de Cláudia Dalla Verde, Perito Monteiro e Tacus Azevedo, sob direção de Antonino Seabra, Carlos Nascimbeni e Roberto VVignati e direção geral de Walter Avancini.[2]
Após um intervalo de quatro anos desde o fim de Uma Esperança no Ar (1985), o SBT decidiu voltar a fazer novelas e contratou a Art Vídeo Produções para produzir Cortina de Vidro, primeira obra de Walcyr Carrasco, de forma econômica e sem muitos gastos, a qual terminou como um grande fracasso.[3] Descontente com o resultado, Sílvio Santos concluiu que, para conseguir um bom desempenho de audiência e faturamento, precisava investir: importou equipamentos dos Estados Unidos, ofereceu um salário milionário para tirar atores renomados da TV Globo como Lucélia Santos, Ney Latorraca e Fúlvio Stefanini e contratou o dramaturgo Carlos Alberto Soffredini para escrever a nova novela.[4] Foram gastos 4 milhões de dólares antes mesmo da novela entrar no ar em meio a maior crise economia brasileira durante o Plano Collor.[5]
A proposta de Soffredini era inovadora para a época: centrar a trama na periferia de São Paulo, sem glamourizar ou minimizar a pobreza e a violência urbana.[6] O título foi inspirado no bordão do ex-presidente do BrasilJosé Sarney, que sempre iniciava seus discursos com "Brasileiras e brasileiros...".[7] A novela, porém, perdeu metade da audiência após duas semanas no ar e uma pesquisa revelou que o público achava a história lenta e cheia de desgraças, fato que levou o SBT a afastar Soffredini de sua própria novela em 29 de novembro de 1990.[8]Walter Avancini assumiu temporariamente, condensado vários capítulos gravados em um para acelerar a história, além de tirar o foco dos dramas da periferias e colocar na diferença de classe do romance entre Paula e Totó.[9][10][11][12]
A audiência continuou sem responder, o que afugentou anunciantes e, unido aos gastos exorbitantes que a novela gerava pelo alto custo de produção e salários milionários do elenco, colocou o SBT inteiro em uma grave crise financeira que quase o levou a falência, uma vez que a emissora fechou o primeiro trimestre de 1991 com 25% a menos de faturamento.[5] Como consequência o núcleo de dramaturgia foi desativado, todo o elenco dispensado, 150 profissionais demitidos e as futuras novelas anunciadas As Mulheres da Minha Vida, João Tenório e Anita Garibaldi foram canceladas.[5] A emissora conseguiu sair da crise após colocar no ar a mexicana Carrossel no lugar de Brasileiras e Brasileiros – que elevou a audiência de 5 para 25 pontos, atraindo anunciantes – e a criação da Tele Sena, que se tornou patrocinadora oficial dos produtos da emissora.[5]
Exibição
A produção entrou no ar às 18h, mas a baixa audiência fez com que fosse mudada para às 20h a partir de 7 de janeiro de 1991.[13][14][15][16]
Enredo
Numa periferia de São Paulo, o ex-lutador Ângelo (Fúlvio Stefanini) e o mecânico pobretão Totó (Edson Celulari) decidem fundar uma equipe feminina de luta livre, a Duras na Queda, onde convocam mulheres comuns do bairro como Clarisse (Rosi Campos), Edilaine (Zezeh Barbosa) e Vanusa (Eliana Fonseca) para aprenderem o esporte na esperança de ganharem algum dinheiro em torneios para todos terem uma vida melhor. Quem os ajuda é a jornalista Catarina (Carla Camurati), que passa a viver um romance com Totó, estremecido quando ele conhece Paula (Lucélia Santos), uma arquiteta do Morumbi e dona do prédio onde a equipe treina, se encantando pelo bom coração do mecânico.
Ela é filha de Ramiro (Rubens de Falco) e Mirone (Irene Ravache), dois bon vivant de família tradicionalista que estão falidos devido a apostas em cavalos, vendo a oportunidade de tirar o pé da lama armando um esquema ilegal de apostas na luta livre. O maior empecilho para Totó e Ângelo é Brás (Ney Latorraca), um malandro que vive de golpes e decide fundar uma equipe de luta feminina rival, formada por Teresa (Isadora Ribeiro), Alma (Alexandra Marzo) e Arlete (Márcia Dornelles). Além disso, há Plínio (Antonio Calloni), líder da associação comercial que quer a academia fora do bairro, e o conservador Coriolano (Laerte Morrone), que considera a luta feminina imprópria.
O primeiro capítulo de Brasileiras e Brasileiros marcou 14 pontos com picos de 17, o melhor resultado de uma estreia na emissora até então, garantindo a vice-liderança, atrás da TV Globo com 34.[17] No entanto no final do primeiro mês a novela já marcava apenas 6 pontos.[18][19] A produção chegou a registrar 2 pontos em algumas ocasiões.[1] Teve média geral de 5.11 pontos, menos que a antecessora Cortina de Vidro, que já era considerada um fracasso.[20]