O território do atual município começou a ser desbravado no século XVIII, com a chegada de exploradores à procura de ouro. Em 1903, foi inaugurada a estação ferroviária da localidade, que veio a se emancipar de Cachoeiro de Itapemirim em 1963, instalando-se em 1964. Seu nome é uma homenagem ao político e jurista capixaba Attilio Vivacqua. As principais fontes de renda são a indústria e a prestação de serviços, mas com participação significativa da agropecuária, em especial da cafeicultura e da bovinocultura.
Atílio Vivácqua possui uma série de atrativos naturais que são destinos de visitantes, como cachoeiras, montanhas e trilhas. Em sua paisagem natural há de se destacar o relevo acidentado, no qual se sobressaem as formações montanhosas. Além disso, o município está situado na área de abrangência do Monumento Natural de Serra das Torres, que se trata do maior conjunto de florestas de Mata Atlântica do sul do Espírito Santo.
História
As primeiras intrusões de exploradores na área onde está situado o atual município de Atílio Vivácqua aconteceram no século XVIII, quando forasteiros estavam à procura de minas de ouro.[11] Posteriormente se formou um povoamento, que passou a ser atendido pela Estrada de Ferro Leopoldina no começo do século XX,[12] altura em que a localidade era denominada "São Gabriel do Muqui".[3] A estação ferroviária foi inaugurada em 1903, então chamada de "Estação de São Felipe".[12][13]
Pela lei nº 933, de 6 de dezembro de 1913, São Gabriel do Muqui passou a se chamar "São Felipe",[3] mesmo nome da estação ferroviária.[12] Contudo, pelo decreto-lei estadual nº 15.177, de 31 de dezembro de 1943, a localidade foi rebatizada de "Marapé",[3] denominação que também foi incorporada pela estação na mesma década.[12] A essa altura o povoamento figurava como distrito pertencente a Cachoeiro de Itapemirim, do qual veio a se emancipar pelo decreto-lei estadual nº 1.916, de 30 de dezembro de 1963. Instalou-se com o nome de "Atílio Vivácqua" em 10 de abril de 1964,[3] data que é considerada o aniversário da cidade.[1]
O nome do município é uma homenagem ao político e jurista capixaba Attilio Vivacqua, natural de Muniz Freire. Foi jornalista, presidente da Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, deputado estadual, senador e presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), dentre diversos feitos e cargos ocupados em âmbito local e nacional.[1] A antiga estação ferroviária, por sua vez, passou a ser chamada de "Estação Atílio Vivácqua" na década de 1970 e esteve em operação para o transporte de passageiros até a década de 80.[12]
O relevo de Atílio Vivácqua é consideravelmente acidentado, principalmente no norte do município, onde estão situadas as serras de Santa Clara, Tijuca e Desengano. De sua área, 47% são de terras montanhosas, 45% onduladas e 3% planas.[18] Os afloramentos rochosos se sobressaem no território municipal,[19] sendo alguns dos mais conhecidos a Pedra do Moitãozinho, com 735 metros (m),[18] e a Pedra da Caveira, com 605 m.[20] A cidade faz parte do bacia hidrográfica do rio Itapemirim e o principal manancial que banha o município é o rio Muqui do Norte.[19]
O tipo de solo predominante é o latossolo vermelho-amarelo, presente em 64% da extensão territorial. Também são expressivos os solos podzólicos, encontrados em 20% das terras.[18] A vegetação nativa, pertencente ao bioma da Mata Atlântica,[1] foi consideravelmente suprimida para ceder espaço às atividades agropecuárias, principalmente a pecuária e a cafeicultura.[19] Dessa forma, a maior parte do território municipal é ocupada por pastagens, que abrangiam 59,7% da área em 2013. No mesmo ano, os remanescentes florestais correspondiam a 15,7% do território, as plantações de café 5,7%, as matas nativas em estágio de recuperação 3,7% e a macega 3,6%. A monocultura de eucalipto representa 1,1% do total, mas quase dobrou de tamanho de 2008 a 2013.[19]
Dentre as áreas de proteção ambiental, há de se destacar o Monumento Natural de Serra das Torres, que está situado entre Atílio Vivácqua, Mimoso do Sul e Muqui e foi criado em 2010. Além de resguardar um conjunto de afloramentos rochosos que integram a paisagem natural, trata-se do maior conjunto de florestas de Mata Atlântica do sul do Espírito Santo.[21] Em 2017, 26% das propriedades rurais contavam com florestas destinadas à preservação permanente ou reservas e mais de 1,59% possuíam florestas plantadas.[19]
Clima
O clima atiliense é caracterizado, segundo o IBGE, como tropical quente úmido[6] (tipo Aw segundo Köppen),[7][22] com diminuição de chuvas no inverno e temperatura média anual em torno dos 24 °C, tendo invernos amenos e verões chuvosos com temperaturas altas. O mês mais quente, fevereiro, tem temperatura média de 27 °C, enquanto que o mês mais frio, julho, possui média de 21 °C. Outono e primavera são estações de transição.[7] O índice pluviométrico anual é de aproximadamente 1 100 mm, sendo junho o mês mais seco e dezembro o mais chuvoso.[7]
Segundo dados da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), desde 1944, o maior acumulado de chuva registrado em 24 horas em Atílio Vivácqua foi de 160,4 mm no dia 9 de março de 1994. Outros grandes acumulados foram de 145,1 mm em 4 de fevereiro de 2005, 140,8 mm em 31 de julho de 1982 e 135,9 mm em 10 de dezembro de 2002.[23] De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Atílio Vivácqua é o 16º colocado no ranking de ocorrências de descargas elétricas no estado do Espírito Santo, com uma média anual de 2,4924 raios por quilômetro quadrado.[24]
Fonte: Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper): temperaturas e precipitação;[7] Climate-Data.org: umidade relativa[22]
Em 2010, a população do município foi contada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 9 850 habitantes. Segundo o censo daquele ano, 4 999 habitantes eram homens (50,75% do total) e 4 851 habitantes mulheres (49,25%). Ainda segundo o mesmo censo, 6 116 habitantes viviam na zona urbana (62,09%) e 3 734 na zona rural (37,91%).[26] Da população total em 2010, 2 256 habitantes (22,9%) tinham menos de 15 anos de idade, 6 793 habitantes (68,96%) tinham de 15 a 64 anos e 801 pessoas (8,13%) possuíam mais de 65 anos, sendo que a esperança de vida ao nascer era de 75,45 anos.[27]
Segundo o censo do IBGE de 2010, 10,5% das crianças de 10 a 13 anos trabalhavam no município, sendo 9,4% dos meninos dessa faixa etária e 11,8% das meninas. Na faixa entre 14 e 15 anos a porcentagem sobe para 17,8%.[28] No mesmo ano, a população atiliense era composta por 4 491 pardos (45,59% do total), 4 373 brancos (44,4%), 906 negros (9,2%), 74 amarelos (0,75%) e seis indígenas (0,06%).[29] Quanto às religiões, 6 214 são católicos (63,09%), 2 912 evangélicos (29,56%), 649 pessoas sem religião (6,59%) e os 0,76% restantes possuíam outras religiões além dessas ou não tinham religiosidade definida.[30] Segundo a divisão da Igreja Católica, o município é a sede da Paróquia Santo Antônio, que está subordinada à Diocese de Cachoeiro de Itapemirim.[31]
Economia
O Produto Interno Bruto (PIB) de Atílio Vivácqua tem seu rendimento concentrado nos setores secundário e terciário da macroeconomia,[10] mas com participação significativa da agropecuária.[32] De acordo com dados do IBGE, relativos a 2019, o PIB do município era de R$ 267 863,65 mil.[10] 45 045,69 mil eram de impostos sobre produtos líquidos de subsídios a preços correntes e o PIB per capita era de R$ 22 441,66.[10] Em 2010, 64,21% da população maior de 18 anos era economicamente ativa, enquanto que a taxa de desocupação era de 5,13%.[27]
A pecuária e a agricultura acrescentavam 10 834,59 mil reais na economia de Atílio Vivácqua em 2019,[10] o que se deve sobretudo à cafeicultura e à pecuária, que são as principais atividades do setor primário.[32] A cafeicultura, inclusive, corresponde a aproximadamente 70% da produção da lavoura permanente municipal. Outros cultivos permanentes que se sobressaem são a banana, a laranja, o limão e o palmito. Os cultivos temporários mais representativos, por sua vez, são o milho e o feijão, que possuem importância de modo especial para a agricultura de subsistência.[33] Com relação à pecuária, destaca-se a bovinocultura de leite e a suinocultura, mas também há participação da bovinocultura de corte.[34]
A indústria, por sua vez, acrescentava 60 002,23 mil reais do PIB municipal em 2019.[10] Esse setor é representado pela fabricação de produtos oriundos da produção agropecuária, como massas, biscoito, queijos e derivados do leite,[35] além de estabelecimentos de beneficiamento de granito e manipulação metalúrgica.[35] Ao mesmo tempo, 87 729,18 mil reais do PIB municipal eram do valor adicionado bruto do setor de serviços e 64 251,97 mil reais do valor adicionado da administração pública.[10] O fluxo comercial é expresso na presença de estabelecimentos de gêneros variados, como supermercados, farmácias, lojas de confecção, lojas de peças de motos e automóveis, escritórios e bares.[32]
A atividade comercial da cidade apresenta ligação direta com a produção agropecuária, haja vista o consumo interno e a comercialização com redes de supermercado e distribuidoras de cidades da mesma região, como em Cachoeiro de Itapemirim.[32][35] A presença de diversos atrativos rurais, como montanhas, trilhas e cachoeiras, também reforça a contribuição do turismo rural para a economia de Atílio Vivácqua.[35][36][37] Há de se destacar que o município é destino de praticantes de voos de parapente.[35][38][39]
Infraestrutura
Saúde e educação
A rede de saúde de Atílio Vivácqua inclui cinco unidades básicas de saúde e um hospital geral, segundo informações de 2018.[40] Em 2020, foram registrados 73 óbitos por morbidades, dentre os quais os tumores representaram a maior causa de mortes (20,54%), seguidos pelas doenças infecciosas e parasitárias (15,07%) e por causas externas (15,07%).[41] Ao mesmo tempo, foram registrados 152 nascidos vivos, sendo que o índice de mortalidade infantil no mesmo ano foi de 19,74 óbitos de crianças menores de um ano de idade a cada mil nascidos vivos.[42] Cabe ressaltar que 1,43% das meninas de 10 a 14 anos tiveram filhos em 2017, porcentagem que sobe para 14,29% entre as adolescentes de 15 a 17 anos.[27]
Em 2010, 93,36% das crianças com faixa etária entre cinco e seis anos estavam matriculadas na educação infantil, ao mesmo tempo que 92,59% da população de 11 a 13 anos cursavam as séries finais do ensino fundamental. Contudo, da população de 15 a 17 anos, 63,94% haviam finalizado o ensino fundamental, enquanto 49,47% dos residentes de 18 e 20 anos tinham terminado o ensino médio. Os habitantes tinham uma expectativa média de 9,66 anos de estudo, enquanto 13,28% das pessoas com 25 anos de idade ou mais eram analfabetas.[27] Dentre essa faixa etária, 39,78% tinham completado o ensino fundamental, 25,49% o ensino médio e 6,43% o ensino superior.[27] Já em 2021, havia 2 398 matrículas nas instituições de educação infantil e ensinos fundamental e médio da cidade.[43]
No ano de 2010, a cidade tinha 2 970 domicílios particulares permanentes. Desse total, 2 905 eram casas, 57 eram apartamentos e oito eram habitações em casa de cômodos ou cortiços. Do total de domicílios, 1 983 são imóveis próprios (1 959 já quitados e 24 em aquisição), 555 foram alugados, 412 foram cedidos (243 cedidos por empregador e 169 cedidos de outra forma) e 20 foram ocupados sob outra condição.[44] No mesmo ano, 2 964 domicílios (99,79% do total) possuíam abastecimento de energia elétrica; 2 948 (99,25% deles) possuíam banheiros para uso exclusivo das residências; e 1 766 (59,46) eram atendidos pelo serviço de coleta de lixo.[44]
Em 2010, 2 136 domicílios eram atendidos pela rede geral de abastecimento de água (71,91% do total), em 661 (22,26% deles) o abastecimento de água era feito por meio de poços e/ou nascentes na própria propriedade, em 170 (5,72%) por meio de poços e/ou nascentes de outras propriedades e os demais se abasteciam de outras formas.[44] Já em 2017, apenas 200 unidades residenciais possuíam serviço de coleta de esgoto de acordo com o IBGE,[45] mas a rede de captação e tratamento de águas residuais foi expandida posteriormente. Em 2022, foram iniciadas intervenções de modo a estender os serviços de coleta e tratamento de esgoto a pelo menos 90% da cidade.[46] O código de área (DDD) é 027[47] e o Código de Endereçamento Postal (CEP) vai de 29490-000 a 29499-999.[48] O serviço postal é atendido por uma agência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos funcionando na zona urbana.[49]
A frota municipal no ano de 2021 era de 6 293 veículos, sendo 2 569 automóveis, 2 164 motocicletas, 587 caminhonetes, 306 motonetas, 279 caminhões, 117 caminhonetas, 58 semirreboques, 56 caminhões-trator, 47 reboques, 47 utilitários, 32 ônibus, 20 micro-ônibus, quatro triciclos, três ciclomotores, três tratores de rodas e um classificado como outro tipo de veículo.[50] A principal rodovia que atende Atílio Vivácqua é a BR-101, que passa pelo território municipal. Outras rodovias que atendem a localidade são a ES-289 e ES-489,[51] das quais a ES-289 é a responsável por ligar a BR-101 à cidade.[52] Além dessas rodovias, existe uma malha de cerca de 300 km de estradas vicinais.[51]
O município se situa às margens de uma antiga ferrovia, a Linha do Litoral da Estrada de Ferro Leopoldina, que liga Vitória e Vila Velha ao estado do Rio de Janeiro. A antiga estação ferroviária da cidade, que foi inaugurada em 1903, possibilitava o transporte de pessoas até a década de 1980, quando o trem de passageiros deixou de operar.[12][13] Posteriormente, o prédio foi preservado pela administração municipal e utilizado como centro cultural, biblioteca e marco atrativo.[53]
↑ abInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). «Brasil - Climas». Biblioteca IBGE. Consultado em 11 de julho de 2022. Arquivado do original em 12 de outubro de 2013