As Mil e Uma Noites é um filmetríptico de 2015 do género dramaburlesco. Co-produzido internacionalmente (entre Portugal, França, Alemanha e Suíça), é realizado por Miguel Gomes a partir de um argumento de Gomes com Mariana Ricardo e Telmo Churro.[6] A longa-metragem é uma adaptação moderna da estrutura da colecção de histórias homónima, de modo a retratar os efeitos da crise financeira dos anos 2010 em Portugal.[7] É interpretada por um ensemble cast centrado na personagem de Xerazade (Crista Alfaiate) que, para permanecer viva, conta todas as noites ao Rei Shahriar uma história sobre o povo português.[8]
Os trabalhos do realizador, dos construtores navais e do exterminador de vespas
Minuto 1. Num País Europeu em crise, Portugal, um realizador propõe-se a construir ficções a partir da miserável realidade onde está inserido. Devido ao período de recessão, os trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo estão a ser demitidos. Milhares de famílias dependem daqueles postos de trabalho. Entretanto, pessoas que ganham a vida com a apicultura encontram outra ameaça ao seus empregos. Enxames inteiros estão a ser mortos por vespas asiáticas. Num esforço conjunto, bombeiros e um especialista tentam salvar as abelhas. Perante a estes dois relatos, o realizador sente-se incapaz de descobrir um sentido para o seu trabalho e foge covardemente, dando o seu lugar à bela Xerazade.[16]
A ilha das jovens virgens de Bagdad
Minuto 24. Com a cumplicidade da sua irmã Doniazade, Xerazade inicia um estratagema para tentar pôr fim à loucura sanguinária do Rei Schahriar que, atraiçoado pela sua primeira esposa, decidiu desposar todos os dias uma nova donzela que manda matar ao nascer do Sol. Sob o risco de perder a cabeça, Xerezade conta todas as noites ao Rei histórias que deixa suspensas para as continuar na noite seguinte, contrariando assim a jura deste em assassinar as suas mulheres após a noite de núpcias. Xerazade precisará de ânimo e coragem para não aborrecer o Rei com as suas tristes histórias. Caracteriza-as de histórias partidas da realidade de um desgraçado país em crise económica e ebulição social: Portugal, durante o período de um ano. O país vive sob os efeitos dessa crise originada por um programa de assistência financeira coordenado pela autodenominada "troika", orgazização constituída pelo Fundo Monetário Internacional, pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu.[17]
Como no livro, serão histórias trágicas e cómicas, com gente rica ou pobre, insignificantes ou poderosos, repletas de acontecimentos surpreendentes e extraordinários. Com o passar das noites, a inquietude dá lugar à desolação e a desolação ao encantamento. Por isso Xerazade organiza as histórias que conta ao Rei em três volumes. Começa assim: "Oh venturoso Rei, fui sabedora de que num triste país entre os países…"[18]
Os homens de pau feito
Minuto 29. Nesta caricatura, os chefes de Governo, incluindo o Primeiro-ministro de Portugal, negociam o futuro do país com vários outros capitalistas estrangeiros, quando um feiticeiro lhes oferece a cura para sua impotência coletiva. Todos a aceitam, mas depressa encontram o outro lado de uma perpétua excitação sexual.[19]
A história do galo e do fogo
Minuto 50. Num passado distante, um imperador chinês amaldiçoou Resende, desejando que ardesse em fogo para que ninguém mais lá pusesse os olhos. No presente, crianças interpretam um triângulo amoroso de adultos. Um galo incomoda a vizinhança por cantar de madrugada e acordar as pessoas mais cedo e por isso é levado a tribunal. Interrogado pelo juiz, o animal diz que o motivo da cantoria precoce é avisar a população em relação a uma tragédia fruto da antiga maldição.[20]
O banho dos magníficos
Minuto 81. Luís está preocupado se irá chover no 1º de janeiro de 2014. Ele é o organizador de uma celebração de Ano Novo de um banho no mar de inverno para afastar o mau olhado e atrair vibrações positivas. Enquanto preparam este evento, Luís e a sua amiga, Maria, recebem em casa um grupo de desempregados. Na praia, uma baleia encalhada e sua explosão repentina deixam uma sereia a lutar pela vida no areal.[21]
Volume 2: O desolado
Crónica de fuga de Simão "Sem Tripas"
Minuto 124. Simão "Sem Tripas" é um idoso procurado em todo país pelo homicídio da sua esposa e da sua filha. Apesar dos crimes cometidos, esquiva-se agilmente das forças policiais graças à ajuda de populares. Passa os dias em fuga, no interior do país. Quando é encontrado por três jovens nuas, Simão não tenta escapar.[22]
As lágrimas da juíza
Minuto 161. O conto inicia-se com a imagem de um pénis com manchas de sangue. Uma magistrada tenta julgar um caso aparentemente simples: endividados, os arrendatários de um imóvel roubaram os bens do senhorio e, este, inconformado, decidiu processá-los. Os réus conseguem imputar a culpa ao próprio proprietário. Por sua vez, o senhorio diz que seguiu o conselho de um génio. Sucessivamente, a responsabilidade vai sendo atribuída a outros. Neste círculo vicioso da injustiça social, surge uma vaca de papel, uma mulher surda, doze amantes chinesas e um detetor de mentiras em forma humana.[23]
Os donos de Dixie
Minuto 202. Glória achava que seu animal de estimação estava morto até Dixie, um cão idêntico, aparecer misteriosamente no condomínio onde habita. Um pouco por pena, decide entregar o animal ao cuidado do seu casal vizinho: Humberto e Luísa. Dixie é paciente e bastante amoroso, pelo que faz a alegria de outro casal, os desempregados Vasco e Vânia. De casa em casa, Dixie é uma alma feliz que traz consolo aos seus donos. No final, Dixie encontra seu fantasma do passado.[20]
Volume 3: O encantado
Xerazade
Minuto 256. Xerazade duvida que ainda consiga contar histórias que agradem ao Rei, dado que o que tem para contar pesa três mil toneladas. Por isso foge do palácio e percorre o Reino em busca de prazer e encantamento. O seu pai, o Grão Vizir, marca encontro com ela na roda gigante, e Xerazade retoma a narração: "Oh venturoso Rei, fui sabedora que em antigos bairros de lata de Lisboa, existia uma comunidade de homens enfeitiçados que, com rigor e paixão, se dedicava a ensinar pássaros a cantar…"[24]
O inebriante canto dos tentilhões
Minuto 297. Xerazade narrra a rotina de uma comunidade de passarinheiros que vivem num bairro perto do aeroporto, homens que têm como passatempo capturar tentilhões e participar de competições de canto. Uma atividade bastante difundida por todo o território de Portugal, com o passar dos anos, foi sofrendo com a ação indiscriminada do progresso. Algumas das áreas onde atuavam foram transformadas em zonas industriais.[25]
Floresta quente
Minuto 339. Lin Nuan, uma imigrante chinesa em terras lusitanas, narra a sua própria saga. Nuan encontra um policia português durante uma manifestação, torna-se sua amante, e depois de engravidar é abandonada e extraditada de regresso à China. Em pano de fundo, desenvolve-se uma manifestação junto da Assembleia da República onde se exigem melhores condições de trabalho.[20]
Neste momento da narração, Xerazade viu despontar a manhã e, discretamente, calou-se.[26]
As Mil e Uma Noites é uma co-produção internacional entre Portugal, França, Alemanha e Suíça, liderada pela produtora O Som e a Fúria (produção executiva de Luís Urbano e Sandro Aguilar).[32] O orçamento do filme, de cerca de 2,7 milhões de euros, foi garantido em mais de 80% por Portugal (cerca 1,240 milhões de euros) e França (1,135 milhões), sendo a participação alemã de cerca de 394 mil euros. Em outubro de 2013, o Conselho de Administração do Fundo Eurimages do Conselho da Europa incluiu a longa metragem na sua lista de 20 projetos para apoio financeiro.[33]
Desenvolvimento
O modelo de produção de As Mil e Uma Noites propunha fazer um filme com os acontecimentos que decorreram em Portugal durante um período de 12 meses.[34] O calendário de produção desta longa-metragem iniciou-se a agosto de 2013 e terminou a julho de 2014. Durante este período, pesquisa, escrita do argumento e rodagem decorreram em simultâneo.[35] O projeto apresentou uma componente inédita no cinema português, uma vez que a produtora O Som e a Fúria criou um site para o qual trabalhavam três jornalistas e um ilustrador. A sua função era investigar e recolher notícias e histórias do quotidiano da crise vividas pelos portugueses. Semanalmente, a jornalista Maria José Oliveira apresentava as principais notícias da semana aos argumentistas e produtor, que fariam escolhas de histórias para matéria do argumento, ou pedidos aos jornalistas para continuar a investigar sobre um evento específico.[36] Gomes descreveu o processo do seguinte modo: "Usámos um material noticioso e não tínhamos um argumento formal, fechado. Filmámos a partir de um processo contínuo de investigação, vivo, invertendo os modelos industriais do cinema, fazendo algo que só há no topo da cadeia do audiovisual".[37] Uma vez que não havia um argumento fechado, a decisão de compor três filmes (Volume 1: O inquieto de 125 minutos; Volume 2:O desolado de 131 minutos; e Volume 3:O encantado de 125 minutos) foi tomada apenas no final das filmagens, no processo de montagem.[38] A edição e pós-produção do filme decorreu até fevereiro de 2015.
Rodagem
De acordo com as notas de produção de Miguel Gomes, uma das primeiras histórias a ser gravada foi Floresta quente: "É o seu primeiro dia de rodagem (do cinematógrafo Sayombhu Mukdeeprom) e estamos rodeados de milhares de polícias frente à Assembleia da República. Os polícias que se manifestam conseguem romper o cordão de segurança dos seus colegas de serviço e começam a subir a escadaria da Assembleia. Nenhuma manifestação passada em Lisboa chegou a este ponto. As imagens que filmamos parecem as de uma revolução. Mas não são. Sayombhu parece estar divertido".[38]O banho dos magníficos foi rodado em janeiro de 2014, com cenas na Praia da Barra (Ílhavo) que recebeu uma réplica em esferovite de uma baleia, com mais de dez metros de comprimento.[35] Enquanto a maior parte das histórias foi gravada no período de uma semana, O inebriante canto dos tentilhões estendeu-se durante grande parte da produção. Uma vez que Gomes pretendia acompanhar a rotina e o desenvolvimento das competições entre passarinheiros, visitava o bairro lisboeta onde habitavam para os filmar com uma regularidade semanal.
Temas e estilo
O que os autores pretendiam com esta adaptação de As Mil e Uma Noites era concretizar, em simultâneo, uma evocação do espírito burlesco ficcional de As mil e uma noites (nomeadamente, através da utilização da estrutura desta compilação de contos) e traçar um retrato de Portugal num momento em que o país estava mais sujeito aos efeitos sociais despoletados pelo programa de assistência financeira da Troika.[26] Neste sentido, comentadores da obra escreveram que Miguel Gomes, enquanto realizador, é tão refém da realidade dolorosa do seu país, quanto Xerazade é refém do seu Rei.[39]
Os contos incluídos na obra cinematográfica mesclam elementos da realidade da crise económica, a ficção cómica, o drama social, o documentário antropológico, o comentário político e o fantástico.[38] Acerca da sua abordagem a este projeto, Gomes diz que "a presença de humor livra o espetador de ser submetido às chantagens emocionais do drama. É importante haver no cinema um olhar que não traia o público nem os personagens por assumir certa superioridade e distanciamento".[37] Exemplo dessa interligação de estilos é o segmento Os homens de pau feito. O que inicialmente parece uma recriação séria de uma reunião da Troika, transforma-se gradualmente num conto absurdo, culminando com elementos de folclore árabe quando um mago cura magicamente a impotência dos líderes mundiais.[40]
Este episódio sugere também o interesse contínuo de Gomes em questões de pós-colonialismo, explorados na sua anterior longa-metragem, Tabu. Nesta progressão dos temas da sua filmografia, denota-se que contos como O banho dos magníficos e O inebriante canto dos tentilhões são os que mais claramente remontam ao uso de elementos do género de documentário, tal como Gomes utilizou em Aquele querido mês de agosto.[41] Também a sua primeira longa-metragem, A cara que mereces, é um filme dividido em partes, com mudança de perspetiva.
O segmento mais abertamente político de toda a trilogia é As lágrimas da juíza. Este tribunal representado funciona como um microuniverso da sociedade, no qual se interrelacionam vários atores sociais, tendo como ponto de convergência o Estado. De facto, o absurdo da trama surge por a juíza, ao tentar descobrir as causas de um único ato criminoso, se ver envolvida num pântano de causas interligadas que abarcam todos os presentes no julgamento. Tal conto sugere que um comportamento criminoso não pode ser entendido numa avaliação estéril caso a caso. Pelo contrário, todo o sistema de uma sociedade deve ser considerado.[42]
Os diversos contos de As Mil e Uma Noites são rodados em diferentes cenários e com diferentes atores, que a câmara de Gomes regista com curiosidade. É mostrado um Portugal de múltiplas territorialidades, de distintas formas de ocupação dos espaços: os condomínios populares nos centros urbanos; as aldeias já quase inabitadas; as cidades do interior; a beira-mar e as praias; bosques e montanhas. Os planos do realizador mostram a sua intenção de mostrar e escutar os intervenientes e o que os envolve. Tal denota-se por os travellings de acompanhamento de Simão "Sem Tripas" ao longo da sua fuga entre rochas serem os mesmos do acompanhamento de Vasco e Vânia pelos muros graffitados do subúrbio onde habitam.[43]
A estreia comercial dos filmes decorreu inicialmente em França. Volume 1: O inquieto foi lançado a 24 de junho, Volume 2:O desolado a 29 de julho e Volume 3:O encantado a 26 de agosto de 2015.[46] Em Portugal, distribuído pela O Som e a Fúria, Volume 1: O inquieto chegou às salas comerciais a 27 de agosto de 2015. A propósito da estreia e do primeiro Aniversário do Cinema Ideal, em Lisboa, os restantes volumes da trilogia foram exibidos, numa sessão com a apresentação do próprio realizador.[47]Volume 2:O desolado estreou comercialmente a 24 de setembro e Volume 3:O encantado a 1 de outubro de 2015.[48] No Brasil, o primeiro volume foi exibido a 12 de novembro,[12] o segundo a 3 de dezembro[13] e o terceiro a 17 de dezembro de 2015.[14][49]
As Mil e Uma Noites foi exibido comercialmente também na Bélgica, Polónia, Holanda, Reino Unido e Espanha. Em Itália, foi lançado a partir de dia 18 de março de 2016, estando a distribuição a cargo da Milano Film Network.[50]
Os três volumes As Mil e Uma Noites foram editados em DVD pela Cinema Português, com lançamento em dezembro de 2015.[51]
Em Portugal, da trilogia As Mil e Uma Noites,Volume 1: O inquieto foi o filme com mais espetadores (18.864), o que fez deste o quarto filme português mais visto de 2015. O volume totalizou uma receita bruta de 95.199,21€. No conjunto dos seus volumes, a obra contou com cerca de 32 mil pagantes no país.[60]
Crítica
As Mil e Uma Noites recebeu, de forma geral, comentários positivos pela crítica especializada. No agregador de críticas Rotten Tomatoes, Volume 1: O inquieto mantém um rating de aprovação de 97%, baseado em 34 críticas, com um rating médio de 8.00/10. No consenso da crítica no website lê-se: "O toque vibrante de Miguel Gomes em As Mil e Uma Noites gira em torno de uma miríade de fios que se fundem numa colorida ode a Portugal".[61]Volume 2:O desolado regista um rating de aprovação de 100%, baseado em 16 críticas, com um rating médio de 8.10/10.[62] Por último, Volume 3:O encantado mantém um rating de aprovação de 88%, baseado em 24 críticas, com um rating médio de 7.10/10.[63] Num outro agregador, Metacritic, que atribui uma classificação até 100 a partir das publicações de críticos de cinema convencionais, Volume 1: O inquieto[64] e Volume 3:O encantado[65] receberam uma pontuação de 80, com base em 10 críticos, indicando "avaliações geralmente favoráveis". Volume 2:O desolado recebeu uma pontuação de 81, com base em 9 críticos, sugerindo "aclamação universal".[66]
Boyd van Hoeij do The Hollywood Reporter apelidou a primeira parte de As Mil e Uma Noites uma "colagem frequentemente fascinante de histórias"[67] e a segunda parte "uma obra apropriadamente marcante, dramática e até alegre que, no entanto, faria pouco sentido por si só".[68] Nos seus textos, o crítico comenta como a obra é um testamento do poder das histórias para entreter e fazer esquecer preocupações, seja por as cristalizar ou trazê-las para um público maior[41] e que essa "é sem dúvida a maior conquista de Gomes".[42] Richard Brody, do The New Yorker, considerou As Mil e Uma Noites um "tríptico apaixonadamente investigativo e floridamente imaginativo" e, em particular, o seu primeiro volume "uma explosão barulhenta e contundente, compassiva e urgente". Brody conclui que "Com uma mistura de tradição local e fúria partidária, artifício teatral e investigação jornalística, Gomes reinventa sozinho o cinema político."[69] Lea Bianchini (O Cafezinho) comenta que apesar de o tema da crise económica ser pesado para uma trilogia, o realizador "consegue dar leveza à história utilizando elementos como o surrealismo e o humor sarcástico".[70]
Em Portugal, o filme foi igualmente elogiado pela crítica. Na sua crítica, Carlos Natálio (À pala de Walsh) valoriza a metodologia do filme de partir de factos jornalísticos para ir de encontro com o real, concluindo: "a heterogeneidade é todo o reino e todo o método do cinema de Miguel Gomes".[43] Jorge Mourinha (Público) escreve que o tríptico de Miguel Gomes "é um statement artístico maior do que a mera soma das suas partes", ainda que considere Volume 1: O inquieto, "o volume que melhor resulta isoladamente, funcionando ao mesmo tempo como apresentação do projecto, exemplificação da concretização e síntese da abordagem".[71] Opinião também partilhada pelo crítico Hugo Gomes (C7nema) que escreveu sobre os seus três capitúlos de forma isolada, salientando o Volume 1 como o melhor e não poupado elogios à presença de Miguel Gomes na cinematografia portuguesa, "terminado o primeiro filme da mais promissora trilogia portuguesa do momento, O Inquieto é uma confirmação do que já havia sido afirmado: Miguel Gomes é a cabeça de uma nova vaga Portuguesa.[72]".
Vários críticos elegeram As lágrimas da juíza o melhor segmento da obra, como Luiz Carlos Merten (O Estado de S. Paulo)[73] e Luiz Santiago (Plano Crítico).[74] Sobre o conto, Francisco Russo (Adoro Cinema) destaca a "surpreendente sucessão de eventos, todos encadeados e tendo como motivação maior o empobrecimento da população, encanta não apenas pelas risadas provocadas mas também pela própria criatividade do texto, sem limites rumo ao absurdo."[75] Membros da equipa do filme (como o ator Adriano Luz) também destacam este conto, sendo que o próprio realizador o considera "o coração d'As Mil e Uma Noites".[76]
Premiações
Entre outros motivos, devido ao consenso quanto à qualidade de As lágrimas da juíza, Mil e Uma Noites, Volume 2: O desolado foi o filme escolhido pela Academia Portuguesa das Artes e Ciências Cinematográficas como candidato de Portugal à nomeação para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro na 88ª edição dos Óscares,[77][78] embora não tenha constado da lista dos nove filmes semi-finalistas ao galardão.[79] Ainda assim, o mesmo volume volume foi submetido e nomeados para Melhor Filme Iberoamericano, dos Prémio Goya.[80]
Mil e Uma Noites, Sandro Aguilar, Luís Urbano e Thomas Ordonneau
Indicado
Melhor argumento
Telmo Churro, Miguel Gomes e Mariana Ricardo
Indicado
Melhor atriz
Joana de Verona
Venceu
Melhor ator
Gonçalo Waddington
Indicado
Prémios Cinema Eye Honors
Prémio Heterodox
Miguel Gomes
Indicado
Prémios CinEuphoria
Competição nacional: Melhor filme
Mil e Uma Noites, Sandro Aguilar, Luís Urbano e Thomas Ordonneau
Venceu
Competição nacional: Melhor realizador
Miguel Gomes
Venceu
Competição nacional: Top 10 do ano
Mil e Uma Noites, Sandro Aguilar, Luís Urbano e Thomas Ordonneau
Venceu
Prémio do público: Top 10 do ano
Mil e Uma Noites, Sandro Aguilar, Luís Urbano e Thomas Ordonneau
Venceu
Competição nacional: Melhor argumento
Telmo Churro, Miguel Gomes e Mariana Ricardo
Indicado
Competição nacional: Melhor edição
Miguel Gomes, Telmo Churro e Pedro Filipe Marques
Venceu
Competição nacional: Melhor cinematografia
Sayombhu Mukdeeprom
Indicado
Competição nacional: Melhores efeitos especiais (Som ou visual)
Miguel Martins e Vasco Pimentel
Indicado
Competição nacional: Melhor guarda roupa
Lucha d'Orey e Silvia Grabowski
Indicado
Competição nacional: Melhor elenco
Crista Alfaiate, et al
Indicado
Competição nacional: Melhor ator secundário
Adriano Luz
Indicado
Competição nacional: Melhor ator secundário
Rogério Samora
Indicado
Competição nacional: Melhor trailer
Mil e Uma Noites
Venceu
Competição nacional: Melhor poster
Mil e Uma Noites
Indicado
Prémios International Cinephile Society
Melhor filme
Mil e Uma Noites, Sandro Aguilar, Luís Urbano e Thomas Ordonneau
10º lugar
Melhor filme em língua não-inglesa
Mil e Uma Noites, Sandro Aguilar, Luís Urbano e Thomas Ordonneau
4º lugar
Prémios Sophia da Academia de Cinema Portuguesa
Melhor filme
Mil e Uma Noites, Volume 2: O desolado, Sandro Aguilar, Luís Urbano e Thomas Ordonneau
Indicado
Melhor realizador
Miguel Gomes
Indicado
Melhor ator
Adriano Luz
Indicado
Melhor guarda roupa
Lucha d'Orey e Silvia Grabowski
Indicado
Prémios Áquila
Melhor ator secundário
Carloto Cotta
Indicado
Fundação Screen Actors GDA
Performance num papel principal
Luísa Cruz
Venceu
Prémios Platino do Cinema Iberoamericano
Melhor direção de arte
Bruno Duarte e Artur Pinheiro
Indicado
Outros media
Website As 1001 noites
A produtora O Som e a Fúria manteve ao longo de 12 meses um website para o qual três jornalistas publicavam textos acerca das diferentes dimensões da atualidade nacional, para que servissem de base a histórias de Xerazade. A responsabilidade editorial coube à jornalista Maria José Oliveira.[83]
As Mil e Uma Noites: Substância, Estrutura e Estilo
Esta é uma curta-metragemdocumental de 2015, realizada por José Paulo Silva Alcobia e produzida pela RTP. Em Substância, Estrutura e Estilo membros da equipa técnica e artística de As Mil e Uma Noites descrevem o processo e seu envolvimento na realização do filme.[84]