Desempenhou frequentemente as funções de legado papal e de enviado especial do Papa. Entre 1991 e 2006, Sodano foi Cardeal Secretário de Estado da Cúria Romana e, de 2005 a 2019, Cardeal Decano. Como cardeal decano, convocou o conclave de 2013.
Está envolvido em vários casos de proteção e encobrimento de clérigos perpetradores de abusos sexuais.[1][2]
Foi ordenado sacerdote, em 23 de setembro de 1950, em Asti. Trabalhou pastoralmente na diocese de Asti e foi membro da faculdade de seu seminário, de 1950 a 1959. Sucessivamente, de 1959 a 1968, continuou seus estudos em Roma; foi secretário das nunciaturas no Equador, Uruguai e Chile. Nomeado camareiro secreto supernumerário, em 15 de junho de 1962. Nomeado capelão de Sua Santidade, em 21 de junho de 1963. Foi Oficial no Conselho para os Assuntos Públicos da Igreja, de 1968 a 1977.
Episcopado
Foi nomeado arcebispo-titular de Nova Caesaris e em 30 de novembro de 1977, foi nomeado núncio apostólico no Chile, onde permaneceu dez anos até Maio de 1988, em plena ditadura de Pinochet, que apoiou e tinha "em alta estima".[4][5]
Foi ordenado bispo, em 15 de janeiro de 1978, em Asti, pelo Cardeal Antonio Samorè. Foi nomeado secretário do Conselho para os Assuntos Públicos da Igreja, em 23 de maio de 1988; depois da reorganização da Cúria Romana, secretário da seção para as relações com os Estados, na Secretaria de Estado, em 1 de março de 1989. Presidente da Pontifícia Comissão para a Rússia. Representante da Santa Sé nas reuniões de ministros de assuntos exteriores da Conferência Européia de Segurança e Cooperação, celebradas em Viena, Copenhague, Nova Iorque e Paris. Nomeado pró-secretário de estado, em 1 de dezembro de 1990.
Assistiu a II Assembleia Especial para a Europa do Sínodo dos Bispos, no Vaticano, de 1 de outubro a 23 de outubro de 1999. Legado pontifício à cerimônia de reabertura ao culto da Basílica Superior de São Francisco de Assis, e a consagração do novo altar papal, Assis, Itália, em 28 de novembro de 1999; à dedicação da Igreja da Imaculada Conceição de Maria, Moscou, Rússia, em 12 de dezembro de 1999. Legado pontifício às celebrações pelo milênio da arquidiocese de Gniezno, na Polônia, celebradas nessa cidade em 12 de março do 2000; às celebrações do V centenário da Evangelização do Brasil, Porto Seguro, em 26 de abril do 2000. Em 13 de maio de 2000, a pedido de João Paulo II, revelou ao mundo a terceira parte do Segredo de Fátima.[6]
No dia 18 de setembro de 2012 foi nomeado pelo Papa Bento XVI como Padre Sinodal da 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizado no Vaticano de 7 a 28 de outubro de 2012.[7]
O cardeal Sodano morreu de COVID-19 em 27 de maio de 2022 aos 94 anos.[8]
Casos de abusos sexuais
O ex-ministro irlandês das Relações Exteriores Dermot Ahern afirmou em 2018 que Sodano o pressionou em 2004 para "indemnizar a Igreja Católica contra ações legais de indemnização por sobreviventes de abuso sexual infantil clerical" na Irlanda, o que Ahern recusou.[9]
Em 21 de dezembro de 2019, a Legião de Cristo identificou 33 dos seus sacerdotes e 71 dos seus seminaristas como tendo abusado sexualmente de 175 crianças durante décadas, e apontou Sodano como o líder dos esforços para encobrir as denúncias de abusos quando era Secretário de Estado.[2][10] Sodano foi acusado de procurar um acordo para "enterrar" documentos que detalhavam os abusos.[10] Um terço dos casos de abusos sexuais que Sodano foi acusado de encobrir envolviam o fundador da Legião de Cristo e notório predador Marcial Maciel. [2] No mesmo dia, o Papa Francisco aceitou a demissão de Sodano como Decano do Colégio dos Cardeais. [11] O anúncio da sua demissão feito pela Sala de Imprensa da Santa Sé não forneceu qualquer motivo para a mesma. [12]
No seu discurso como Decano do Colégio dos Cardeais ao Papa Bento XVI na Páscoa de 2010, Sodano disse-lhe: "O povo de Deus está convosco e não se deixa impressionar pelos pequenos mexericos do momento, pelas provações que por vezes assaltam a comunidade dos crentes". As vítimas de abusos sexuais cometidos por clérigos interpretaram a observação como uma referência altamente inapropriada às suas queixas.[13][14]
Em 8 de maio de 2010, a agência noticiosa católica austríaca Kathpress publicou observações feitas pelo Cardeal Christoph Schönborn, no que era suposto ser uma conversa privada com editores de jornais. O cardeal austríaco criticou o comentário de Sodano sobre "mexericos" e indicou que Sodano tinha bloqueado as acções do então Cardeal Ratzinger, que estava a exercer o cargo de chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, e que tencionava investigar acusações contra o antecessor de Schönborn, o Cardeal Hans Hermann Groër. Schönborn acrescentou: "Os dias de encobrimento acabaram. Durante muito tempo, o princípio do perdão da Igreja foi falsamente interpretado e favoreceu os responsáveis e não as vítimas".[15][16]
Sodano é um dos muitos bispos e cardeais católicos que são acusados, numa carta de agosto de 2018, pelo antigo núncio apostólico nos Estados Unidos, o arcebispo Carlo Maria Viganò, de não terem agido perante as denúncias de má conduta sexual do cardeal Theodore McCarrick. De acordo com Viganò, os seus antecessores no cargo de núncio tentaram avisar a Santa Sé sobre McCarrick, mas McCarrick foi protegido por uma série de secretários de Estado, incluindo Sodano.[17][18]