Alvaiade

 Nota: Este artigo é sobre o sal de chumbo. Para o compositor brasileiro, veja Alvaiade (compositor).
Alvaiade
Alerta sobre risco à saúde
Outros nomes Carbonato básico de chumbo
Identificadores
Número CAS 1319-46-6
Propriedades
Fórmula molecular 2PbCO3·Pb(OH)2
Massa molar 775,633 g/mol
Aparência Pó branco
Riscos associados
Principais riscos
associados
Envenenamento por chumbo
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.
Pigmentos utilizados no navio de guerra Vasa, com o alvaiade sendo o segundo, da esquerda para a direita, na prateleira inferior.

Alvaiade é o carbonato básico de chumbo [2PbCO3·Pb(OH)2],[1] um sal complexo que contém tanto íons de hidróxido quanto de carbonato. O alvaiade existe naturalmente como um mineral, nesse caso sendo conhecido como hidrocerusita,[1] um hidrato de cerusita. Por causa de sua opacidade e textura suave quando misturado com óleos secantes, antigamente era usado como ingrediente para tinta à base de chumbo e para um cosmético chamado ceruse veneziano. No entanto, era comum que provocasse envenenamento por chumbo, com seu uso sendo então proibido na maioria dos países.[2]

História

O que é comumente conhecido hoje como o "método holandês" para a preparação de alvaiade já havia sido descrito por Teofrasto de Eresos[3] (ca. 300 a.C.) em seu breve trabalho sobre rochas ou minerais: Sobre as Pedras. As orientações para o preparação foram repetidas ao longo da história por muitos autores de química e alquimia. Sugerir-se-ia que o alvaiade poderia ser usado como medicação e pigmento.[4]

Clifford Dyer Holley cita Sobre as Pedras, de Teofrasto,[5] em seu livro Os Pigmentos de Chumbo e Zinco (The Lead and Zinc Pigments):

O chumbo é colocado em vasos de barro com vinagre concentrado; depois de ter adquirido uma espessura semelhante à de ferrugem, o que normalmente ocorre em cerca de dez dias, o vaso é aberto e então raspado. Em seguida, o chumbo é misturado novamente com vinagre, repetindo-se novamente o método de raspagem até que ele tenha sido completamente dissolvido. O que havia sido raspado é então batido em pó e fervido por um longo tempo, e o que restar no fundo do vaso é o alvaiade.[6]

Descrições posteriores do método holandês envolviam moldar chumbo metálico na forma de fivelas finas, as quais seriam então corroídas com ácido acético na presença de dióxido de carbono (CO2). Isso era feito colocando-as sobre panelas com um pouco de vinagre (que contém ácido acético). Elas eram então empilhadas e cobertas com uma mistura em decomposição de esterco e súber, que forneciam o CO2, e deixadas assim por seis a quatorze semanas, tempo suficiente para que o chumbo cinza-azulado tivesse sido corroído em alvaiade. As panelas, em seguida, eram levadas para uma mesa de separação, onde se raspava o alvaiade das fivelas. O pó era secado e embalado para expedição ou convertido em uma pasta.[7]

Tintas

O alvaiade foi o principal pigmento branco nas pinturas a óleo clássicas da Europa.[8] No entanto, seu uso artístico foi suplantado pelo branco de titânio, que tem maior poder de tingimento que o alvaiade.[9] Críticos argumentam que muitos desses substitutos são menos permanentes.[10] O alvaiade é menos usado atualmente por pintores; não diretamente por causa de sua toxicidade, mas simplesmente porque a sua toxicidade em outros contextos levou a restrições comerciais que dificultam sua obtenção por artistas em quantidades suficientes. Em 2014, Winsor & Newton, uma companhia de tintas inglesa, recebeu uma restrição na venda de alvaiade em tubos, sendo permitida apenas a venda em latas de 150 mL.[11]

No século XVIII, tintas à base de alvaiade eram usadas rotineiramente para repintar os cascos e pisos dos navios da Marinha Real Britânica, para impermeabilizar a madeira e para limitar a infestação de teredo.[12]

Referências

  1. a b Inorganic Chemistry,Egon Wiberg, Arnold Frederick Holleman Elsevier 2001 ISBN 0-12-352651-5
  2. Hernberg, S. Lead Poisoning in a Historical Perspective, American Journal of Industrial Medicine 38:244-254 (2000)
  3. J. R. Partington, A Short History of Chemistry (1937)
  4. Stillman, John Maxson (1924). The Story of Early Chemistry. [S.l.]: D. Appleton. pp. 19–20 
  5. Theophrastus, History of Stones, p.223
  6. Holley, Clifford Dyer (1909). The Lead and Zinc Pigments. [S.l.]: John Wiley & Sons. p. 2 
  7. Lead411.org Arquivado em 3 de abril de 2008, no Wayback Machine. based on Warren, Christian. 'Toxic Purity: The progressive era origins of America’s lead paint poisoning epidemic'. Business History Review. Winter 1999, Vol. 73(4)
  8. «Stack Process White Lead (Old Dutch Method)». Consultado em 24 de fevereiro de 2018. Arquivado do original em 30 de junho de 2009  Commercial supplier, offering original pigments to the conservation and reproduction markets
  9. Laver, M. Titanium Dioxide Whites, in Fitzhugh, E.W. (Ed), Artists' Pigments, Vol 3, Oxford university Press, 1997, p. 309
  10. «Zinc White Problems in Oil Paint». Consultado em 24 de fevereiro de 2018. Arquivado do original em 6 de fevereiro de 2011  The Smithsonian's Museum Conservation Institute exposes long-term problems with zinc white
  11. «Choosing a white in oil colour». winsornewton.com. Consultado em 18 de outubro de 2014. For reasons of toxicity these Lead White colours are only available in tins in the EU. 
  12. Hough, Richard (1994). Captain James Cook. [S.l.]: Hodder and Stoughton. p. 56. ISBN 978-0-340-82556-3 

Bibliografia

  • Gettens, R. J., Kühn, H. e Chase, W. T. , Chumbo Branco, Roy, A., (Ed), Artistas, Pigmentos, Vol 2, Oxford University Press, 1993, pp. 67-81

Ligações externas