O sistema de escrita aramaico foi um abjad[1][2] muito difundido na região da Mesopotâmia a partir do séc 2 a.C., sendo então adotado pelos persas.
Diferente do latim que caiu em desuso por volta de 1300, o aramaico ainda hoje é uma língua ativa em algumas regiões do interior da Síria,[3] da Turquia[4] e do Iraque.[5]
O aramaico é um idioma muito esclarecedor para a história da humanidade e sua importância reside no fato de ser o elo para conhecer a pronúncia dos nomes e dos sons das consoantes que formam o alfabeto hebraico; língua que esteve em desuso quotidiano (porém manteve o uso na religião judaica), muito antiga que até meados do século XX era impronunciável devido à ausência das vogais.
Diferente do alfabeto hebraico, o aramaico sempre foi usado no interior da Síria e sua preservação se deve ao fato de ser escrito e falado pelos aldeões cristãos que durante milênios habitavam as diversas cidades ao norte de Damasco, entre elas reconhecidamente em Ma'lula e Yabrud "onde Jesus Cristo morou por 3 dias"[carece de fontes] e outras aldeias da Mesopotâmia por onde Cristo passou[carece de fontes], como Tur'Abdin e Mardin ao sul da Turquia.
No início do século passado, devido a perseguições políticas e religiosas fizeram com que milhares desses cristãos imigrassem para o ocidente onde hoje restam poucas centenas deles.
Escrita
A escrita aramaica é abjad, ou seja, usa somente consoantes. O sentido de escrita é da direita para a esquerda em linhas horizontais, como ocorre, por exemplo, com as escritas hebraica e árabe.
O primitivo alfabeto aramaico contava com 22 símbolos para consoantes, as quais sofreram modificações por volta do século V a.C. e passaram a apresentar duas formas, uma cursiva e outra dita "quadrada", com traços mais retilíneos.
Alfabeto aramaico imperial
A tabela abaixo [6] apresenta formas do alfabeto aramaico usadas no Egito no século V a.C. As denominações estão conforme o aramaico bíblico. São apresentados os equivalentes hebraico, árabe e siríaco.
Nome da letra
|
Forma da letra
|
Letra
|
Hebraico
|
Árabe
|
Siríaco
|
Fonologia
|
Ālaph
|
|
𐡀
|
א
|
أ
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ܐ
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/ʔ/; /aː/, /eː/
|
Bēth
|
|
𐡁
|
ב
|
ب
|
ܒ
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/b/, /v/
|
Gāmal
|
|
𐡂
|
ג
|
ج
|
ܓ
|
/ɡ/, /ɣ/
|
Dālath
|
|
𐡃
|
ד
|
د
|
ܕ
|
/d/, /ð/
|
Hē
|
|
𐡄
|
ה
|
ﻫ
|
ܗ
|
/h/
|
Waw
|
|
𐡅
|
ו
|
و
|
ܘ
|
/w/; /oː/, /uː/
|
Zain
|
|
𐡆
|
ז
|
ز
|
ܙ
|
/z/
|
Ḥēth
|
|
𐡇
|
ח
|
خ,ح
|
ܚ
|
/ħ/
|
Ṭēth
|
|
𐡈
|
ט
|
ط
|
ܛ
|
/tˤ/ enfático
|
Yudh
|
|
𐡉
|
י
|
ي
|
ܝ
|
/j/; /iː/, /eː/
|
Kāph
|
|
𐡊
|
כ ך
|
ك
|
ܟܟ
|
/k/, /x/
|
Lāmadh
|
|
𐡋
|
ל
|
ل
|
ܠ
|
/l/
|
Mim
|
|
𐡌
|
מ ם
|
م
|
ܡܡ
|
/m/
|
Nun
|
|
𐡍
|
נ ן
|
ن
|
ܢܢ ܢ
|
/n/
|
Semkath
|
|
𐡎
|
ס
|
س
|
ܣ
|
/s/
|
Ayin -‘Ē
|
|
𐡏
|
ע
|
غ,ع
|
ܥ
|
/ʕ/
|
Pē
|
|
𐡐
|
פ ף
|
ف
|
ܦ
|
/p/, /f/
|
Ṣādhē
|
,
|
𐡑
|
צ ץ
|
ص
|
ܨ
|
/sˤ/ enfático
|
Qoph
|
|
𐡒
|
ק
|
ق
|
ܩ
|
/q/
|
Rēsh
|
|
𐡓
|
ר
|
ر
|
ܪ
|
/r/
|
Shin [desambiguação necessária]
|
|
𐡔
|
ש
|
ش,س
|
ܫ
|
/ʃ/
|
Tau
|
|
𐡕
|
ת
|
ت,ث
|
ܬ
|
/t/, /θ/
|
Referências
- ↑ «Abjads». Omniglot. Consultado em 19 de Janeiro de 2012
- ↑ Bringhurst, Robert (2006). A Forma Sólida da Linguagem. São Paulo: Rosari. pp. 71–72. ISBN 85-88343-44-4
- ↑ Brock, Sebastian. «An Introduction to Syriac Studies» (PDF) (em inglês). Consultado em 31 de outubro de 2014.
A Western Aramaic dialect survives only in three villages in the Anti-Lebanon (two Muslim, and one—Ma‘lula—Christian)
- ↑ Jastrow, Otto (1986). «The Turoyo Language Today» (PDF). Fund for Modern Assyrian Studies. Journal of Assyrian Academic Studies. I. Consultado em 28 de dezembro de 2015
- ↑ «Assyrian Neo-Aramaic». Ethnologue: Languages of the World (em inglês). SIL International. Consultado em 18 de setembro de 2015
- ↑ A Grammar of Biblical Aramaic de Franz Rosenthal
Ligações externas