Élia Flávia Flacila, (em latim: Aelia Flavia Flaccilla; m. 385) conhecida geralmente apenas como Élia Flacila, foi uma imperatriz-consorte romana, primeira esposa do imperadorTeodósio I. Ela era descendente de romanos hispânicos. Ela teve dois filhos, os futuros imperadores Arcádio e Honório, e uma filha, Pulquéria. Deu-se-lhe o título de Augusta, como demonstram as moedas cunhadas com a sua efígie.
Família
De acordo com o poema "Laus Serenae" ("Elogio a Serena"), de Claudiano, tanto Serena quando Flacila eram originárias da Hispânia.[1]
Uma passagem de Temístio (Oratio XVI, De Saturnino) tem sido interpretada como identificando Flávio Cláudio Antônio, prefeito pretoriano da Gália entre 376 e 377 e cônsul romano em 382 como seu pai. Porém, o relacionamento é duvidoso.[2] Em 1967, John Robert Martindale, que seria posteriormente um dos vários autores da Prosopografia do Império Romano Tardio, sugeriu que a passagem na verdade identifica Antônio como sendo o cunhado de Teodósio. Porém, ela é vaga o suficiente para permitir que Flávio Afrânio Siágrio, co-cônsul de Antônio em 382, seja o tal cunhado.[3]
O único parente dela claramente identificado nas fontes primárias era seu sobrinho Nebrídio, filho de uma irmã não identificada. Ele se casou com Salvina, uma filha de Gildão. O casamento dos dois foi mencionado por Jerônimo em sua correspondência com Salvina. Eles tiveram um filho e uma filha.[4]
O primeiro filho do casal, Arcádio, nasceu antes da elevação dos dois ao trono. O segundo, Honório, nasceu em 9 de setembro de 384 e sugere-se que a filha, Pulquéria, também teria nascido antes por conta de outra passagem em "Laus Serenae". É certo porém que ela faleceu antes dos pais, como menciona Gregório de Níssa.[2]
Um Graciano, mais jovem - mencionado juntamente com as crianças por Ambrósio - já foi sugerido como tendo sido um terceiro filho. Porém, Gregório de Níssa relata a existência de apenas três filhos e outras fontes não mencionam Graciano. Ele era provavelmente um parente, mas não um membro de fato da Dinastia teodosiana.[5]
Em 19 de janeiro, Graciano declarou Teodósio, mestre dos soldados da Ilíria (magister militum per Illyricum), como seu novo colega no Império Romano do Oriente. É possível que Teodósio tenha sido o mais graduado oficial de origem romana disponível para promoção na época, uma vez que Merobaldo e Frigérido, os dois mestres dos soldados em presença (magistri militum in praesenti), tinham origem germânica e diversas outras posições equivalentes ainda estavam vagas desde as enormes perdas em Adrianópolis.[6]
Flacila se tornou imperatriz-consorte nesta época.
Ela era uma fervorosa defensora do credo niceno e Sozomeno relata que ela teria evitado um encontro entre Teodósio e Eunômio de Cízico, o principal líder do anomoeanismo, uma das mais radicais seitas arianas e que ensinava que Jesus (o Deus Filho) era de uma natureza diferente e de forma nenhuma similar a Deus (o Pai). Ambrósio e Gregório elogiam sua virtude cristão e comentam sobre seu papel como "líder da justiça" e "pilar da Igreja".[5]
Teodoreto conta sobre suas obras de caridade e sua atenção pessoal aos aleijados. Ele afirma que ela teria dito que "distribuir dinheiro é missão da dignidade imperial, mas eu ofereço à própria dignidade imperial serviço pessoal ao Provedor".[5]
Itálico indica uma coimperatriz júnior, sublinhado indica uma imperatriz cuja legitimidade do marido é debatida, enquanto negrito indica uma imperatriz reinante