Filho de Zenaldo Rodrigues Coutinho e de Maria Helena Neves Coutinho, Zenaldo iniciou o curso de direito na Universidade Federal do Pará (UFPA) em 1982, e lá foi presidente do Movimento Despertar. No mesmo ano, ingressou na política ao eleger-se vereador de Belém pelo então Partido Democrático Social (PDS).[3]
Em 1988, reelegeu-se vereador, desta vez pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em 1990, elegeu-se deputado estadual do Pará pelo mesmo partido. Em 1994, reelegeu-se deputado estadual, agora pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e foi presidente da Assembleia Legislativa de 1995 a 1996, quando também assumiu a presidência do diretório municipal do PSDB em Belém, permanecendo nesse cargo até 1999.[3]
Elegeu-se deputado federal em 1998, reelegendo-se em 2002, em 2006 e em 2010. Em 2011, licenciou-se do mandato parlamentar para assumir o cargo de Chefe da Casa Civil do Governo do Estado do Pará, e posteriormente de Secretário Especial de Proteção e Desenvolvimento Social do Governo do Pará, por convite do governador Simão Jatene (PSDB).[3]
Em 2012, foi eleito prefeito municipal de Belém, recebendo 237.252 votos (30,67%) no primeiro turno e 438.435 votos (56,61%) no segundo turno.[4] Foi reeleito para a prefeitura em 2016, com 241.166 votos (31.02%) no primeiro turno e 396.770 votos (52,33%) no segundo.[5]
Em 2013, o então prefeito Zenaldo Coutinho participou da criação de um Grupo de Trabalho pela Secretaria Municipal de Saúde que deveria trabalhar no Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) dos médicos do município, incluindo o planejamento de reajuste salarial proposto pelo Sindmepa, o sindicato dos médicos do Pará. Coutinho também prometeu aos profissionais a regulamentação das obras inacabadas na gestão anterior e a compra de equipamentos e medicamentos para as unidades de saúde da capital.[6] Além disso, durante o primeiro e segundo mandato do político, houve destaque de investimentos da área da saúde, passando de 15% para 24%, com a inauguração de duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), em Sacramenta e Terra Firme. A gestão também se destacou pelo projeto Prefeitura no Bairro, que leva o atendimento de saúde para mais perto da população.[7]
Entretanto, o Ministério Público paraense entrou com processo sobre Zenaldo Coutinho, alegando que o prefeito seria responsável pelo incêndio no Hospital do Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti, em 2015. Rejeitado pelo Tribunal de Justiça do Pará, os responsáveis pela avaliação da denúncia desresponsabilizam o candidato eleito em relação ao acontecido pautados no reconhecimento da descentralização administrativa do sistema de saúde. Ainda assim, a documentação da investigação responsabiliza o gestor pois entende que este fora negligente com alertas emitidos pelo corpo de bombeiros sobre a infraestrutura precária da construção, dados um ano e meio antes do ocorrido.[8] Zenaldo também foi notificado em decorrência da Ação Pública efetuada pelo Sindmepa, em 2016, com a queixa da falta de reposição salarial da inflação entre os anos de 2013 e 2016 aos médicos que compõem o serviço público de Belém.[9]
Em 2013, Zenaldo Coutinho assume a prefeitura de Belém, tornando-se um dos gestores responsáveis pela obra do BRT Belém. Projetada para atender cerca de 800 mil pessoas da região metropolitana de Belém, a construção da estrutura foi iniciada em 2011, ainda sobre o governo de Duciomar Costa. Entretanto, a obra sofreu paralisação por diversas vezes e foi retomada em 2015 na gestão de Zenaldo, que alegou a existência de irregularidades administrativas herdadas da gestão anterior. As críticas ao empreendimento giram em torno dos constantes prolongamentos do prazo de finalização da construção, que interferem no trânsito e no comércio da região, além das reclamações sobre a inatividade de setores já terminados.[10][1] Em 2018, a empresa Odebrecht (atual Novonor) ganhou o laudo licitatório para a construção do BRT, que faz parte da reconstrução da BR-316.[10][11][12] Desde 2015, os gastos subiram por volta de 57 milhões de reais e Zenaldo Coutinho estimou o prazo final para a finalização da empreitada para o primeiro semestre de 2019.[10][13] Em junho de 2019, a prefeitura da capital anunciou um novo adiamento nas obras do BRT na linha Augusto Montenegro, revalidando o prazo para o mês de outubro do mesmo ano.[14]
Segundo mandato
Em 2018, a Prefeitura de Belém, em parceria com o governo do estado, reforçou as ações de segurança na cidade. A ação, apoiada pelo prefeito Zenaldo Coutinho, trouxe novos equipamentos para a polícia Civil e Militar e, assim, tentou fortalecer as redes de segurança da capital.[15] Em contrapartida, no Atlas da Violência 2016, lançado pelo Ipea, Belém está entre as quatro cidades mais violentas do Pará, que se enquadram entre as 20 microrregiões mais violentas do Brasil.[16] Nesse sentido, a atuação de Zenaldo Coutinho na capital desde 2013, assim como a dos demais integrantes do PSDB que se encontram na gestão paraense, passa a ser questionada pela população.[17] Belém foi categorizada, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, como a terceira cidade com o maior índice de assassinatos no Brasil.[1] Diante disso, até o final de 2018, constatou-se que o Pará havia reduzido em 2% o número de mortes violentas.[13] Esse número foi superado no início de 2019, alcançando cerca de 26%, ou seja, 187 mortes a menos do que o mesmo período do ano anterior.[13]
Zenaldo Coutinho também se posicionou sobre a crise do lixo da região metropolitana de Belém iniciada em 2018. A problemática se relaciona com a destinação do lixo das cidades de Belém, Marituba e Ananindeua para o Aterro Sanitário de Marituba. Nesse sentido, a Guamá Tratamento de Resíduos, empresa responsável pela administração do aterro, solicitou um reajuste de 74% sobre o preço da tonelada de lixo com a justificativa da necessidade de mais recursos financeiros e estruturantes para continuar atuando no tratamento de lixo da região. Em contrapartida, a Prefeitura das três cidades envolvidas consideram a proposta inapropriada e recorreram na justiça para que se estabelecesse um acordo com a empresa.[13][18]
Após o anúncio do fechamento do aterro de Marituba em maio de 2019, Coutinho se pronunciou sobre a viabilidade do reativamento do Lixão do Aurá para evitar uma desorganização caótica na cidade de Belém em decorrência do lixo nas ruas.[19] O Lixão do Aurá, licenciado de forma irregular, funcionou por 25 anos, desde 1990, recebendo o lixo da região metropolitana do Pará. O aterro foi fechado em 2015 pois o espaço esgotou sua capacidade de receber lixo, gerando perigos de contaminação do meio ambiente e riscos à saúde pública e à bacia hidrográfica da região. Como resultado, catadores no local protestaram contra os impactos sociais ocasionados pelo encerramento das atividades do lixão.[13][18][20]
Diante disso, a justiça determinou a continuidade das atividades do Aterro Sanitário de Marituba por mais quatro meses a partir do dia 31 de maio de 2019, proibindo a reativação do Lixão do Aurá. O prazo deveria impulsionar que as prefeituras e órgãos de colaboração pudessem encontrar uma solução para o problema da destinação do lixo ou entrar em um acordo na justiça.[13][21][18][20][22][13][23] Em junho, a prefeitura de Belém decretou situação de emergência sanitária e ambiental na capital, tendo em vista a concessão de um tempo limite maior para encontrar uma solução à destinação de lixo na cidade.[13][24][25][26]
Academia Paraense de Letras
No dia 28 de setembro de 2017, foi eleito membro da Academia Paraense de Letras, com vinte e quatro votos contra cinco para o cerimonialista Marcelo Pinheiro e cinco votos em branco, sucedendo o também político Jarbas Passarinho na cadeira nº 12.[27]
Zenaldo é autor de dois livros de poesia, Floresta de Sentimentos (2012)[28] e Maré Lançante (2017).[29]
Controvérsias
Durante as eleições municipais de 2016, Zenaldo Coutinho esteve envolvido em duas acusações relativas à abuso de poder econômico e político durante a campanha e crime eleitoral, que resultaram no pedido de cassação de seu mandato pelo Ministério Público Eleitoral (MPE). Zenaldo recorreu à primeira acusação, levada à primeira instância da justiça eleitoral, e conseguiu disputar as eleições. Já na segunda acusação, o MPE levou ao Tribunal Regional Eleitoral do Pará uma denúncia contra o prefeito e o coordenador de marketing de sua campanha, Only Bezerra. No pedido, o candidato recebe queixa sobre o slogan de campanha, que estaria supostamente inspirado na propaganda institucional da prefeitura,[nota 1] e, segundo a acusação, tal ação entraria em desacordo com a legalidade constitucional brasileira.[30][16]
Diante de tais denúncias, a Coligação Juntos Pela Mudança, coordenada pelo candidato a prefeito Edmilson Rodrigues e pelo candidato a vice Allan Pombo, recorreu ao ato de tomada de posse de Zenaldo Coutinho, alegando que o candidato deveria aguardar o resultado dos recursos em julgamento oficial antes de assumir o cargo na prefeitura. Tal pedido foi renegado pelos juízes responsáveis, com respaldo no Código Eleitoral, e questionada pelos preponentes da acusação com base no argumento de que as respectivas ações teriam ocorrido antes do segundo turno das eleições.[30][16][1]