William Gouge (1575 – 1653) foi um pastor e escritor puritano inglês. Ele foi ministro e pregador na Igreja de Sant'Ana, em Blackfriars, durante 45 anos (a partir de 1608), e membro da Assembleia de Westminster desde 1643.
Antes de mudar-se para Londres, veio a ser membro e conferencista em Cambridge, onde quase causou alvoroço em razão de sua defesa do Ramismo, em vez dos métodos tradicionais de Aristóteles[5] (essa história sobre Gouge, que lecionou lógica, está relatada em Logic and Rhetoric in England 1500-1700 (1956), de Wilbur Samuel Howell, como um relato de Samuel Clarke, todavia, não é datada de forma confiável).[6]
Na Blackfriars, iniciou como assistente de Stephen Egerton (1554 - 1622), assumindo como conferencista.[7][4]
Gouge propôs um esquema dispensacional inicial.[8] Interessou-se por Calling of the Jewish, de Sir Henry Finch, e publicou-o em seu próprio nome, o que ensejou sua prisão, em em 1621, pelo fato de a publicação haver desagradado o Rei Jaime I da Inglaterra.[9]
Já com quase 70 anos, ele comparecia regularmente à Assembleia de Westminster e fora nomeado presidente em 1644 do comité criado com o objetivo de redigir a Confissão de Westminster. Participaram desse comitê os seguintes:John Arrowsmith, Cornelius Burges, Jeremiah Burroughs, Thomas Gataker, Thomas Goodwin, Joshua Hoyle, Thomas Temple e Richard Vines.[10] Foi nomeado assessor em 26 de novembro de 1647.[9][11] Ele foi nomeado prolocutor da Assembleia Provincial de Londres em 3 de maio de 1647.[12]
Dos deveres domésticos e da família
Dos deveres domésticos (1622) foi um texto popular e completo de sua época que discutia a vida familiar.[13][14] Gouge argumentou que a esposa, embora acima dos filhos, encontra-se hierarquicamente abaixo do marido e a figura paterna “é um rei em sua própria casa”,[15] e foi um importante livro de conduta de sua época, chegando a edições posteriores.[16][17] Ele considerava o adultério igualmente ruim para ambos os sexos e encorajava casamentos baseados no amor, isto é, não encorajava o chamado "casamento arranjado".[18]
O próprio Gouge fora pai de 13 filhos. Sua esposa Elizabeth Calton, morreu logo após o nascimento do último dos filhos. Eles casaram-se no início do século XVII, na verdade por acordo, quando Gouge foi pressionado por sua família.[2][19][20] Elizabeth fora criada pela esposa de um pastor John Huckle, do condado de Essex, e foi elogiada após sua morte.[21]
Outros escritos
De acordo com Ann Thompson, The Whole Armor of God (1616) ilustra a mudança da "fé transcendente" para a "fé imanente", de William Perkins e de Samuel Ward, numa geração seguinte de escritores puritanos.[22]
Em As Três Flechas de Deus: Peste, Fome, Espada (1625-1631), Gouge mencionara a ideia de que a peste encontra vítimas nas pessoas mais pobres, porque são mais facilmente poupadas. Não devem ser autorizados a fugir das zonas afetadas, nem os magistrados e os idosos; mas outros podem fazê-lo adequadamente.[23][24] No mesmo entendimento de outros teólogos protestantes de sua época, ele apoiou a ideia da guerra santa.[25][26]
Seu gigantesco Comentário sobre toda a Epístola aos Hebreus surgiu em 1655, dividido em três volumes e repleto de detalhes e esboços de sermões.[27] Fora impresso por seu primogênito, o Rev. Thomas Gouge (1605 - 1681), e foi reimpresso, quase duzentos anos depois, por James Nichol de Edimburgo, em 1866.
Obras
Toda a armadura de Deus (1616)
Dos deveres domésticos (1622)
Um Guia para Ir a Deus: ou, uma Explicação do Padrão Perfeito de Oração, a oração do Pai Nosso. (1626)
Sermão da dignidade da chiualrie (1626) para a Companhia de Artilharia de Londres
Um Breve Catecismo (1635)
Uma recuperação da apostasia (1639)
A Santificação do Sábado (1641)
Sermão rápido do Apoio do Santo (1642) no Parlamento
O Progresso da Divina Providência (1645)
Comentário sobre toda a Epístola aos Hebreus (1655)
Família
Dentre seus tios, cinco foram notáveis teólogos e pregadores puritanos, quais sejam: Laurence Chaderton e William Whitaker, que se casaram com suas tias maternas, enquanto Nathaniel, Samuel e Ezekiel Culverwell eram seus tios maternos, irmãos de sua mãe.[2] Sua prima, Mary Culverwell, casou-se com Ezekiel Cheever. Seu filho mais notável fora o pregador puritano Thomas Gouge.
↑John Rushworth, 'Historical Collections: Parliamentary proceedings, May 1647', in Historical Collections of Private Passages of State: Volume 6, 1645-47 (London, 1722), pp. 475–500. British History Online accessed 6 April 2016
↑Anthony Fletcher, The Protestant Idea of Marriage, in Anthony Fletcher, Peter Roberts editors, Religion, Culture and Society in Early Modern Britain: Essays in Honour of Patrick Collinson (2006), p. 165.
↑Mary Abbott, Extracts in Life Cycles in England, 1560-1720: Cradle to Grave (1996), pp. 180–189.
↑William Gouge, Of Domesticall Duties (1622), p. 258.
↑Christopher Hill, The World Turned Upside Down, p. 309.
↑Kathryn Sather, Sixteenth and Seventeenth Century Child-Rearing: A Matter of Discipline, Journal of Social History, Vol. 22, No. 4 (Summer, 1989), pp. 735–743.
↑Phyllis Mack, Visionary Women: Ecstatic Prophecy in Seventeenth-Century England 919940, p. 37.
↑Jacqueline Eales, Women in Early Modern England, 1500-1700 (1998), p. 28.
↑Ann Thompson, The Art of Suffering and the Impact of Seventeenth-Century Anti-Providential Thought (2003), p. 69 and p. 73.
↑Christopher Hill, Liberty Against the Law (1996), p. 61.
↑Keith Thomas, Religion and the Decline of Magic (1973), p. 790.
↑Norman Housley, The Later Crusades, 1274-1580: From Lyons to Alcazar (1992), p. 456, mentioning also Thomas Barnes, Stephen Gosson, and Alexander Leighton.
↑Anthony Milton, Catholic and Reformed: The Roman and Protestant Churches in English Protestant Thought, 1600-1640 (2002) p. 37, mentioning Thomas Taylor and Joseph Hall.
↑N. Clayton Croy, Endurance in Suffering: Hebrews 12:1-13 in Its Rhetorical, Religious, and Philosophical Context (1998), p. 18.
Ligações externas
Obras de William Gouge na Post-Reformation Digital Library