De origem geográfica, em referência à Fazenda Ventania, que tem esta denominação em função de um devastador tufão, que varreu a região em meados de 1870.
História
A partir do ano de 1855 com a colonização do Jataí, no norte do Paraná, formou-se uma |picada no sentido sul, vislumbrando-se a possibilidade de povoamento em novas áreas do Paraná, que não os Campos Gerais, o de Guarapuava e o já povoado sul do estado.[6] Muitas famílias do segundo e terceiro planalto se aventurarem naquela região, em busca de ampliar os negócios. Há que se levar em conta, a facilidade de aquisição de áreas de terras naquela época, bastando um mínimo de recursos e muita coragem para enfrentar as adversidades inerentes ao desbravamento de sertões.[6]
Nas cercanias do que hoje é o município de Ventania, foi organizada e implantada ainda no século XIX, uma propriedade agrícola denominada Fazenda Fortaleza, uma das mais antigas da região.[6] Por volta de 1870, um violento tufão assolou uma extensa área da fazenda, causando um enorme rastro de destruição. Como o fenômeno arrasou a mata, os empregados da fazenda resolveram tirar proveito da situação após constatarem que o efeito do tufão assemelhava-se a uma "derrubada". Então atearam fogo na mata retorcida pelo vento e ressequida pelo tempo. As terras, após a queimada, estavam prontas para receber sementes de milho, feijão e arroz, e desde então o lugar ficou conhecido como "Invernada da Ventania", graças ao tufão providencial.[6]
Em 1892, o castrense Francisco Pinheiro das Chagas adquiriu dos herdeiros de Manoel Ignácio do Canto e Silva, a antiga Fazenda Fortaleza, que nesta época já era chamada de Invernada da Ventania. Com o passar dos tempos, o novo adquirente daquelas terras passou a assinar seu nome como Francisco das Chagas Ventania, permitindo que seus descendentes também ficassem conhecidos por esta alcunha que se transformou em sobrenome.[6]
Pela Lei Estadual nº 790, de 14 de novembro de 1951, foi criado no município de Tibagi o DistritoAdministrativo de Ventania, o qual englobou também as terras da Fazenda Monte Alegre. Pela Lei Estadual n° 4.445, de 16 de outubro de 1961, foi oficialmente criado o Distrito Administrativo de Cidade Nova, também no município de Tibagi. Em 5 de julho de 1963, através da Lei Estadual n° 4.738, sancionada pelo governador Ney Braga, o distrito de Cidade Nova foi elevado à categoria de município emancipado, com território desmembrado do município de Tibagi, a qual englobou as terras da Fazenda Monte Alegre.[7] Mais tarde, em 13 de outubro de 1964, pela Lei Estadual n° 371, Ventania transformou-se em Distrito Judiciário, com Termo na Comarca de Tibagi. Ventania tornou-se município emancipado somente no dia 14 de maio de 1990, pela Lei Estadual n° 9.244, cujo território foi desmembrado de Tibagi.[6] A instalação oficial deu-se no dia 1 de janeiro de 1993, com a posse do primeiro prefeito municipal eleito Antônio Helly Santiago.[6]
Em 3 de janeiro de 2002, foi criado oficialmente no município de Ventania o Distrito Administrativo de Novo Barro Preto conforme a Lei Municipal n.º 211.[8]
Geografia
O município está localizado na região dos Campos Gerais, no segundo planalto paranaense. Possui uma área é de 759 km² representando 0,381 % do estado, 0,1347 % da região e 0,0089 % de todo o território brasileiro. Localiza-se a uma latitude 24°14'45" sul e a uma longitude 50°14'34" oeste, estando a uma altitude de 1013 metros. Sua população estimada em 2005 era de 9.078 habitantes.
O clima de Ventania é bastante ameno durante boa parte do ano, raramente ultrapassando 30 °C, mesmo durante o verão, mas o inverno pode ser frio, chegando a temperaturas negativas.
O verão e a primavera são chuvosos, com dias amenos à mornos e noites frescas. O outono e inverno são relativamente frios, apresentando uma diminuição das chuvas, embora ainda tenha bastante precipitação.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 2011 a menor temperatura já registrada em Ventania foi de −2,8 °C no dia 6 de julho de 2019, enquanto a maior foi de 33,7 °C no dia 2 de fevereiro de 2019. A média anual é de 17,8 °C podendo ficar negativa no inverno, embora não seja muito frequente, a precipitação média anual é de 1 517 mm sendo o mês mais chuvoso janeiro com média de 214 mm e o mais seco agosto, com média de 76 mm.[9]
PR-239 - Trecho Ventania-Arapoti e Ventania-Lagoa (Telêmaco Borba).
Ferroviário
O ramal de Monte Alegre teve a construção iniciada pela RVPSC em outubro de 1942, para ligar a estação de Joaquim Murtinho (Estação Raul Mesquita), em Piraí do Sul, à Fazenda Monte Alegre.[12] O primeiro trecho foi aberto em 1949, chegando até a localidade de Novo Barro Preto. Em 1949 foram então inauguradas as estações de Castellar de Carvalho, Romário Martins, Ventania e a de Barro Preto, na extensão onde hoje é o município de Ventania.[13][14][15][16] Posteriormente a estação de Ventania teve sua denominação alterada para Inspetor Aureliano Godói. O ramal deveria ser estendido até o norte do Paraná, até alcançar a cidade de Apucarana, na linha Ourinhos-Cianorte, bem como até Lysimaco Costa, no ramal de Barra Bonita, e dali a Cornélio Procópio, também na Ourinhos-Cianorte, mas ambos os projetos de prolongamentos nunca vieram a ser executados. A intenção era fazer da estação de Barro Preto uma central de recebimento e estocagem do café, para exportar a produção.[16] A iniciativa fez com que caminhões carregados viessem da região de Londrina e descarregassem em Barro Preto. Com a construção da Rodovia do Café e o sucesso do transporte rodoviário, o objetivo não foi atingido e o projeto ferroviário foi abandonado, sem receber incentivos.[16] Contudo, trens de passageiros circularam pelo ramal desde o seu início até o ano de 1977, quando foram definitivamente suprimidos.[15] Entretanto, o tráfego de cargueiros para Telêmaco Borba continuou. Por fim, a empresa Klabin S.A. operou até a década de 2010 a linha, quando o ramal foi desativado.[16]
Forte tendência ao turismo rural,[20][21][22][23] com presença de turismo religioso.[24] Apresenta atrativos como rios, cachoeiras, fazendas e pousadas.[25] Os principais atrativos turísticos são o Olho d'água São João Maria[26] e a antiga estação ferroviária.[15]
A cultura do município de Ventania, basicamente tem sua origem na essência da formação do povo rural do interior do Paraná, mais precisamente da região dos Campos Gerais.[8][27] Parte da cultura municipal tem relação com a cultura tropeira, onde recebeu influências dos viajantes que cortavam as invernadas da região no ciclo do tropeirismo. A maioria da população é descendente de caboclos, resultado da miscigenação de povos que colonizaram o Brasil. Os costumes da população local são heranças das práticas agrícolas e pecuárias que sustentavam a economia regional no século XIX e XX, que também podem ser notados nos municípios vizinhos como Tibagi, Piraí do Sul e Curiúva.[8][27] Ainda é comum ver pessoas em Ventania que utilizam cavalos como meio de locomoção.[8] Já o uso de veículos com tração animal é bem pouco utilizado. A carroça conduzida por dois animais que era utilizada até para transportes coletivos, hoje está sendo substituída por veículos automotores.[8]
Culinária
A culinária do município recebeu influências dos tropeiros. O prato típico do município de Ventania é o virado com frango caipira, acompanhado com café.[28] Em Novo Barro Preto acontece entre os meses de março e abril a Festa do Milho, momento em que as plantações de milho ainda estão verdes, pois a característica principal da festa é a comida: pamonha, curau, milho cozido, virado de milho, bolo de milho e outros.[8] Mais recentemente o município tem se destacado também na produção de azeite de oliva.[20][23]
Festividades
Além da Festa do Milho em Novo Barro Preto, acontecem no município outras festividades. É comum a devoção aos santos católicos, como as tradicionais festas de Nossa Senhora Aparecida e São José. Acontecem também as típicas Festas Juninas com apresentação de danças diversas, junto com a tradicional quadrilha. É comum entre os meses de junho e julho algumas famílias fazerem fogueiras, o que se constitui em ponto de encontro para a comunidade, com muita comida, bebidas e música. Os encontros são feitas em louvor a São João, Santo Antônio e São Pedro. Principalmente no meio rural, a romaria com dança e oração é bem típico da região, como acontece em louvor a São Gonçalo.[27][29][30] Na festividade a imagem é colocada em um altar, e toda a população ao toque de uma viola acompanhada de uma canção, faz a homenagem ao santo. A dança é semelhante à Folia de Reis, conta de passos cadenciados e reverência ao santo. O festejo normalmente é acompanhado por comidas e bebidas oferecidas pelos anfitriões, contudo não há uma época específica para que o evento aconteça.[8][27][29]
↑ abcdefgh«Ventania - Histórico»(PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 18 de janeiro de 2020
↑«Tibagi - Histórico»(PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 18 de janeiro de 2020
↑ abcdefgColégio Estadual Pedro Marcondes Ribas (2010). «Projeto Político Pedagógico»(PDF). Secretaria de Estado da Educação. Consultado em 18 de janeiro de 2020
↑Ralph Mennucci Giesbrecht (14 de maio de 2019). «Estação Castellar de Carvalho». Estações Ferroviárias do Brasil. Consultado em 18 de janeiro de 2020
↑Ralph Mennucci Giesbrecht (14 de maio de 2019). «Estação Romário Martins». Estações Ferroviárias do Brasil. Consultado em 18 de janeiro de 2020
↑ abcRalph Mennucci Giesbrecht (14 de maio de 2019). «Estação Inspetor Aureliano Godói». Estações Ferroviárias do Brasil. Consultado em 18 de janeiro de 2020
↑ abcdRalph Mennucci Giesbrecht (14 de maio de 2019). «Estação Barro Preto». Estações Ferroviárias do Brasil. Consultado em 18 de janeiro de 2020