Exceção: certos compostos nos quais foi perdida a noção de composição ficam sem hífen: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.
Observação: utiliza-se o hífen em palavras como: euro-mediterrânico, ibero-americano (e também ibero-americanismo), luso-asiático, sino-japonês; não se emprega hífen em palavras como: eurocético, iberofilismo, lusofalante, sinologia.
Observação: Outros topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados, sem hífen: A dos Francos, América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc.
Exceção: Guiné-Bissau e Timor-Leste mantêm o hífen, mesmo não estando no caso acima por configurarem exceções consagradas pelo uso.
Nas palavras compostas que designam espécies animais ou vegetais
Sendo o primeiro termo o advérbio "bem" ou "mal" e a palavra seguinte começada por vogal, h, ou l (no caso de "mal"), o hífen será usado. Entretanto, o advérbio bem nem sempre se aglutinará ao segundo termo, como acontece com mal: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; mal-limpo; bem-criado (mas: malcriado), bem-ditoso (mas: malditoso), bem-falante (mas: malfalante), bem-mandado (mas: malmandado), bem-nascido (mas: malnascido), bem-soante (mas: malsoante), bem-visto (mas: malvisto).
Observação: há casos no qual o advérbio aparecerá aglutinado ao termo seguinte, tendo ou não unidade de significado - benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc.
Nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem
O hífen não será usado quando as palavras não e quase são utilizadas como prefixo, mantendo-se os elementos separados[2]: não agressão, não elástico, quase delito, quase elástico, etc.
Nas locuções
Nas locuções em geral não se usa o hífen. O Acordo fornece vários exemplos:
c) pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja;
d) adverbiais: à parte, à vontade, de mais, depois de amanhã, em cima, por isso;
e) prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a;
f) conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que.
Exceção: nos casos consagrados pelo uso o hífen é mantido - água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
Exceção: quando o prefixo for des- ou in- e pelo uso tiver acontecido a aglutinação: desumano, desumidificar, inábil, inumano, etc..
b) os prefixos circum- e pan- são separados por hífen do segundo elemento se este começar por vogal, h, m ou n: circum-escolar, circum-murado, circum-navegação; pan-africano, pan-histórico, pan-mágico, pan-negritude, etc..
Exceção: quando o prefixo for pan- e o segundo elemento começar por b: pan-brasileiro, pan-babilonismo (mas também pambabilonismo ou pambiotismo).[2]
c) nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super- e o segundo termo for começado por r, o hífen será mantido, por questão de pronúncia: hiper-requintado, inter-resistente, super-revista, etc..
e) nas formações com os prefixos tónicos acentuados graficamente pós-, pré- e pró-, quando o segundo elemento tem vida à parte (mas as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o elemento seguinte): pós-graduação, pós-tónico/pós-tônico (mas: pospor); pré-escolar, pré-natal (mas: prever); pró-africano, pró-europeu (mas: promover).
f) nas formações com os prefixos ab-, ad-, ob-, sob- e sub-, quando o segundo elemento tem vida à parte e começa por r, fazendo prevalecer o princípio da adaptação da ortografia à pronúncia[2]: ab-rogar, ad-renal, ob-reptício, sob-roda, sub-raça, etc.
Não uso do hífen
a) quando o prefixo ou falso prefixo for começado por vogal e o termo seguinte for começado por r ou s: antirreligioso, antissemita, contrarregra, contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, biorritmo, biossatélite, eletrossiderurgia, microssistema, microrradiografia, ultrassom, etc..
b) quando o prefixo ou pseudoprefixo for terminado em vogal e o segundo elemento começar por uma vogal diferente, prática esta em geral já adotada também para os termos técnicos e científicos: antiaéreo, coeducação, extraescolar, aeroespacial, autoajuda, autoescola, autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial, hidroelétrico, plurianual, etc..
Uso do hífen nas formações com prefixos ou pseudoprefixos terminados com a mesma vogal que inicia a palavra seguinte
Exceção 1: o prefixo co- sempre se aglutina, mesmo se a palavra seguinte for começada por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc..
O hífen continua a ser usado nas colocações enclíticas e mesoclíticas: amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar-lhe-emos, dar-se-vos-á
Não há hífen na próclise, a união é maior na ênclise. A mesóclise é uma colocação exclusiva da língua culta e modalidade literária, não ocorre em uma fala espontânea.
Exceção: nos países que têm seguido o Acordo de 1945, o hífen deixará de ser usado nas ligações entre o verbohaver e a preposiçãode: "hei-de, hás-de, há-de, hão-de" passarão a hei de, hás de, há de, hão de.
Nas colocações e ligações de formas pronominais
É mantido o hífen nas formas pronominais enclíticas ao advérbioeis: eis-me, ei-lo e nas combinações de formas pronominais, tais como: no-lo e vo-lo.
Controvérsias
"Não" prefixal
A tradição lexicográfica de Portugal e Brasil registra do uso de "não" como elemento de composição,[5][6] embora exista contestação à tendência de uso na realidade de "não" no papel de prefixo.[7][8] O Dicionário Online de Português,[9] o Dicionário Aulete[10] e o Dicionário Michaelis[11] registram a entrada "não" nas classes gramaticais de advérbio e substantivo. O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa acompanha esses três dicionários, mas também apresenta a entrada "não-" na categoria de prefixo.[12] Esse elemento supre a necessidade de formação de certos antônimos, que prefixos negativos preexistentes "a-", "in-" e "des-" não dão conta semanticamente.[8][13][14] E ao lado de substantivos, o "não" não pode ser um advérbio, como é tradicionalmente empregado, pois advérbios se associam a um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, não a substantivos. Por isso, sua classificação como "elemento mórfico que se antepõe a um radical", ou seja, um prefixo.[15]
As regras ortográficas vigentes na língua portuguesa são as do Acordo Ortográfico de 1990, para a maioria dos lusófonos. Neste acordo há duas seções (chamadas bases) dedicadas às regras de hifenização, Base XV e Base XVI. São regradas aglutinações com elementos de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal (Base XV, 1.º), compostos com os advérbios bem e mal (Base XV, 4.º), formações com prefixos, elementos não autónomos ou falsos prefixos de origem grega e latina (Base XVI, 1.º). Em nenhum momento há regras para formações com advérbios no geral, nem especificamente com "não" como elemento. Logo, há uma lacuna no acordo para essa situação.[5][6] Já o Acordo Ortográfico de 1945, vigente para uma menor parte dos lusófonos, na Base XXVIII, afirma que "Emprega-se o hífen nos compostos em que entram, foneticamente distintos (e, portanto, com acentos gráficos, se os têm à parte), […] outras combinações de palavras, e em que o conjunto dos elementos, mantida a noção da composição, forma um sentido único ou uma aderência de sentidos". Essa regra vaga é semelhante no Formulário Ortográfico de 1943, anteriormente válido no Brasil.[6]
Em 2009, a Academia Brasileira de Letras lançou a quinta edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) incorporando as normas do acordo de 1990, regulamentado no Brasil em 2008 com vigor a partir de 2009.[16] Nessa edição, hifens nas formações com o elemento "não-" foram excluídos totalmente.[5][8] Os procedimentos metodológicos seguidos nessa edição foram informados em Nota Explicativa, que acompanhou a edição listando 15 medidas da Comissão de Lexicografia e Lexicologia da Academia Brasileira de Letras para "viabilizar o rico repertório lexical" dessa edição diante do "sintético e enxuto texto oficial" do acordo internacional. Portanto, essa comissão interpretou o acordo propondo a medida 15 pela qual se baseia a exclusão total do emprego do hífen com o prefixo "não-". Ao fim da nota, são possibilitadas exceções, desde que não sejam banalizadas.[8][17][18][19] E a essa proposta da Academia Brasileira de Letras recorrem diversas prescrições contra a hifenização de termos com o elemento "não-", a exemplo de Sérgio Nogueira[7] e outros.[19][20][21][18] Entretanto, diferente do que já foi afirmado,[18] a Lei Eduardo Ramos (nome para decreto de número 726, de 8 de dezembro de 1900)[22] não confere autoridade legal à Academia Brasileira de Letras a listar grafia oficial ou palavras de reconhecimento oficial, mas apenas um prédio público para instalar-se e franquia postal (artigos que ainda estão em vigor). Portanto, a proposta da referida academia não prescreve "grafia oficial", não é consequência de aplicação nem parte do texto do acordo internacional;[8] mas sim uma escolha decorrente da academia brasileira.[5]
↑ abNão se usa hífen quando o segundo vocábulo perde o H original: desumano, inábil etc.
↑ abUsa-se o hífen quando ocorrer formação de um adjetivo (ex.: mal-amado) ou substantivo (ex.: bem-me-quer).
↑ abcQuando a pronúncia for fechada (pos, pre, pro), liga-se sem hífen ao outro vocábulo: preencher, posposto (exceções: preaquecer, predeterminar, preestabelecer, preexistir). Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "Nota 3" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
↑São os prefixos que por vezes também se comportam como radicais de outras palavras.
↑CAMPOS, Lucas (2009). «O desenvolvimento do prefixo não»(PDF). In: OLIVEIRA, K., CUNHA E SOUZA, HF., and SOLEDADE, J., orgs. Do português arcaico ao português brasileiro: outras histórias. Salvador: EDUFBA. pp. 247–271. ISBN978-85-232-1183-7. Consultado em 14 de fevereiro de 2019 !CS1 manut: Usa parâmetro editores (link)
↑Ramos, Paulo (11 de janeiro de 2006). «Hífen após o prefixo "não"». UOL Educação. Consultado em 14 de fevereiro de 2019
↑Academia Brasileira de Letras. «Nota explicativa»(PDF). Vocabulário ortográfico da língua portuguesa 5 ed. [S.l.]: Academia Brasileira de Letras. p. LI-LIII. ISBN978-85-260-1363-6. Consultado em 14 de fevereiro de 2019
↑BRASIL, Decreto nº 726, de 8 de dezembro de 1900. Autoriza o Governo a dar permanente installação, em prédio público de que possa dispor, à Academia Brazileira de Lettras, fundada na capital da República, e decreta outras providencias.
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