Na madrugada de 27 de janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, um trágico incêndio ocorrido na boate Kiss deixa 242 vítimas fatais e 636 gravemente feridos, sendo considerado a segunda maior tragédia no Brasil em número de vítimas em um incêndio. As vítimas eram na maioria estudantes da Universidade Federal de Santa Maria e a festa foi organizada pelos universitários para arrecadar dinheiro para a formatura. No primeiro episódio, é apresentado a história de alguns jovens e suas relações familiares: Mari queria comemorar seu aniversário de vinte anos com suas amigas; Felipinho queria aproveitar ao máximo aquela noite por morar no campo; Guilherme viajou da casa dos pais em São Paulo para visitar a irmã; Marco estava de volta depois de quatro anos morando na Austrália; e a estudante Grazi é convencida por Antônio para curtir a vida e se desligar um pouco dos estudos.
A partir dessa tragédia, a série acompanha as investigações dos delegados João e Tereza acerca da negligência dos donos da boate e da falsa fiscalização da prefeitura; a dificuldade dos sobreviventes Grazi e Fernando para voltarem a normalidade; e a luta dos pais dos jovens mortos para colocar os culpados na cadeia, esbarrando nos promotores Avelar e Monteiro, que tentam evitar responsabilizar os políticos envolvidos.[4]
Produção
Desenvolvimento
Em 10 de abril de 2022, a Netflix divulgou o elenco que integraria a minissérie e que a mesma teria sua história contada em cinco episódios.[1] A produção é inspirada no livro Todo Dia a Mesma Noite: A História Não Contada da Boate Kiss, da jornalista Daniela Arbex. No livro, Daniela compilou centenas de relatos de familiares das vítimas, sobreviventes e outros testemunhos do incêndio que abalou o Brasil e resultou na morte de 242 jovens em Santa Maria, Rio Grande do Sul.[1] A jornalista também integra a produção da minissérie como diretora criativa. Para ela, a obra tem a intenção de construir "memória coletiva do País".[1]
A série busca permanecer o mais fiel possível aos eventos, exigindo apenas pequenas adaptações. Na vida real, a banda que se apresentava na Boate Kiss na noite do incêndio era chamada Gurizada Fandangueira, enquanto na ficção optou-se pelo nome Guapos Baladeiros.[5]
Gravações
A equipe de criação e produção da série tomou cuidado para evitar que os atores do elenco se encontrassem com os pais retratados na vida real antes do término das filmagens.[6] Essa precaução visava preservar as emoções e o resultado do trabalho de preparação do elenco. O primeiro encontro entre os intérpretes e as pessoas que eles representavam ocorreu apenas na semana anterior ao lançamento da série na Netflix, durante uma apresentação prévia para os pais reais, resultando em grande emoção para atores e personagens reais.[6]
Um incêndio transforma a boate Kiss em um verdadeiro inferno. Os jovens que estavam lá não voltam para casa, e os pais começam uma busca pela cidade.
2
"O Luto"
Júlia Rezende & Carol Minêm
Gustavo Lipsztein
25 de janeiro de 2023 (2023-01-25)
As autoridades investigam as causas do incêndio. A cidade continua de luto pelas centenas de mortes provocadas pela tragédia.
3
"A Culpa"
Júlia Rezende & Carol Minêm
Gustavo Lipsztein
25 de janeiro de 2023 (2023-01-25)
A polícia interroga várias pessoas envolvidas no incêndio. Os pais das vítimas criam uma associação para lutar pela justiça e investigar por conta própria.
4
"O Processo"
Júlia Rezende & Carol Minêm
Gustavo Lipsztein
25 de janeiro de 2023 (2023-01-25)
Os sobreviventes sofrem com as queimaduras. A investigação dos pais das vítimas revela que o governo local sabia de muito mais do que se imaginava.
5
"Sem Fim"
Júlia Rezende & Carol Minêm
Gustavo Lipsztein
25 de janeiro de 2023 (2023-01-25)
As audiências duram anos, mas ninguém é condenado. Os pais das vítimas tentam levar o caso a júri popular.
Repercussão
Problemas com os familiares das vítimas
Cerca de 40 famílias das vítimas da tragédia da boate Kiss anunciaram que pretendem processar a Netflix por suposta exploração comercial da minissérie. Um dos familiares disse à imprensa que a plataforma sequer informou sobre a divulgação de uma série dramática sobre a tragédia, tampouco houve permissão para produzir.[9] Amigos e familiares criaram um grupo de WhatsApp para se discutir o assunto. A advogada dos familiares pediu também um acordo com a plataforma para que parte do lucro gerado pela obra seja revertido para a construção de um memorial às 242 vítimas, além de entrega de valores aos familiares e sobreviventes. Segundo a advogada, alguns retomaram terapias e tratamentos psicológicos por conta da divulgação do conteúdo.[10] A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) negou que vai processar a Netflix pela produção da série uma vez que eles estavam cientes da produção.[11]