As folhas apresentam filotaxia alterna, dispostas em espiral ou em duas fileiras ao longo de caules curtos, que nalgumas espécies se reduzem a uma roseta basal de folhas. As folhas são simples, sésseis, por vezes decumbentes. A lâmina foliar, com veias paralelas bem marcadas, é linear a lanceolada, com a extremidade obvolada a arredondada. A margem da folha é lisa.
As flores são solitárias ou agrupadas em inflorescências terminais, simples ou compostas frequentemente racemosas, com brácteas bem desenvolvidas. São flores hermafroditas, trímeras, com simetria radial ou ligeiramente zigomórficas devido à presença de estames de tamanhos diferentes. As seis tépalas, iguais entre si, são livres ou mais ou menos soldadas. A cor das tépalas varia do amarelo ou branco a roxo a azul. Os estames são seis, soldados ou livres, geralmente desiguais, podendo ser todos férteis ou de um a três, raramente até cinco, estarem transformados em estaminódios. Os três carpelos são na maioria das espécies semi-ínferos, mas no género Walleria o ovário é súpero, com quatro a cinquenta óvulos por câmara. O estilete é recto a ligeiramente encurvado e termina num estigma cefálico a mais ou menos trilobado.
Nos sistemas de classificação clássica de base morfológica, os membros da moderna família Tecophilaeaceae eram integrados na família das Liliaceaesensu lato, situação que se manteve inclusive no sistema de Cronquist. Só recentemente, com o advento das técnicas da filogenética, este agrupamento de espécies foi reconhecida pelo Angiosperm Phylogeny Group, na versão de 1998 do sistema APG, como uma família autónoma.[5]
O sistema APG IV de 2016, manteve inalterada a solução das versões anteriores (desde o sistema APG de 1998), reconhecendo a família na sua presente circunscrição.[1][5]
A família inclui desde então 9 géneros, com cerca de 27 espécies consideradas validamente descritas, com distribuição natural na África, no oeste da América do Sul e no oeste da América do Norte. Esta circunscrição inclui o género Cyanastrum, que por vezes tem sido tratado como uma família separada sob a designação de Cyanastraceae.
Taxonomia e filogenia
Na presente circunscrição das Asparagales, é possível estabelecer uma árvore filogenética que, incluindo os grupos que embora reduzidos à categoria de subfamília foram até recentemente amplamente tratados como famílias, assinale a posição filogenética das Tecophilaeaceae:[6][7]
O género Lanaria esteve anteriormente incluído na família das Tecophilaeaceae mas foi autonomizado por razões filogenéticas estando agora na LanariaceaeH.Huber ex R.Dahlgren & A.E.vanWijk.
WalleriaJ.Kirk (sin.: AndrosyneSalisb.): com três espécies distribuídas pelas regiões tropicais e subtropicais da África, desde a Tanzânia à África do Sul.[4]
↑ abcAngiosperm Phylogeny Group (2016). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV». Botanical Journal of the Linnean Society. 181 (1): 1–20. ISSN0024-4074. doi:10.1111/boj.12385 !CS1 manut: Usa parâmetro autores (link)
↑ abcdefghijklmGovaerts & al., Tecophilaeaceae em World Checklist of Selected Plant Families. The Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew. Publicado na internet.
↑ abAngiosperm Phylogeny Group III (2009), «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III», Botanical Journal of the Linnean Society, 161 (2): 105–121, doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x
John Charles Manning & Peter Goldblatt: A revision of Tecophilaeaceae subfam. Tecophilaeoideae in Africa. In: Bothalia, Volume 42, 2012. S. 21–41. (PDF)
Watson, L., and Dallwitz, M.J. 1992 onwards. The families of flowering plants: descriptions, illustrations, identification, and information retrieval. Version: 1st June 2007