O Solar da Quinta da Cruz, igualmente conhecido como Solar dos Mascarenhas Marreiros Leite ou Hotel Capela das Artes, é uma quinta na vila de Alcantarilha, no Município de Silves, em Portugal. Foi classificado como Monumento de Interesse Público.[1]
Descrição
O solar apresenta uma aparência muito formal, sendo de realçar os vários vãos simétricos, com verga recta, sendo alguns com moldura trabalhada.[1] No exterior existe uma escadaria, que dá acesso ao primeiro andar e às varandas.[1] Destacam-se também os telhados de tesouro, típicos da região.[2]
A capela, situada no interior do solar,[2] já não possui os equipamentos relativos aos ritos religiosos, mas ainda conserva as paredes pintadas com frescos, com formas geométricas.[1] Na cobertura tem uma cúpula em forma de calote esférica.[2] Além do solar, o complexo também inclui um poço, e o antigo edifício do lagar.[1]
O imóvel situa-se junto à entrada Oeste de Alcantarilha, tendo acesso pela Estrada Nacional 125.[3]
História
O edifício original do Solar terá sido construído no século XV, possuindo nessa altura apenas um piso.[1] O complexo, que era propriedade da família Mascarenhas, sofreu várias alterações ao longo da sua história, incluindo a construção de vários pédios em redor do edifício principal,[1] que recebeu mais um piso no século XVII.[3] Em 1791, a capela foi consagrada por D. Francisco Gomes do Avelar, Bispo do Algarve.[1]
A quinta foi de grande importância para o desenvolvimento económico da região, tendo sido um importante centro de produção agrícola, principalmente devido ao seu lagar de azeite, que era um dos poucos no Algarve ainda a trabalhar nos finais de setecentos.[1] Este lagar foi o primeiro a vapor em território nacional.[2] No interior da quinta também havia um poço, que serviu para abastecer os habitantes de Alcantarilha.[1]
Na transição para o século XXI, o complexo da quinta estava num estado quase totalmente devoluto,[2] tendo entre 2001 e 2002 sido alvo de grandes obras de remodelação e para adaptação numa unidade cultural e hoteleira, com o nome de Hotel Capela das Artes.[1] Durante esta reconversão deu-se uma grande importância às vertentes cultural e artística, tendo o edifício do solar ficado dividido em várias salas polivalentes,[1] que incluem um museu, uma fábrica de cerâmica e azulejo, salas para conferências e exposições, galerias, uma biblioteca, e ateliers de escultura e pintura.[3] O antigo lagar, que preservou parte dos equipamentos originais, passou a ser uma oficina.[1] Para a instalação das unidades de alojamento, foi construído um prédio de raiz, a alguma distância do edifício do solar.[1]
Em 20 de Janeiro de 1986, a Casa do Algarve fez uma proposta para a classificação do complexo como um solar, tendo em 1 de Julho desse ano sido enviada uma missiva a informar a autarquia de Silves de que o edifício estava a ser alvo de um processo de classificação, com o nome de Solar dos Mascarenhas Marreiros Leite.[1] Em 28 de Agosto de 2000, o proprietário propôs a classificação do edifício misto conhecido como Quinta da Cruz, e em 4 de Janeiro de 2008 foi feita uma nova proposta de classificação, desta vez por parte da Direcção Regional de Cultura do Algarve, como Solar com Capela e Lagar de Azeite.[1] Em 8 de Janeiro de 2008 o director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico emitiu um despacho para o início do processo, mas este acabou por caducar.[1] O proprietário fez uma nova tentativa em 23 de Setembro de 2011, tendo o despacho para a abertura sido publicado em 27 de Outubro de 2011,[1] e o Anúncio 17202/2011 colocou oficialmente o imóvel como estando em vias de classificação.[4] Em 18 de Junho de 2012, a Secção do Património Arquictetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura emitiu um parecer propondo que o conjunto tivesse a categoria de Monumento de Interesse Público, pelo que o IGESPAR propôs a classificação à Ministra da Cultura a classificação, através do Anúncio n.º 13285/2012, de 12 de Julho.[5] O conjunto foi classificado como Monumento de Interesse Público pela Portaria n.º 621/2013, de 9 de Setembro, que também fixou a Zona especial de protecção.[6]
Ver também
Referências
Ligações externas