Nascido na cidade do Rio de Janeiro, era filho único de um executivo da IBM, Domingos Bustamante, e da dona de casa Maria. Nos anos 90, Serguei visitava regularmente Dona Maria que ainda conservava seu apartamento na Barra da Tijuca. Na infância, ele teve um amigo russo que lhe chamava de "Sergei" (em russo: Сергей, variação de "Sérgio" em russo), porque tinha dificuldade em pronunciar seu nome corretamente, passando assim a usar a variação do nome como nome artístico em sua carreira.
Segundo o próprio Serguei, sua carreira musical começou em junho de 1951, quando fez seu primeiro show "numa festa de São João, aos 18 anos", quando lembrou numa entrevista.[5] Depois, retornou aos Estados Unidos onde continuou sua carreira, participando de festivais voltados para estudantes.[6]
Em meados dos anos 1960, Serguei começou a tornar-se conhecido no Brasil cantando com o grupo The Youngsters, uma das bandas de apoio de Roberto Carlos.[2] Em 1967 é retratado pela revista Intervalo (sendo chamado de o "cantor alucinado") em plena Avenida Rio Branco onde realiza um protesto hippie e desfila com um cartaz em que se lia:
“
Abaixo o convencionalismo! Viva a alegria, viva a vida!!! Proclamo a autenticidade e o direito de ser jovem e feliz! Chega de guerra, chega de tristeza, chega de mêdo. A era nova chegou! Viva o Rio! Viva os "Beatles"! Lanço meu grito de vida e meu protesto jovem. Sergei.
”
— Trecho de matéria da Revista Intervalo de 1967[7]
Em 1969, esteve no famoso Festival de Woodstock,[8] e no final deste mesmo ano, o cantor, que era pansexual, afirmou ter mantido um relacionamento afetivo com a cantora americana Janis Joplin, em Long Island. Essa suposta relação foi um dos motivos pelo qual ficou conhecido,[8][9] mas o cantor entra em contradições cronológicas em suas entrevistas;[10] não há como confirmar, uma vez que a própria cantora morreu em 1970.[11]
Em 1972, retornou definitivamente ao Brasil, e foi morar na cidade de Saquarema, no Estado do Rio de Janeiro, onde viveu até o ano de seu falecimento.[2]
Em 1973, o apresentador Flávio Cavalcanti deu a Serguei o Troféu Policarpo, de "pior cantor do ano".[2] Alguns programas antes, o apresentador chegou a quebrar seus discos no ar.
Em 1979, em uma tentativa da gravadora de lança-lo como cantor “latino”, Serguei gravou o compacto “Samba Salsa”, de samba e ritmos caribenhos. Atualmente este compacto é um raro item de colecionador.
Sua apresentação solo no Rock In Rio II (1991) aparece na íntegra no DVD Na cama com Serguei, de 2018.[12] Já sobre sua apresentação no Rock In Rio III (2001), Serguei conta que Axl Rose o quis conhecer "porque eu abaixei as calças no palco, mas eu estava muito cansado e preferi ir embora. Mas eu adoro o Guns N’ Roses".[13] Serguei conta que Axl disse: "Pelo amor de Deus, segurem esse louco que eu tenho que conhecê-lo".[14]
Em 1999, o livro "Serguei, O Anjo Maldito", de João Henrique Schiller foi lançado.
Em seus últimos anos, o cantor participou de diversos programas na televisão. Em 2010, trabalhou como jurado do programa "Festival Ridículos", comandado pelo humorista e apresentador Tom Cavalcante na emissora de televisão RecordTV. No ano seguinte, participou de alguns quadros do programa Show do Tom, da Rede Record; e em 2012, foi entrevistado no programa Agora é Tarde. Serguei foi um dos artistas que mais teve convites e aparições no Programa do Jô, apresentado por Jô Soares, de quem foi um grande amigo.
Em abril de 2013, sentindo fortes dores no corpo, devido a fibromialgia, Serguei foi internado no Hospital Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, Rio de Janeiro. Voltou para casa após alguns dias, mas duas semanas depois retornou, passando mais dois dias internado. Ao ser liberado novamente, declarou estar tomando remédios e querer voltar a fazer shows, pois já se sentia bem.[16]
Considerado o roqueiro mais antigo do Brasil, Serguei fez shows ao lado de sua banda, a Pandemonium,[8] que o acompanhou de 2008 até sua morte. Era considerado cantor oficial do grupo Hells Angels (motoclube internacional).[2]
Em maio de 2019, novamente foi internado no mesmo hospital para tratar de um forte quadro de desidratação, desnutrição e pneumonia. O artista também apresentava um quadro inicial de Alzheimer, mas mesmo assim reconheceu seus amigos no leito hospitalar, onde respondia bem ao tratamento.[18] No final do mesmo mês o quadro de saúde de Serguei piorou, e ele foi transferido de helicóptero para o Hospital Zilda Arns, localizado em Volta Redonda. O cantor ficou internado na UTI, e na manhã do dia 7 de junho de 2019 faleceu devido a uma falência de múltiplos órgãos.[18] A prefeitura de Saquarema decretou luto de três dias e seu velório ocorreu no dia seguinte, na Câmara Municipal de Saquarema.[1]
Em sua residência, na cidade de Saquarema, foi criado o "Templo do Rock",[8][9] administrado por Serguei, constituído com peças de roupas, discos, prêmios, livros, cartazes, filmes em VHS e outros materiais sobre a vida do cantor. Sua residência é um ponto turístico da cidade. A casa foi construída pelo empresário e ambientalista Russell Wid Coffin em um terreno doado pela prefeitura em 2006 e chegou a receber mais de 20 mil visitantes.
Em 2010, a prefeitura de Saquarema fez uma ampliação em casa, reformando-a. Serguei recebia uma verba mensal da prefeitura para manter o Templo do Rock, que é considerado um local histórico para a cidade.[2]
Após a morte do cantor, a Secretaria de Comunicação de Saquarema avisou que "o local ficará designado à Secretaria Municipal de Educação e Cultura para coordenar as ações de preservação, mantendo-o como patrimônio cultural do município, levando a história de Serguei e do Rock brasileiro para as futuras gerações".[5]
Estilo e Legado
No entender de Fabian Chacur, do MondoPop, "sempre lembrado como o cara que namorou a Janis Joplin, Serguei é o roqueiro em estado puro. Seu canto é rouco, frequentemente desafinado, gritado, mesmo. Mas com uma personalidade que supera toda e qualquer deficiência, com uma assinatura própria e forte".[20] Já para Mauro Ferreira, do G1, "Serguei será sempre mais lembrado pela irreverência e pela atitude do que pela música. Ele foi tão rock'n'roll que nem precisou construir uma obra sólida como cantor para se tornar um símbolo deste gênero rebelde pela própria natureza".[21]
↑ abodia.ig.com.br/Serguei: a despedida do verdadeiro maluco beleza do rock brasileiro
↑terra.com.br/Paulo Ricardo, Gugu e mais famosos lamentam morte do roqueiro Serguei:"Pioneiro"
↑Julio César (21 de outubro de 1967). «Sergei protesta descalço». Revista Intervalo, Ano V, nº 249, página 52-53/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 21 de abril de 2019