Santa Maria dell'Anima é uma das muitas instituições de caridade medievais construídas para ajudar os peregrinos em Roma. A igreja remonta ao ano de 1350, quando Johannes (Jan) e Katharina Peters de Dordrecht compraram três casas no local e as transformaram num albergue para peregrinos enfermos durante o Jubileu de 1350.[2] É possível que Jan Peters tenha sido um comerciante holandês ou um soldado papal e Dordrecht estava localizada na região que mais tarde se tornaria os Países Baixos (Holanda). Eles batizaram o albergue de "Beatae Mariae Animarum" ("Santa Maria das Almas").[3] No século XV, as instalações foram ampliadas para servir também de hotel para visitantes de todo o Sacro Império, embora inicialmente os ocupantes fossem majoritariamente oriundos dos Países Baixos. A partir de meados do século XV, começaram a chegar os peregrinos da Renânia.
A fundação do albergue para os enfermos foi confirmada por uma bula do papa Bonifácio IX, de 9 de novembro de 1399, que concedeu indulgências ao estabelecimnento.[3] Em 21 de maio de 1406, o papa Inocêncio VII, em sua bula Piae Postulatio, declarou o complexo livre todas as influências e o colocou sob seu controle direto. Em 1418, o albergue foi agraciado com o legado de seu segundo fundador, Diedrich de Niem.
Os papas do século XV, com exceção do papa Sisto IV, demonstraram enorme gratidão ao albergue. Em 1431, uma igreja foi construída no local da capela que servia aos hóspedes (consagrada pelo papa Eugênio IV em 1444) e a comunidade foi reunida com o albergue para enfermos alemão de Santo André, que havia sido fundado em 1372 pelo padre Nicolau de Colônia. Nos séculos XV e XVI, Santa Maria dell'Anima tornou-se o principal centro nacional e religioso, além de cemitério, de todo o Sacro Império Romano-Germânico.
Séculos XVI e XVII
Johann Burchard, de Estrasburgo, juntou-se à Confraternidade de Santa Maria dell'Anima e ascendeu ao posto de provost no final do século XV. Já no cargo, ele decidiu reconstruir a igreja para o Jubileu de 1500 e o resultado é a igreja moderna, cujo estilo renascentista deve sua influência a Bramante. A obra foi custeada com doações coletadas na comunidade germânica entre 1499 e 1522 e o edifício foi construído exatamente sobre a igreja antiga, de 1431, e foi decorada pelos grandes artistas da época.
Obra do arquiteto Andrea Sansovino, Santa Maria é uma igreja-salão típica da Europa Setentrional e uma raridade entre as muitas igrejas italianas em Roma. A fachada foi concluída por Giuliano da Sangallo em 1522, mas a nova igreja só foi consagrada em 25 de novembro de 1542.
Baumüller, Barbara (2000). Santa Maria dell'Anima in Rom: ein Kirchenbau im politischen Spannungsfeld der Zeit um 1500 (em alemão). [S.l.]: Gebr. Mann. ISBN978-3-7861-2308-8
Moos, Paul Sebastian/Nikitsch, Eberhard J.: A Glance into the Historian’s Workshop: The Working World of the Epigrapher. The Historical Auxiliary Sciences and Their Significance for Historical and Academic Studies – a Roman Experience Report, in: Skriptum 2 (2012), Nr. 1, URN: urn:nbn:de:0289-2012050312.