Sancha de Aragão (Jaca, c. 1045 – Santa Cruz de la Serós, 5 de abril ou 16 de agosto de 1097)[1] foi uma infanta de Aragão por nascimento. Ela foi condessa de Urgel pelo seu casamento com Armengol III de Urgel. Como irmã do rei Sancho I de Aragão, durante o seu reinado, Sancha desempenhou uma papel importante em consolidar o reino de Aragão, o qual havia sido fundado pelo pai, em 1035. Apesar de não ter se tornado freira após ficar viúva, foi responsável pela administração da Abadia de Santa Cruz, e mais tarde, pela diocese de Pamplona.
Em data desconhecida, é possível que Sancha tenha se casado com o conde Ponce Guilherme de Tolosa, como sua terceira e última esposa. Ponce era filho de Guilherme III Taillefer e de Ema da Provença. Ele não tiveram filhos juntos, e teriam permanecido juntos até a morte dele, em 1060. No entanto, esse casamento apenas é mencionado na Crónica de San Juan de la Peña, e nenhuma outra fonte o confirma.[1]
Por volta de 1063 ou 1065, a infanta aragonesa se casou com o conde Armengol III de Urgel, filho de Armengol II de Urgel e de sua segunda esposa, Constança de Besalú. Ela já tinha sido casado duas vezes antes. Logo, no entanto, Armengol veio a falecer em fevereiro ou março de 1065, sem ter tido filhos com Sancha.
Como uma viúva de aproximadamente 20 anos de idade apenas, a condessa permaneceu, por algum tempo, no Condado de Urgel, e apareceu em atos do governo ao lado do enteado, Armengol IV,[2] filho da primeira esposa de Armengol III, Adelaid e de Besalú. No dia 12 de abril de 1065, ela fez uma doação em benefício da alma do marido.[3]
Quando Sancha finalmente retornou ao seu país natal, ela entrou no Convento de Santa Maria, em Santa Cruz de la Serós, em 1070,[4] onde sua irmã, Urraca, já era freira, tendo ingressado na Igreja a pedido do pai. Era o convento mais antigo de Aragão, fundado em 922. A outra irmã, Teresa, também adentrou a casa religiosa, provavelmente sob as ordens do irmão, Sancho I, pois, na época, nenhuma marido adequado pôde ser achado para ela. Quanto a condessa viúva, ela provavelmente não se tornou uma freira, mas parece ter agido como administradora do convento.[2] Ela era a beneficiária das doações do irmão, e suas propriedades formavam quase um apanágio da família real. Essas terras formariam o núcleo do território do mosteiro no futuro.[3]
No dia 27 de outubro de 1070, no átrio da Abadia de Santa Cruz, diante da abadessa e as freiras, Sancha de Aibar, mãe do rei Ramiro I e avó de Sancha, deu para a neta o Mosteiro de Santa Cecília de Aibar junto ao seu direito subordinado e receitas, além da Vila Miranda em Cinco Villas, e a propriedade de San Pelágio de Atés. A Sancha mais velha havia recebido a propriedade de Aibar e o mosteiro da antiga rainha Jimena Fernandes, a avó de Ramiro. Já do filho, Sancha recebeu Miranda e Pelágio após ele ter se tornado rei. Assim, após presentear a neta, ela se juntou ao convento de Santa Cruz. A Sancha mais nova aproveitou, então, os lucros de suas aquisições até sua morte, quando as suas terras passaram para o convento.[3] Essa doação e suas estipulações servem como evidência de que a infanta, embora ainda fosse jovem, não tinha intenção de se casar novamente.[3]
No ano de 1078, Sancha, agindo em nome de Santa Cruz, trocou algumas terras com o Mosteiro de Leyre. No ano seguinte, em 1079, ela fez algo similar com o Mosteiro de San Juan de la Peña, porém, desta vez, estava acompanhada pela abadessa de Santa Cruz, Mindonia.[3] Ela também administrava a Abadia de San Pedro de Siresa. Em 1080, ela foi testemunha do testamento do conde Sancho Galindez.[5]
Sancha tinha a confiança do irmão, o rei. Ela julgava caso junto ao irmão e cunhada, a rainha, e confirmava diplomas reais.[5] Em 1082, durante uma disputa entre os irmãos, Sancho deu a administração e as receitas da diocese de Pamplona para Sancha. Ela geriu a diocese até a eleição de um novo bispo, Pedro de Roda, em 1083.[6] Em sua administração da Abadia de Santa Cruz e da diocese de Pamplona, a infanta trabalhou em promover a Reforma gregoriana. Sancha, possivelmente, era a aliada mais importante que o Papa Gregório VII tinha na Península Ibérica na época.[2]
Sancha esteve presente, no data de 4 de dezembro de 1094, quando a Igreja de San Juan de la Peña foi consagrada, e o corpo do irmão, Sancho, foi enterrado. Em 17 de dezembro de 1096, ela e o sobrinho, o rei Pedro I, confirmaram a doação feita por Pedro de Roda, recém nomeado bispo de Huesca, ao Mosteiro de Saint-Pons-de-Thomières (hoje na França), após a conquista da cidade de Huesca. Em 5 de abril de 1097, ela confirmou a doação do sobrinho da Catedral de Huesca para a igreja.[3]
Sancha provavelmente faleceu em alguma data entre 5 de abril a 16 de agosto de 1097, quando tinha cerca de 52 anos, e foi sepultada no Mosteiro Real dos Beneditinos na cidade de Jaca. Seu sarcófago foi produzido sob as ordens do sobrinho, Pedro I.[4] Em 1622, seu corpo foi transferido para Santa Cruz de la Séros, onde permanece até hoje.
↑ abMann, Janice (2009). Romanesque Architecture and Its Sculptural Decoration in Christian Spain, 1000–1120: Exploring Frontiers and Defining Identities. [S.l.]: University of Toronto Press. pp. 78 a 79
↑Lapeña, Ana Isabel Paúl (2004). Sancho Ramírez: Rey de Aragón (1064?–1094) y rey de Navarra (1076–1094). [S.l.]: Ediciones Trea