Salome (prt: Salomé[1]) é um filme mudo estadunidense de 1923, do gênero drama, dirigido por Charles Bryant e estrelado por Alla Nazimova.[2] Trata-se de uma adaptação da peça homônima de Oscar Wilde, por sua vez uma versão livre da história bíblica do rei Herodes e a execução de João Batista (aqui, como na peça de Wilde, chamada Jokaanan), a pedido de sua enteada, Salomé, a quem ele deseja.
Salomé é muitas vezes considerado um dos primeiros filmes de arte a serem feitos nos Estados Unidos.[3] Os trajes altamente estilizados, a atuação exagerada, os sets minimalistas e a ausência de tudo, menos o mais necessário, compõem um filme mais focado na atmosfera e na transmissão de um senso maior nos desejos individuais das personagens do que no desenvolvimento de tramas convencionais.
Enredo
Conforme descrito em uma revista de cinema,[4] durante um banquete no palácio de Herodes, o Tetrarca (Lewis) dedica muita atenção à sua enteada Salomé (Nazimova), irritando sua esposa Herodias (Dione). Salomé sai para o pátio adjacente ao salão do banquete e persuade o soldado de guarda a deixá-la ver Iokanaan (De Brulier), que é então trazido de baixo da prisão. Salomé demonstra seu amor pelo Profeta e, quando ele ignora suas atenções, declara que o beijará. O preço é uma dança diante de Herodes, que lhe promete que atenderá a qualquer pedido pela dança. Salomé pede e obtém a cabeça do Profeta, beijando-a. Herodes então se volta contra ela e ordena que a matem.
Apesar do filme ter apenas um pouco mais de uma hora de duração e não ter nenhuma ação real, custou mais de US $ 300.000 para ser feito.[5] Todos os sets foram construídos em ambientes fechados para poder controlar completamente a iluminação.[5]
As filmagens ocorreram completamente em preto e branco, fiel as ilustrações feitas por Aubrey Beardsley na edição impressa da peça de Wilde.[6] Os trajes, projetados por Natacha Rambova, utilizaram apenas material da Maison Lewis de Paris, como as tangas de lamê de prata usadas pelos guardas.[5]
Enquanto o filme ainda estava em produção foi afirmado pelo cronista da decadência de Hollywood, Kenneth Anger, que o elenco era composto inteiramente de atores gays ou bissexuais em homenagem a Oscar Wilde, por demanda da estrela e produtora Nazimova.[7][8]
Em seu livro sobre homossexualidade no cinema,intitulado The Celluloid Closet, o ativista e autor Vito Russo, afirmou que algumas das cenas em que a temática da homossexualidade é colocada de forma mais clara foram cortadas, antes mesmo do filme ser lançado, incluindo uma em que um relação entre dois soldados sírios é mostrada.[9]
Devido as controvérsias nenhum estúdio conhecido queria ser associado ao filme.[10] O lançamento aconteceu anos depois de sua conclusão, através de um distribuidor independente.[10]
Recepção e legado
O fraco desempenho nas bilheterias marcou o fim da carreira de Nazimova como produtora.[11] A recepção dos críticos, no entanto, foi favorável. Uma resenha feita pela revista Screenland, o descreveu como "uma pintura habilmente acariciada na tela de prata" e que "os poetas e os sonhadores encontrarão delícias imaginativas nos sets estranhos e na atuação mais estranha ainda, deprimente às vezes, para pessoas comuns. E vale a pena ver Nazimova equilibrar sua cabeça de árvore de Natal!".[12]
Em 2001, recebeu uma nominação do American Film Institute, para integrar a lista AFI's 100 Years... 100 Passions.[13]
Galeria
Salomé.
Salomé no pátio do palácio.
Salomé ao ouvir a voz de Iokanaan.
Salomé fazendo pedido a Herodes.
Salomé dançando a "Dança dos 7 véus".
Salomé imaginando-se coberta de pérolas e pedras preciosas.
↑Theophano, Teresa. «Film Actors: Lesbian». glbtq.com (em inglês). Consultado em 25 de novembro de 2012. Arquivado do original em 16 de dezembro de 2012