O Sítio arqueológico de Palheirões do Alegra é uma zona onde foram encontrados vários vestígios do período Mesolítico, situada na freguesia de São Teotónio, no Município de Odemira, na região do Baixo Alentejo, em Portugal.
Descrição e história
A estação arqueológica está situada no topo das arribas, na costa atlântica,[1] a cerca de 3 Km de distância da foz do Rio Mira.[2] É provavelmente a maior concentração de vestígios da Cultura Mirense, durante o Mesolítico, tendo sido ocupada ao longo de várias fases.[1] No local foram descobertos vários fundos de cabana e dezoito estruturas de combustão,[1] sendo estas últimas semelhantes a outras identificadas em vários sítios mirenses ao longo da costa alentejana, como as do Medo Tojeiro e da Foz dos Ouriços.[3]
Também foi recolhido um vasto espólio, composto por milhares de peças líticas, sendo a maior parte em grauvaque.[1] O depositário do espólio foi o Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.[1] De acordo com as datações absolutas, esta jazida está cronologicamente integrada no período Boreal.[1] Este sítio arqueológico foi considerado como uma das principais oficinas de talhe na zona, tendo sido encontrados vários utensílios macrolíticos, incluindo um pequeno número de machados mirenses, e outros microlíticos em sílex, provavelmente de tradição Magdalenense, substanciando desta forma uma cronologia nos princípios da fase pós-glaciar.[2] Esta teoria foi confirmada pelos testes de radiocarbono, que tiveram como resultado a data ICEN -136,8400±70BP.[2]
A Sul está situada a estação arqueológica Palheirão do Alegra 2, correspondente ao limite da ocupação dos Palheirões do Alegra.[4]
As primeiras pesquisas no local foram feitas no Verão de 1978, como parte de um programa de prospecção sistemática na costa atlântica entre Porto Covo e a Ponta de Sagres, no sentido de encontrar possíveis jazidas da cultura Mirense.[1] Os vestígios em Palheirões do Alegra foram encontrados devido aos efeitos da erosão eólica.[1] Em 1985 foi feito o levantamento arqueológico do local, durante o qual foram registadas e recolhidas as peças líticas e os manuports (en), e no ano seguinte prosseguiu o levantamento e as escavações, tendo sido identificadas seis camadas, uma destas correspondente ao nível arqueológico.[1] Em 1987 foram abertas novas valas, no sentido de identificar com mais precisão a localização do nível negro em redor do sítio arqueológico, e foi feita uma escavação em superfície junto ao corte 3, que tinha sido aberto em 1986, no sentido de conhecer a distribuição espacial do espólio e das bolsas de areais escuras, correspondentes a estruturas de combustão.[1] Entre 1988 e 1989 apenas foram feitas algumas visitas ao sítio, tendo a maior parte do trabalho sido o registo e o tratamento informático das investigações, tendo sido igualmente feitos os trabalhos preparatórios para a publicação de uma notícia científica sobre os Palheirões do Alegra.[1]
Em 1995 foram retomados os trabalhos de levantamento no local, como parte do programa de Levantamento Arqueológico do Concelho de Odemira, e em 1998 foi feita uma nova prospecção, no âmbito do Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos.[1]
Ver também
Referências
Leitura recomendada
- RAPOSO, Luís; PENALVA,C.; PEREIRA, J. P. (1989). Notícia da descoberta da estação mirense de Palheirões do Alegra, Cabo Sardão (Odemira, Portugal). Comunicação apresentada na II Reunión del Quaternario Iberico (Madrid, Setembro de 1989). [S.l.: s.n.]
- RAPOSO, Luís (1994). O sítio de Palheirões do Alegra e a “questão do Mirense”. Arqueología en el entorno del Bajo Guadiana: Actas del Encuentro Internacional de Arqueología del suroeste (em espanhol). Huelva: Universidade de Huelva. p. 55-69. ISBN 84-604-9615-5