Rufo era um patrício filho de um equestre chamado "Quinto".[3] Estudou dialética e retórica com Cícero, a quem acompanhou em sua viagem até Rodes em 78 a.C., e com Apolônio Molão, de Rodes, e iniciou sua carreira como orador no Fórum Romano.[4] Sabendo que jamais poderia rivalizar com seu mestre, abandonou a retórica pelo direito e a política.[4] Na jurisprudência, ultrapassou seus mestres, Lúcio Balbo e Aquílio Galo.
Durante a guerra civil entre César e Pompeu, depois de muitas dúvidas, Sulpício uniu seu destino ao de Júlio César, que o nomeou procônsul da Acaia em 46 a.C.; durante seu governo, Marcelo, seu antigo colega de consulado, foi assassinado em Pireu (perto de Atenas) e Sérvio sepultou seu corpo no ginásio da Academia de Atenas e mandou construir um monumento de mármore em sua memória.[8]
Morreu em 43 a.C. enquanto estava, juntamente com Lúcio Márcio Filipo e Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino, em uma missão do Senado que foi enviada até Marco Antônio, que estava acampado em Mutina, onde ele estava sitiando Décimo Júnio Bruto Albino. Foi-lhe celebrado um funeral público e uma estátua sua foi colocada na Rostra, a tribuna dos oradores no Fórum.[9] Estava casado com uma mulher chamada Postúmia e deixou um filho homônimo.
Jurista
Foi um jurista de grande renome na época republicana a quem Cícero dedicou diversos elogios,[10] considerando-o como o primeiro a levar a jurisprudência à categoria de ciência. Rufo foi citado profusamente na época clássica por Gaio e outros.[11] Em sua época, uma outra grande figura do direito foi Quinto Múcio Cévola, filho Públio Múcio Cévola, que era contrário à escola jurídico de Sulpício Rufo, que criou ao seu redor a chamada Escola Serviniana, que superou à de Múcio Cévola. Ela enfatizava a ajuda dos ouvintes e ajudantes ("auditores servii"") às respostas do jurista. Esta Escola enfatizava na assistência de ouvintes e auditores (auditores Servii) às respostas dadas pelo jurista.
Teve vários discípulos, entre eles Aufídio Manusa e Pacúvio Labeão, o pai de Labeão Ofílio, de ordem equestre e amigo de Júlio César, que comentou os éditos romanos em uma obra ainda mais extensa que a de seu mestre. De todos eles, destacava-se, como indica Vicente Arangio-Ruiz, Alfeno Varo, em cuja obra "Digesta"[12] podem ser encontradas, consolidadas e sistematicamente ordenadas, um enorme número de respostas e decisões escolásticas (possivelmente a maioria do próprio Sérvio Rufo) das quais se conservam grandes fragmentos no "Digesto" e no "Corpus Iuris Civilis" do imperadorJustiniano.
Obra
São atribuídos cerca de cento e oitenta livros jurídicos a Rufo,[13] mas se conhecem os títulos de apenas quatro, como "Críticas a Quinto Múcio Cévola" ("Reprehensa Scaevolae Capita ou Notata Mucii"). Não se conhece nenhum extrato direto das obras, apenas referências secundárias em obras de Cícero e Quintiliano.
Dois excelentes exemplos do estilo de Rufo aparecem nas cartas de Cícero.[14] O famoso deles está numa carta de pêsames escrita por Rufo depois da morte de Túlia, a filha de Cícero, muito admirada posteriormente por estar repleta de sutis e melancólicas reflexões sobre a transitoriedade de todas as coisas. Lord Byron citou esta carta em sua obra "A Peregrinação de Childe Harold".[15]Quintiliano[16] cita três discursos ("oratio") de Sulpício Rufo utilizados corriqueiramente como material de estudo em retórica 150 anos depois de sua morte. Dois deles, "Contra Murena" e "Pro/Contra Aufidium", desapareceram completamente. Afirma-se ainda que ele tenha escrito poemas eróticos.
As principais características de seu estilo literário eram a lucidez, um conhecimento íntimo dos princípios do direito civil e natural e um poder sem precedentes de expressão nas questões jurídicas.
Broughton, T. Robert S. (1952). The Magistrates of the Roman Republic. Volume II, 99 B.C. - 31 B.C. (em inglês). Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas
R. Schneider, De Servio Sulpicio Rufo (Leipzig, 1834); O. Karlowa, Römische Rechtsgeschichte, vol. i. (Leipzig, 1885).