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As relações entre Estados Unidos e Venezuela são as relações diplomáticas bilaterais estabelecidas entre os Estados Unidos da América e a República Bolivariana da Venezuela. Relações estas caracterizadas por um significante fluxo comercial e cooperação no combate ao narcotráfico; além de certa estabilidade durante várias décadas de história política venezuelana.[1] No entanto, ambos os países passaram por tensões diplomáticas após a ascensão de Hugo Chávez ao governo da Venezuela em 1999.
As tensões diplomáticas entre os dois países ampliaram-se após a Venezuela acusar o Governo Bush de apoiar abertamente o golpe de Estado em 2002.[2][3] Conseguinte ao quadro, nos anos seguintes, a Venezuela passou a apontar os Estados Unidos como adversário dos interesses latino-americanos; tendo, por exemplo, suspendido relações com o país em solidariedade à Bolívia após um embaixador estadunidense ser acusado de cooperar com grupos paralelos. Em fevereiro de 2014, o governo venezuelano expulsou três embaixadores estadunidenses do país sob a acusação de promoção de violência.[4]
Em 2014, as relações entre os dois países atingiram seu nível mais crítico após a imposição de sanções econômicas pelos Estados Unidos, sob a acusação de abuso de poder das forças policiais venezuelanas durante a onda de protestos contra Nicolás Maduro.[5] Em contrapartida, a Venezuela tem citado uma suposta tentativa de golpe de Estado apoiada pelos Estados Unidos.
História
1999 - 2013
Após sua eleição em 1999, Hugo Chávez passou a reafirmar a soberania venezuelana sobre as reservas petrolíferas, o que desafiou a até então confortável posição dos Estados Unidos sobre e economia regional. O governo Chávez causou um impasse na privatização da companhia estatal PDVSA, elevando os royalties para investidores estrangeiros e eventualmente dobrando o produto interno bruto do país.[6] As receitas da indústria petrolífera nacional foram deslocadas para programas sociais destinados a promover o desenvolvimento humano em áreas como saúde, educação, emprego, habitação, tecnologia, cultura, pensões e acesso a água potável.
O apoio público de Chávez a Cuba e sua admiração à figura de Fidel Castro chocaram-se contra a política de isolamento da ilha caribenha por parte dos Estados Unidos. Por conseguinte, os laços entre os dois países passaram a deteriorar-se gradativamente. Em 2000, quando a Venezuela assumiu a presidência rotativa da OPEC, Chávez empreendeu uma visita países membros do grupo, tornando-se o primeiro chefe de Estado a visitar oficialmente Saddam Hussein desde a Guerra do Golfo.[7] A visita de Estado ao Iraque foi vista de forma controversa por parte dos venezuelanos e também pelos Estados Unidos.[8][9]
Oposição à política externa estadunidense
Desde o início do governo Bush em 2001, Chávez tornou-se um forte crítico da política externa e econômica dos Estados Unidos, condenando publicamente as medidas norte-americanas com relação ao Iraque, Haiti, Kosovo e Caribe. Chávez também acusou publicamente o envolvimento dos Estados Unidos da deposição do presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro de 2004. Em discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente venezuelano afirmou que George W. Bush promovia "uma falsa democracia elitista" e uma "democracia de bombas".[10]
Em contrapartida, o governo Bush opôs-se arduamente às políticas de Chávez, e ainda que não reconhecesse de imediato o governo Carmon, demonstrou a intenção de apoiar o novo governo futuramente. O governo norte-americano chamou Chávez de "força negativa" na região e buscou apoio dos países vizinhas para isolar politicamente a Venezuela. Um deslize significativo ocorreu em 2005, na cimeira da Organização dos Estados Americanos (OEA), quando os Estados Unidos propuseram uma resolução para avaliar o teor democráticas de algumas nações do continente; a medida foi vista por analista como uma demonstração do apoio dos países latino-americanos a Chávez, suas políticas e seus pontos de vista.
Disputas pessoais
A retórica anti-americana de Chávez, por diversas vezes, tocava o campo pessoal. Em resposta à deposição do presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro de 2004, Chávez referiu-se a Bush como pendejo ("idiota" ou "estúpido" em espanhol);[11] em outro discurso, o venezuelano repetiria as mesmas palavras com relação à Secretária de EstadoCondoleezza Rice.[12] Em discurso às Nações Unidas em 2006, Chávez referiu-se a George W. Bush como "o Diabo" ao aproximar-se da mesma tribuna usada pelo presidente americano no dia anterior, e completando que a mesma "ainda fedia a enxofre".[10]
Administração Obama (2009 - 2013)
Durante a Eleição presidencial em 2008, Chávez declarou que não apoiaria nenhum dos candidatos - Barack Obama ou John McCain - indicando que "ambos os candidatos atacam a Venezuela igualmente defendendo os interesses do império".[14] Após a vitória de Obama, o Ministro das Relações Exteriores da Venezuela emitiu uma nota afirmando que o povo americano vivia um momento histórico ao escolher um "novo tipo" de diplomacia.[15] Apesar das críticas iniciais, Chávez posteriormente disse à imprensa que gostaria de reunir-se com Obama o mais rápido possível. Contudo, em 22 de março de 2009, chamou o presidente estadunidense de "ignorante" e disse que "tinha o mesmo cheiro de Bush", após a acusação de apoiar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.[16] Em resposta ao insultos, Obama afirmou que Chávez era "uma força que interrompia o progresso na região", resultando em sua decisão de suspender a nomeação de um embaixador à Venezuela.[16]
Em 10 de setembro de 2009, Hugo Chávez discursou na Universidade Russa da Amizade dos Povos. Na ocasião, declarou que "em toda a história, nunca houve um governo mais terrorista do que o império norte-americano", acrescentando que "o império ianque cairá" e "desaparecerá da face da Terra".[19]
Desde 2010, Estados Unidos e Venezuela não possuem embaixadores em suas respectivas capitais.[20] Pouco antes da eleição presidencial americana de 2012, Chávez anunciou que se fosse americano, votaria em Obama.[21] Em 2013, pouco antes da morte de Chávez, o Presidente interno da Venezuela, Nicolás Maduro, expulsou dois militares norte-americanos do país sob a acusação de planejar contra os seus interesses.[22][23] A Casa Branca respondeu às acusações expulsando dois diplomatas venezuelanos instalados no país.[24]
Presidência de Nicolás Maduro
Em 9 de março de 2015, o Presidente dos Estados UnidosBarack Obama assinou um decreto presidencial declarando a Venezuela uma "ameaça à segurança nacional" e impondo sanções contra sete representantes venezuelanos.[5]Nicolás Maduro, por sua vez, denunciou as sanções como uma tentativa de prejudicar seu governo socialista. Em resposta, o governo norte-americano afirmou que as sanções seriam contra determinados indivíduos envolvidos em violação de direitos humanos na Venezuela, e concluindo que os Estados Unidos estavam "profundamente conscientes dos esforços do governo venezuelano em aumentar a intimidação de seus oponentes políticos".[25]
A medida foi imediatamente criticada por outros países latino-americanos. A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) emitiu um comunicado através do qual criticava o que chamou de "medidas coercivas unilaterais contra o Direito Internacional".[26] O Secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, afirmou que a organização rejeita "qualquer tentativa de interferência interna ou externa em conturbar o processo democrático na Venezuela."[27]