Refugiados do Kosovo na Albânia

Um campo de refugiados do Kosovo em Kukës, Albânia

Os refugiados do Kosovo na Albânia referem-se sobretudo aos albaneses do Kosovo (na época parte da República Federal da Iugoslávia) que fugiram da Guerra do Kosovo para a vizinha Albânia em 1999. Essa crise foi excepcional na época, como um movimento populacional tão grande num curto período de tempo não visto desde a Segunda Guerra Mundial.[1] Para além dos que partiram para a Albânia, um grande número de refugiados do Kosovo fugiram para a antiga República iugoslava da Macedônia.[2] Quase todas as 500.000 a 600.000[1] pessoas restantes no Kosovo também foram deslocadas na própria região, sem deixá-la.[3]

Crise de refugiados de março a junho de 1999

Em março de 1999, a OTAN iniciou um ataque aéreo no Kosovo, em nome de uma "guerra humanitária".[4] Isto levou muitos albaneses a fugirem do Kosovo para países vizinhos,[5] principalmente de março a junho de 1999.

A Albânia abriu as suas fronteiras desde o início da crise, a fim de permitir a entrada dos refugiados.[6]:95[2] As pessoas chegavam diretamente à fronteira localizada no nordeste do país ou eram transferidas da Macedônia.[6]:95 A Albânia não estava preparada para a chegada de tantas pessoas e solicitou ajuda internacional a fim de cobrir as necessidades básicas dos refugiados.[2] Para coordenar as operações, o governo albanês criou o Grupo de Gerenciamento de Emergências dias após o início do ataque aéreo da OTAN.[2] Este grupo coordenou ações com o ACNUR e muitas outras organizações, tais como organizações não governamentais.[7] A situação tornaria-se delicada durante os primeiros dias porque o ACNUR e as ONGs não previram que os bombardeamentos da OTAN durariam vários meses e conduziriam a tal movimento populacional.[6]:95 À principio faltaram equipamentos, mas muitas entidades internacionais e ONGs levantam fundos e/ou deram ajuda prática à Albânia.[5] Vários países europeus afirmaram que era do interesse dos refugiados permanecer na região e concederiam ajuda financeira.[5] A Alemanha, por exemplo, ofereceu dinheiro para a construção de acampamentos na Albânia para os refugiados transferidos da Macedônia.[6]:95 Além dos refugiados colocados em acampamentos, a população albanesa acolheu muitos deles em suas casas,[5] compartilhando espaço e comida.[2]

Quase 435 mil refugiados tiveram que deixar o Kosovo para a Albânia, de acordo com o ACNUR.[7] A maioria chegou diretamente a Albânia e alguns foram transferidos da Macedônia.[6]:95 No auge da Guerra do Kosovo, os refugiados cruzariam a fronteira para a Albânia, a uma taxa de 4.000 pessoas por hora.[8] Posteriormente, o ACNUR afirmou que até 25% da população do Kosovo havia fugido.[8]

Em 11 de junho de 1999, a campanha aérea da OTAN cessou. No dia anterior, um acordo técnico-militar foi assinado por ambas as partes e encerrou com o conflito armado.[3] Posteriormente, o relatório do ACNUR, escrito sobre a crise dos refugiados, afirmou que esta foi bem administrada, considerando as circunstâncias.[7]

Depois da crise, a partir de junho de 1999

No tratado de paz assinado pela OTAN e pela República Federal da Iugoslávia, foi solicitado que os refugiados pudessem voltar para suas casas.[4] A maioria dos refugiados de fato conseguiria regressar ao Kosovo durante o mesmo ano, após o fim do conflito armado.[7]

Controvérsia

A OTAN culpou a República Federal de Iugoslávia e seu líder Slobodan Milošević pela crise de refugiados.[3] Por causa da instabilidade na região a partir de 1998, a OTAN não separou o afluxo massivo de refugiados a partir de 1998 até o final do conflito em suas estatísticas.[3] De acordo com vários pesquisadores, no entanto, o afluxo em massa começou logo após o bombardeio da OTAN a Iugoslávia.[2][6]:95[3]

Referências

  1. a b Iacopino, Vincent; Franck, Martina; Bauer, Heidi; Keller, Allen; Fink, Sheri; Ford, Doug; Pallin, Daniel; Waldman, Ronald (2001). «A Population-Based Assessment of Human Rights Abuses Committed Against Ethnic Albanian Refugees From Kosovo». American Journal of Public Health. 91(12): 2013–2018 
  2. a b c d e f Kondaj, Ruki (2002). «Management of Refugee Crisis in Albania during the 1999 Kosovo Conflict» (PDF). Croatian Medical Journal. 43: 190–194 
  3. a b c d e Huysmans, Jef (2002). «Shape-shifting NATO: humanitarian action and the Kosovo refugee crisis». Review of International Studies. 28: 599–618 
  4. a b Roberts, Adam (1999). «NATO's 'Humanitarian War' over Kosovo». Survival. 41:3: 102–123 
  5. a b c d UNHCR, Evaluation and Policy Analysis Unit (2000), The Kosovo refugee crisis, An Independant evaluation of UNHCR's emergency prepardness and response
  6. a b c d e f Barutciski, Michael; Suhrke, Astri (2001). «Lessons from the Kosovo Refugee Crisis: Innovations in Protection and Burden-sharing». Journal of Refugee Studies. 14:2 (2): 95–134. doi:10.1093/jrs/14.2.95 
  7. a b c d UNHCR (1999), Global Report, p.321, http://www.unhcr.org/3e2d4d50d.html
  8. a b «Refugees flee Kosovo horror». BBC News. 30 de março de 1999