Nota: "Às Portas do Inferno" redireciona para este artigo. Para o filme de Alan Parker, veja
Angel Heart.
Rashômon (prt: Às Portas do Inferno[1][2] ou Rashomon - Às Portas do Inferno[3]; bra: Rashomon[4][5]) é um filme japonês de 1950, dirigido por Akira Kurosawa, com roteiro de Shinobu Hashimoto e do próprio diretor[4] baseado em dois contos de Ryūnosuke Akutagawa ("Rashomon" e "Yabu no Naka")
Estrelado por Toshirō Mifune, Machiko Kyō e Masayuki Mori, o filme tem uma estrutura de narrativa não convencional que sugere a impossibilidade de obter a verdade sobre um evento quando há conflitos de pontos de vista. Tanto no inglês como em outras línguas, "Rashomon" se tornou um provérbio para qualquer situação na qual a veracidade de um evento é difícil de ser verificada devido a julgamentos conflitantes de diferentes testemunhas. Na psicologia, o filme emprestou seu nome ao chamado "Efeito Rashomon".[carece de fontes]
Sinopse
No Japão do século XI, um lenhador, um camponês e um sacerdote abrigam-se de uma forte tempestade nas ruínas do Portão de Rashomon. O sacerdote então começa a contar sobre um julgamento no qual foi testemunha, de um bandido que estuprara uma mulher e assassinara o marido dela. Nesse julgamento, os depoimentos são conflitantes, pondo em choque a verdade de cada um.[4]
Prêmios e indicações
Outros prêmios
Direção de fotografia
O uso de cenas contrastantes é um recurso frequente em Rashomon. De acordo com o crítico Donald Richie, o pedaço de tempo das cenas da esposa e do bandido são as mesmas quando o bandido esta barbaramente enlouquecido e a esposa histericamente enlouquecida.[8]
Conteúdo simbólico e alegórico
Devido à sua ênfase na subjetividade da verdade e na incerteza da precisão factual, Rashomon tem sido visto por alguns como uma alegoria da derrota do Japão no fim da Segunda Guerra Mundial. Entretanto, o conto Yabu no Naka de Akutagawa precede a adaptação cinematográfica em 28 anos, e alguma alegoria pós-guerra intencional teria, desse modo, sido resultado da influência de Kurosawa (baseado mais na moldura do conto do que nos próprios eventos). O artigo "Memórias da derrota do Japão: uma reavaliação de Rashomon", de James F. Davidson, na edição de dezembro de 1954 da Antioch Review, é uma análise precoce dos elementos da derrota na Segunda Guerra Mundial. Outra interpretação alegórica do filme é mencionada brevemente no artigo "Japão: uma nação ambivalente, um cinema ambivalente", de 1995, por David M. Desser [9] Aqui, o filme é visto como uma alegoria da bomba atômica na derrota japonesa. Também é brevemente mencionada a visão de James Goodwin na influência dos eventos do pós-guerra no filme.
Influência na filosofia
- Rashomon interpreta um papel central no diálogo de Martin Heidegger entre uma pessoa japonesa e um investigador. Enquanto o investigador elogia o filme por ser um caminho que leva ao "misterioso" mundo do Japão, o japonês condena o filme por ser muito Europeizado e dependente de um certo realismo objetificante que não está presente nas tradicionais peças de teatro noh japonesas.[10]
Referências em outros trabalhos de ficção
Bibliografia
- Davidson, James F. Memórias da derrota do Japão: uma reavaliação de Rashomon. Rashomon. (Ed.) Donald Richie. New Brunswick: Rutgers UP, 1987. pp.159–166.
- Erens, Patricia. Akira Kurosawa: Um guia de referências e recursos. Boston: G.K. Hall, 1979.
- Kauffman, Stanley. O impacto de Rashomon. Rashomon. (Ed.) Donald Richie. New Brunswick: Rutgers UP, 1987. pp. 173–177.
- McDonald, Keiko I. A dialética da luz e das trevas em Rashomon. Rashomon. (Ed.) Donald Richie. New Brunswick: Rutgers UP, 1987. pp. 183–192.
- Richie, Donald. Rashomon. Rashomon. (Ed.) Donald Richie. New Brunswick: Rutgers UP, 1987. pp. 1–21.
- Sato, Tadao. Rashomon. Rashomon. (Ed.) Donald Richie. New Brunswick: Rutgers UP, 1987. pp. 167–172.
- Tyler, Parker. Rashomon as Modern Art. Rashomon. (Ed.) Donald Richie. New Brunswick: Rutgers UP, 1987. pp. 149–158.
Referências
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