Quilombo Barra II

Quilombo Barra II
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Estatuto patrimonial
quilombo tombado pela Constituição Federal do Brasil de 1988 (d)Visualizar e editar dados no Wikidata
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O Quilombo Barra II,[nota 1] é uma comunidade remanescente de quilombo localizada no município brasileiro de Morro do Chapéu, norte da Chapada Diamantina, região central do estado da Bahia.

Descrição e registros

É uma das sete comunidades quilombolas da cidade, junto a Velame, Veredinha, Gruta dos Brejões, Ouricuri II, Queimada Nova e Boa Vista. Ali viviam, em 2019, setenta e seis famílias. Segundo depoimento de Jurandir do Espírito Santo, em 2020, "Essa Barra aqui ela foi assim. Aqui foi de uns escravos, os escravos que foram forriados e socaram aí dentro dessa mata. Foi juntando uns fazendeiro, comprou, foram trabalhando, parece que os fazendeiro foi dando terra a eles. Foram comprando mais por aqui ó. Até que meu avô chegou e comprou mais um irmão dele uma parte boa danada que é essa aqui mais uma outra aqui em riba que vendeu a um rapaz aqui em riba [...]. Teve muito escravo aqui na Barra".[1]

O lugar foi palco de importantes achados arqueológicos por Valentín Calderón e depois por Carlos Etchevarne, atualmente em exposição no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia, em peças de barro dos primitivos habitantes da região, como uma urna funerária e fragmento de tembetá.[2]

Nélson de Araújo, em 1988, registrou que ali havia "exímios cantadores de chula, entre os quais Lourival Pereira dos Santos" e que "a festa de Reis é uma noite de alegria e celebração (...) e culmina com a chula". O pesquisador que o local, então, "aguarda a investigação do antropólogo e sociólogo (...) por conter aspectos étnicos especiais". Ele definiu, então: "é uma comunidade de negros. São cerca de cinquenta famílias, em parte descendentes de um tronco comum, todas dedicadas ao plantio da mandioca, marmelo, manga, café e batata, a que se acrescenta, como atividade complementar e eventual entre determinados moradores, um artesanato de palha, sendo a produção deste, como a agrícola, comercializada na feira de Morro do Chapéu".[3]

Araújo assinalou que "não há cultos afro-brasileiros... a menção do candomblé é energicamente repelida. São católicos e o fulcro da religiosidade é a festa local de São Sebastião, que se celebra a vinte de janeiro" onde "curiosamente, esta festa reproduz as linhas da festa do Divino da sede do município, havendo nela um Imperador, em cuja casa é guardada a imagem de São Sebastião, conduzida durante a procissão para a casa do Imperador seguinte, que a guardará ao longo do ano".[3]

Ver também

Notas e referências

Notas

  1. O local é também conhecido como Barra dos Negros mas o nome "Barra II" é o adotado pelos moradores, segundo a pesquisadora Carolina Pereira que registrou: "Demorei, informada pelo discurso acadêmico e pelos movimentos negros das cidades, a entender que localmente o termo “negro” é considerado pejorativo, por ter sido utilizado pelos brancos da cidade para discriminar os quilombolas na rua, na feira, nas cerimônias religiosas e em outras ocasiões de encontros sociais. Por esse motivo, o quilombo Barra “dos Negros” é autodenominado pelos quilombolas como Barra II, emc ontraste à Barra I (dos “baixinhos”), um povoado vizinho, com características semelhantes, que é predominantemente branco".[1]

Referências

  1. a b Carolina Pereira (10 de junho de 2020). «História do fogo: recordações familiares, racismo e o tempo do cativeiro sertanejo». Revista Ágora, v. 31, n. 2. Consultado em 22 de dezembro de 2023. Cópia arquivada em 22 de dezembro de 2023 
  2. Greciane Neres (2012). «Fotos». Arqueologia e Imagem. Consultado em 22 de dezembro de 2023. Cópia arquivada em 23 de novembro de 2023 
  3. a b Araújo, Nélson de (1988). «Uma população negra de Morro do Chapéu». Pequenos Mundos: Um panorama da cultura popular da Bahia. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado. 360 páginas