Em junho de 1935, o governador do estado de São Paulo, Armando de Salles Oliveira, nomeou uma comissão presidida por Reinaldo Porchat, primeiro reitor da USP, para estudar uma localização que pudesse abrigar a Cidade Universitária e reunir numa única área as escolas da USP, que se encontravam em sua maioria em instalações provisórias espalhadas por diversos locais da cidade de São Paulo.[2] No entanto, a construção do campus dependia de investimentos do governo estadual, que por sua vez dependia da Programação dos Investimentos Públicos e do Apoio à Educação, o que resultou em planos desconexos para a Cidade Universitária e na demora para a transferência dos cursos.[2]
Um plano de desenvolvimento de 1954 menciona um "espaço cívico" em uma área mais ou menos correspondente à atual Praça do Relógio, contando com uma biblioteca, edifícios administrativos, e um lago, que serviria como um "core" para reunir "organicamente" as unidades universitárias,[3] Em 1960, é instituído o Fundo para Construção da Cidade Universitária, permitindo maior agilidade na construção no campus.[2] Em um plano de 1962, a área aparece como "Convivência geral"; em 1966 como "Centro cívico-cultural e de convivência geral".[3]
A praça é inaugurada em 1971,[4] quando a USP começou a fechar o campus durante os fins de semana, afetando bastante o programa da Praça, tanto que os arquitetos do projeto foram proibidos de colocar qualquer equipamento de recreação, tornando a praça apenas um espaço contemplativo,[5] com grandes áreas de pisos e gramados que pudessem ser adaptadas para usos diversos, e alguns bosques com vegetações nativas de São Paulo, como a Mata Atlântica e de Araucárias, por exemplo.[5] Entre 1988 e 1991, durante a gestão do Reitor José Goldenberg, foram realizadas obras de limpeza e recuperação da Torre do Relógio e do espelho d’água na praça.[2]
Em 1997, uma grande obra mudou o projeto paisagístico da área, ao custo de R$1,2 milhão pagos pela iniciativa privada,[6] criando bolsões que replicam os 6 ecossistemas vegetais paulistas,[4] a saber:
Entre 2013 e 2014 foi realizada uma nova reforma para a troca do pavimento e a instalação de um novo projeto de iluminação.[5] A praça abrigou, entre 28 de outubro de 2013 e 30 de junho de 2014, a Tenda Cultural Ortega y Gasset, oferecendo palestras, debates, conferências, apresentações artísticas, exposições, oficinas e workshops em vários campos do conhecimento, assim como projetos realizados pela própria USP. Ao longo dos seus dez meses de funcionamento, a Tenda Cultural recebeu 25.807 pessoas em 213 diferentes atividades, todas gratuitas.[7] O auditório da tenda contava com capacidade para 565 lugares, em uma área de 912 m² incluindo plateia, circulações e palco multifuncional com cerca de 112 m².[7]
Torre do Relógio
No centro da praça, fica a torre que nomeia o espaço, projetada por Rino Levi e com a parte escultórica sendo confiada a Elisabeth Nobiling,[8] sendo composta por duas placas em concreto armado que possuem 50 metros de altura por 10 metros de largura cada uma, ligadas por escadas.[9]
No topo da torre, estão localizados os relógios, um em cada lâmina, seus mostradores tem mais de três metros de diâmetro; os ponteiros de minutos tem 1,50 m e os das horas, 1,30 m, acompanhado por um sinos.[9][10] O carrilhão é regulado por um impulso atômico vindo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da universidade, o que garante uma precisão-padrão de um centésimo de segundo em 24 horas.[10] O relógio mestre ("cérebro" do aparelho), as baterias e o motor estão localizados em uma câmara subterrânea sob a estrutura.[10]
A torre é decorada com 6 painéis em alto e baixo-relevo em cada face, medindo 5 metros de altura por 5,50 metros de largura cada,[10] projetados por Nobiling, escultora e professora de design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e inspirados pelos conceitos de domínios da mente Benedetto Croce.[10] O lado voltado para o prédio da nova reitoria, a oeste, representa “o mundo da fantasia”, com painéis representando,de cima para baixo:[9][10]
A poesia (os namorados com a lua);
As ciências sociais (as forças agressoras emergindo do caos em contraposição às forças protetoras e, no centro, a criança);
Já a face leste, que aponta para a antiga reitoria, simboliza “o mundo da realidade”, com esculturas homenageando, de cima para baixo:[9][10]
A astronomia (a lua e as estrelas);
A química (instrumentos de laboratório);
As ciências biológicas (vegetais e animais);
A física (raios solares, magnéticos e cósmicos);
As ciências geológicas (arado);
A matemática (parábolas, curvas e hipérboles).
Em torno da torre há um espelho d'água circular, bordeado pela frase "No Universo da Cultura o centro está em toda parte", escrita em mosaico português. A frase é de autoria de Miguel Reale, reitor da USP entre 1949 e 1950 e de 1969 a 1973.[11]
Com a pedra inicial sendo lançada em 23 de janeiro de 1954 como parte das celebrações do IV centenário de São Paulo, a construção foi financiada pela colônia portuguesa sob os auspícios da Casa de Portugal de São Paulo,[8] mas as obras começaram apenas em 1972, com a inauguração da torre ocorrendo em 1973.[8]