A osteonecrose dos maxilares associada a medicamentos é uma doença que causa necrose do tecido ósseo dos maxilares — maxila e mandíbula — em um indivíduo que faz uso regular de medicações que aumentam o risco da patologia na ausência de um tratamento prévio com radiação. Pode levar a complicações cirúrgicas com a ausência de cicatrização tecidual após cirurgias orais, cirurgias periodontais ou tratamento endodôntico.[3]
Medicamentos específicos podem resultar a BRONJ, um efeito colateral sério, mas incomum em certos indivíduos.[nota 1] Esses medicamentos são frequentemente usados para tratar doenças que causam reabsorção óssea, como a osteoporose, ou para tratar câncer. Os principais grupos de medicamentos envolvidos são os antirreabsortivos e os antiangiogênicos. As complicações associadas ao medicamento Denosumab, outro fármaco antirreabsortivo de uma categoria diferente de fármacos, logo foram determinadas como relacionadas a essa condição. Medicamentos mais novos, como drogas antiangiogênicas, foram potencialmente implicados em causar uma condição muito semelhante e o consenso mudou para se referir às condições relacionadas como BRONJ; no entanto, isso não foi definitivamente demonstrado.[6]
Não há prevenção definida para a patologia. Evitar o uso de bifosfonatos não é uma estratégia preventiva viável para a população em geral porque os medicamentos são benéficos no tratamento e prevenção da osteoporose (incluindo a prevenção de fraturas ósseas) e no tratamento de câncer ósseo. Apesar de alguns autores indicar a suspensão da medicação pelo menos 2 meses antes de qualquer cirurgia odontológica para aqueles que estão em risco, outros autores relatam que a medicação permanece no organismo durante anos.[6] Geralmente se desenvolve após tratamentos dentários envolvendo exposição óssea ou trauma, mas pode surgir espontaneamente. Os pacientes que desenvolvem a osteonecrose por medicamento podem apresentar cicatrização prolongada, dor, inchaço, infecção e exposição óssea após procedimentos odontológicos — em consequência, necrose óssea —, embora alguns pacientes possam não apresentar sinais ou sintomas.[8]
Tratamento e manejo
O tratamento dos casos de osteonecrose causada pelos BFs ainda é bastante discutida, variando desde as circunstâncias atuais de saúde geral e oral do paciente à duração do uso e vias de administração do fármaco — via oral ou intravenosa. Diversos protocolos de tratamento foram descritos na literatura, incluindo medidas de higiene bucal, uso de antissépticos bucais, antibióticoterapia sistêmica, desbridamento local, oxigenoterapia hiperbárica, etc.[9]
Em 2011, a American Dental Association (ADA) recomendou que, antes de iniciar um tratamento com bifosfonato, o paciente devesse passar por avaliações odontológicas minuciosas e periódicas, realizando possíveis tratamentos a fim de minimizar os riscos futuros — haja vista que qualquer procedimento odontológico mais invasivo, como cirurgias orais, aumenta-se o risco de osteonecrose dos maxilares associada aos bifosfonatos.[10]
Diagnóstico
Ver também
Notas
- ↑ Essa condição era anteriormente conhecida como "Osteonecrose da mandíbula associada ao Bisfosfonato, pois a osteonecrose da mandíbula correlacionada ao tratamento com bisfosfonato era frequentemente encontrada, com seu primeiro incidente ocorrendo em 2003.[4][5][6][7]
- ↑ Fratura patológica significa uma fratura que ocorre em um osso previamente acometido por por infecções, osteoporose, porém, as mais graves são em pacientes com câncer.[12]
- ↑ Provável exposição óssea na região maxilo-facial sem resolução por mais de 8 semanas em pacientes tratados com um agente antirreabsortivo e/ou anti-angiogênico que não receberam radioterapia nos maxilares.
- ↑ Independentemente do estágio da doença, os segmentos móveis de sequestro ósseo devem ser removidos sem expor o osso sadio. O elemento dentário envolvido com o tecido ósseo exposto e necrosado deve ser considerado, pois é improvável que a extração agrave o processo necrótico estabelecido.
Referências
- ↑ Kemp, Aristilia; Ferreira, Vitor; Mobile, Rafael; et al. «Risk factors for medication-related osteonecrosis of the jaw and salivary IL-6 IN cancer patients». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. doi:10.1016/j.bjorl.2020.09.010. Consultado em 10 de janeiro de 2021. Cópia arquivada em Novembro de 2020
- ↑ Thumbigere-Math, Vivek; Tu, Lam; Huckabay, Sabrina; et al. (Agosto de 2012). «A retrospective study evaluating frequency and risk factors of osteonecrosis of the jaw in 576 cancer patients receiving intravenous bisphosphonates». American Journal of Clinical Oncology. 35 (4): 386–92. PMID 22561331. doi:10.1097/COC.0b013e3182155fcb. Consultado em 10 de janeiro de 2021
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- ↑ Ruggiero, Salvatore L. (Fevereiro de 2013). «Emerging concepts in the management and treatment of osteonecrosis of the jaw». Oral and Maxillofacial Surgery Clinics of North America. 25 (1): 11–20. PMID 23159218. doi:10.1016/j.coms.2012.10.002. Consultado em 9 de janeiro de 2021
- ↑ Hellstein, John W; Adler, Robert A; Edwards, Beatrice; et al. (Novembro de 2011). «Managing the care of patients receiving antiresorptive therapy for prevention and treatment of osteoporosis: executive summary of recommendations from the American Dental Association Council on Scientific Affairs». Journal of the American Dental Association. 142 (11): 1243–51. PMID 22041409. doi:10.14219/jada.archive.2011.0108. Consultado em 9 de janeiro de 2021
- ↑ «Table 6. ONJ Staging System». PDQ Supportive and Palliative Care Editorial Board, National Center for Biotechnology Information, U.S. National Library of Medicine. 16 de dezembro de 2016. Consultado em 6 de fevereiro de 2022 Este artigo incorpora texto desta fonte, que está no domínio público.
- ↑ «Fratura Patológica». jcbarbi.com. 23 de dezembro de 2019. Consultado em 6 de fevereiro de 2022