O Subterrâneo do Morro do Castelo é um romance de Lima Barreto, escrito em 1905[1].
Contexto e publicação
Em 1905, durante as obras de modernização do Rio de Janeiro promovidas pelo prefeito Pereira Passos, o Morro do Castelo foi parcialmente derrubado para a abertura da Avenida Rio Branco (originalmente chamada Avenida Central). Lima Barreto, então colaborador do jornal Correio da Manhã, começou a publicar em 28 de abril daquele ano uma série de crônicas sobre a demolição. À medida que as obras avançavam, os textos publicados no jornal ganhavam contornos de ficção, explorando a lenda urbana sobre um tesouro que teria sido enterrado pelos jesuítas sob o morro. Ao mesmo tempo, explorava uma história de amor entre uma aristocrata, seu amante jesuíta e o francês Jean-François Duclerc[2][3].
A última crônica sobre o tema foi publicada em 3 de junho de 1905[4]. Publicados sem assinatura, os textos foram mais tarde identificados como de autoria de Lima Barreto pelo seu biógrafo Francisco de Assis Barbosa[5]
Só em 1997 os textos foram reunidos e publicados em forma de romance.
Sinopse
O autor inicia o romance narrando a descoberta de galerias subterrâneas durante as escavações do morro. Surgem como personagens o engenheiro responsável pelas obras, Pedro Dutra, que levanta a hipótese de que as galerias poderiam ter sido um esconderijo onde os jesuítas se refugiariam da perseguição do Marquês do Pombal. Em seguida, o presidente Rodrigues Alves revela sua esperança de encontrar ali a solução para a crise econômica do Brasil.
Surge então um novo personagem, o Sr. Coelho, que afirma ser possuidor de um mapa dos subterrâneos do Castelo, documentos que revelam a origem do tesouro dos jesuítas (estátuas em ouro maciço e em tamanho natural dos 12 profetas e de Santo Inácio de Loiola, além de pedras preciosas), e ainda de um pergaminho em que se conta a história de uma condessa e seus amantes. A partir daí, a história se alterna entre o tempo presente, com as crônicas da derrubada do morro, e o passado, com a aventura amorosa ocorrida em 1710.
Nesta, D. Garça, apelido da nobre italiana Alda, casada com um funcionário da alfândega, tem um caso amoroso com o jesuíta francês Jean, que usa os túneis subterrâneos construídos pela ordem para se deslocar pela cidade e assim se encontrar às escondidas com a amante. Jean é anviado pelos seus superiores a uma missão em Goiás. De volta ao Rio, com a cidade atacada pelos franceses, descobre que D. Garça está morando com Duclerc. Furioso, mata os dois amantes e depois comete suicídio[6].
Temas
Aos 24 anos, Lima Barreto estreia na ficção explorando a sequência amor-traição-morte, mostrando ainda a influência da literatura realista do século XIX. Também tem um tom de anticlericalismo, ao fazer do jesuíta Jean o vilão da história[7]