A comissão foi criada pelo presidente da ArgentinaRaúl Alfonsín (1927–2009) a 15 de dezembro de 1983. O objetivo era esclarecer os fatos ocorridos no país durante a ditadura militar instaurada em 1976. A sua missão era a de receber relatórios e denúncias sobre os desaparecimentos, os sequestros e as torturas acontecidos dentro daquele período às mãos do regime, e gerar relatórios a partir destes. Esse informe foi conhecido como Nunca más, e consistiu na documentação de uns 9.000 casos de desaparecimentos e na demonstração de que se tratava de um plano sistemático de extermínio e não meramente de “excessos”. Sua edição circulou massivamente (e segue circulando) e serviu de base ao julgamento e condenação dos máximos responsáveis militares, realizados em 1985. Destacou-se reiteradamente a excepcionalidade de uma devida condenação jurídica a responsáveis por uma ditadura.[1]
A comissão entregou o seu relatório a 20 de setembro de 1984 ao presidente da República.
Esse relatório transformou-se no livro Nunca más, que o contém na íntegra.
Foi una ideia de Marshall Meyer colocar o título de Nunca Más ao relatório final porque foi o slogan usado originalmente por sobreviventes do Gueto de Varsóvia para repudiar as atrocidades nazistas.
A frase "Nunca más" tem uma importante conotação social. No Julgamento das Juntas fez parte do discurso do promotor Julio César Strassera:[2]
“
"Senhores juízes: quero renunciar expressamente a qualquer pretensão de originalidade para encerrar esta requisitória. Quero usar uma frase que não me pertence, porque pertence já a todo o povo argentino. Senhores juízes: nunca más!"
”
Nesse momento as pessoas aplaudiram e gritaram, vendo julgados pela justiça em democracia os que executaram o golpe militar mais sangrento da história argentina.[3][4] Muitos deles eram familiares, amigos, companheiros, filhos e sobreviventes dos assassinados durante o golpe militar. A partir desse momento, dizer "nunca más" era uma regra a seguir, significava o desejo de não voltar nunca a essa época, de não voltar a tropeçar com a mesma pedra, e permaneceu intacta, indiscutida, e impoluta na sociedade argentina, convocada constantemente por artistas, políticos e pessoas de renome na Argentina e no mundo. Múltiplas edições do relatório da Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP) foram feitas por diferentes escritores e editoriais.
↑Nunca más (prólogo): A nossa Comissão não foi instituída para julgar, pois para isso estão os juízes constitucionais, mas para indagar a sorte dos desaparecidos no curso destes anos aziagos da vida nacional. Porém, após ter recebido vários milhares de declarações e testemunhos, de verificar ou determinado a existência de centenas de lugares clandestinos de detenção e de acumular mais de cinquenta mil páginas documentais, temos a certeza de que a ditadura militar produziu a maior tragédia da nossa história, e a mais selvagem.