O Norte da Inglaterra, também conhecido como o Norte ou o Norte do País, é uma área cultural da Inglaterra. Não é uma região oficial do governo, mas um conceito geográfico. Este artigo trata da área aproximada compreendida entre o rio Trent e o rio Dee ao sul, até a divisa com a Escócia, ao norte.
O Norte da Inglaterra possui três círculos eleitorais para efeitos de eleições para o Parlamento Europeu: Nordeste, Noroeste e Yorkshire e Humber. Estes têm uma população conjunta de cerca de 14,5 milhões de habitantes e uma área de 37 331 km².
A concepção do Norte leva em conta a percepção de sotaques regionais "do Norte". Especialistas em dialetos históricos categorizam como norte a área ao norte de uma linha que começa no estuário do Humber, e corre ao longo do rio Wharfe até interceptar o rio Lune, no norte de Lancashire.[2] Porém, os elementos linguísticos que tradicionalmente definiram esta área, tal como o uso de doon ao invés de down, e a substituição e de um -ang sonoro em palavras terminadas em -ong (por exemplo, lang ao invés de long), agora são apenas predominantes nas partes mais ao norte da região; essas características linguísticas podem refletir uma interpretação mais moderna de onde a linha se situa atualmente. Como o discurso mudou, há pouco consenso sobre o que define um sotaque ou dialeto "do Norte".
Geograficamente
O norte de Inglaterra também pode ser considerado como a área (de costa a costa) em torno dos Peninos, uma região montanhosa muitas vezes referida como "a espinha dorsal da Inglaterra". Esta se estende desde os Montes Cheviot, na fronteira com a Escócia, até o Peak District. As áreas definidas eram antigamente dominadas pela indústria pesada e pela extração mineral e de transformação. A combinação da característica selvagem com a paisagem montanhosa da região, levou à concepção popular, principalmente por aqueles do sul da Inglaterra, do Norte ser uma "região sombria".
É uma área de paisagens contrastantes. Existem vários cinturões de urbanização, muitos dos quais formam uma grande faixa que vai de Liverpool até Leeds ao longo do corredor M62, depois, rumo ao sul até Sheffield ao longo do corredor M1. Há aglomerações ainda mais a nordeste e leste de Preston. Cerca de onze milhões de pessoas vivem na área coberta pelo Caminho do Norte, a maioria delas em suas maiores cidades: Leeds, Sheffield, Liverpool, Bradford, Hull e Manchester.
Após a chegada dos anglos, saxões e jutos, o Norte foi dividido entre os reinos rivais: Bernícia e Deira. A Bernícia dominou as terras ao norte do rio Tees, enquanto Deira correspondia aproximadamente à metade oriental da atual Yorkshire. Bernícia e Deira foram fundidas para formar a Nortúmbria, por Etelfrido, um rei da Bernícia que conquistou Deira por volta de 604. Uma área a leste e oeste dos montes Peninos foi dividida entre dois reinos celtas, Rheged (Cúmbria e Lancashire) e Elmet (West Riding of Yorkshire). O norte da Inglaterra forma uma grande parte do Hen Ogledd, um termo galês para 'Antigo Norte'. O noroeste da Inglaterra ainda mantém vestígios de uma cultura celta, e teve sua própria língua celta, o cúmbrico, falado predominantemente na Cúmbria até por volta do século XII.
O norte e o leste da Inglaterra estiveram sujeitos ao Direito dinamarquês (o Danelaw) durante a Era Viquingue, mas a parte norte do antigo reino anglo-saxão da Nortúmbria, permaneceu sob o controle anglo-saxão.[5] O controle viquingue de certas áreas, particularmente em torno de Yorkshire, é lembrado na etimologia de muitos nomes de lugares e sobrenomes na área. Aspirações anglo-normandas na Paliçada da Irlanda têm algumas raízes nas incursões viquingue no Mar da Irlanda e na rota de comércio, que partiam de Iorque e atravessavam as áreas de Edimburgo-Glasgow, na Escócia, indo até Dublim, na Irlanda.
Historicamente, o Norte era controlado de Londres pelo Conselho do Norte, com sede na King's Manor, em Iorque, criado em 1484 por Ricardo III.[6] Porém, as grandes decisões que afetavam o Norte da Inglaterra eram tomadas inteiramente em Londres, e este foi o motivo desta instituição ter sido abolida em 1641.[7]
Como o centro da revolução industrial, o Norte da Inglaterra tem sido caracterizado, desde muito tempo, por seus centros industriais, desde as cidades moinho de Lancashire, centros têxteis de Yorkshire, estaleiros navais do Nordeste até as cidades mineiras encontradas em todo o Norte e os portos de pesca ao longo das costas leste e oeste. Contudo, embora grande parte do sul e do leste da Inglaterra, em geral, prosperou economicamente, o norte e o oeste mantiveram-se relativamente pobres, consequentemente, há atualmente muitos projetos de renovação urbana subsidiados pelo governo acontecendo nas vilas e cidades do norte, na esperança de explorar a falta de investimentos privados na área. Cinco das dez cidades mais populosas do Reino Unido estão no Norte.
O quadro não é bem claro, pois o norte possui áreas que são tão ricas quanto, se não forem mais ricas que, as áreas do sul, como Surrey. O "Triângulo de Ouro" de Yorkshire, que se estende do norte de Leeds até Harrogate e cruza em direção a Iorque, é um exemplo, de como é Cheshire. Igualmente, os condados, tais como a Cornualha, compartilham a privação econômica relativa frequentemente associada com o Norte.
Vestuário
O Norte da Inglaterra é muitas vezes estereotipadamente representado em eventos ou performances de palco através da roupa usada por homens e mulheres da classe operária durante o século XIX e início do XX,[9] especialmente por aqueles que trabalham em fábricas, minas e fazendas. Os homens muitas vezes usam uma camisa flanelada de colarinho e mangas compridas; e calças com um colete ou jaqueta juntamente com um boné de pano.[10] As mulheres usariam um vestido ou uma saia e blusa, com um avental em cima como a proteção contra a sujeira; nos meses mais frios elas muitas vezes usam um xale.[11] Se não usassem sapatos de couro de amarrar, alguns homens e mulheres usariam tamancos ingleses, que eram resistentes (especialmente em fábricas com máquinas)[12] e, portanto, duravam muito tempo. Como consequência de usá-los por períodos longo de tempo, um tipo de dança folclórica com tamancos conhecida como clogging foi primorosamente desenvolvida no Norte.[13] Tradicionais dançarinos morris do noroeste da Inglaterra, também usam tamancos quando dançam o morris. As roupa eram modestas, mas respeitosas e consistiam de material simples como o algodão ou lã produzida pelas fábricas na região. A roupa usada naquele tempo inspiram a moda atual, incluindo o boné de pano que ainda é usado por alguns homens,[14] e tamancos que hoje são feitos de materiais mais leves e evoluíram em para outras formas, como tamancos com tiras e saltos. Também inspirou canções como "She's a Lassie from Lancashire" de Florrie Forde.
O rugby teve um cisma em 1895 com muitas equipes com sede em Yorkshire, Lancashire e áreas circundantes rompendo com a Rugby Football Union e formando a sua própria Liga de Rugby.[18] A discordância que levou à separação foi sobre a questão dos pagamentos profissionais, e "tempo parado" ou pagamentos por lesão.
↑The Cambridge Ancient History, Volume XII, Londres: Cambridge University Press, 1970: p.706
↑"O palavra em inglês antigoDene ‘Danes’ geralmente se refere a qualquer tipo de escandinavos; a maioria dos invasores eram de fato dinamarqueses (falantes do nórdico oriental), mas havia também noruegueses ([falantes] do nórdico ocidental) entre eles". —Lass, Roger, Old English: A Historical Linguistic Companion, p.187, n.12. Cambridge University Press, 1994.