Médicos pela Verdade (em castelhano: Médicos por la Verdad) são um grupo negacionista da COVID-19 espanhol. O grupo apresentou-se oficialmente em Madrid no dia 25 de julho de 2020.[1][2] O grupo difunde desinformação pelas redes sociais, nas quais possui várias ramificações, como "Psicólogos pela Verdade" ou "Advogados pela Verdade".[3]
Muitas das alegações que defendem são contrárias ao que está provado por cientistas, especialistas em saúde e autoridades de saúde.[4][3] O grupo posiciona-se contra o uso de máscara e a realização de exames PCR e alega que o vírus se pode propagar através de tecnologia 5G.[4] O grupo defende ainda a utilização de práticas pseudocientíficas para o tratamento de COVID-19, como a ingestão de dióxido de cloro ou ozonoterapia.[3] As alegações deste grupo são frequentemente utilizadas por outros negacionistas como prova de que o SARS-CoV-2 e a gestão da pandemia são uma conspiração dos líderes mundiais.[4]
O movimento inspirou a criação nas redes sociais de grupos homónimos noutros países, entre os quais Brasil, Argentina, Estados Unidos e Portugal.[5]
Em Portugal
Em Portugal, nenhum dos membros do grupo, entretanto extinto, era médico nas áreas da saúde pública ou infecciologia. Entre as suas reivindicações encontrava-se a crítica aos confinamentos, à utilização de máscaras, e ao recurso aos testes de diagnóstico de COVID-19 por PCR, fazendo recurso sobretudo a artigos de opinião e a estudos que eram desmentidos de uma forma global pela comunidade científica.[6]
Em outubro de 2020, a Ordem dos Médicos abriu processos disciplinares a sete médicos do movimento por propagação de desinformação e ameaça à saúde pública.[7] Um dos principais rostos do movimento, a anestesiologista Margarida Gomes de Oliveira, foi suspensa por seis meses pelo Conselho Disciplinar da Secção Regional Sul da Ordem dos Médicos, por "manifestar posições que colocam em risco a saúde pública", na sequência de participar em manifestações contra o uso generalizado de máscara, pretender ensinar eventuais truques para possíveis infetados testarem negativo em testes de diagnóstico de COVID-19 e afirmar que os números de infeções divulgados diariamente pela DGS se tratam de falsos positivos.[8]
Em dezembro de 2020, uma investigação da revista Visão revelou ligações do movimento ao partido político Chega, na pessoa do seu coordenador, o publicitário Alfredo Rodrigues, que pretendia associar o movimento ao canal digital de João Tilly, líder distrital do Chega em Viseu, e ao Notícias Viriato, um site de direita nacionalista. José Manuel Castro, advogado do ativista neonazi Mário Machado, também terá oferecido os seus serviços pro bono ao movimento.[9]
O grupo suspendeu a sua atividade online em fevereiro de 2021, após publicar um comunicado anunciando a decisão, e atribuindo-a à perseguição aos seus membros e ao "ambiente concentracionário e repressivo em que vivemos".[6]
Em março de 2023, foi noticiado que no anterior mês de dezembro a Entidade Reguladora da Saúde, tinha decidido aplicar uma coima de 15 mil euros aos Médicos da Verdade pela pela violação do rigor científico na conceção e difusão de práticas de publicidade em saúde relacionadas com a pandemia de COVID-19.[10]
Ver também
Referências