Na época, o concurso era de propriedade da Gulf + Western Industries, que tinha grandes interesses econômicos na República Dominicana. A escolha do país para sediar essa edição foi feita para promover o turismo na região proporcionado pelos cerca de 200 milhões de telespectadores que acompanhavam a transmissão da CBS em todo mundo, direto ou com retransmissão local. Até então, no Caribe, apenas Porto Rico, que é território americano, havia recebido o evento desde que foi instituído o sistema de sedes itinerantes na edição de 1972.
Evento
A apresentação começou com a imagem da Miss Universo reinante, Rina Messinger, de Israel, descendo as escadas do Palácio Presidencial e entrando numa carruagem real que a leva para o teatro onde o concurso está sendo realizado. Acompanhada pelo presidente e pela banda da marinha dominicana, que a seguem, ela percorre todo o caminho até o palco do teatro. Esta imagem, da Miss Universo seguida por um chefe de estado e por uma banca marcial militar nacional, fazendo-a parecer uma verdadeira rainha, foi única na história das transmissões do concurso.[1]
As principais favoritas a princípio eram as misses Alemanha, Holanda, Estados Unidos, Venezuela, Argentina e Escócia. A grande maioria das 16 misses negras participantes frequentemente reclamavam do tratamento que recebiam da imprensa e dos fotógrafos, que na visão delas preferiam as misses brancas para entrevistas.[2] Commissiong era popular entre todos em Santo Domingo, mas nunca foi considerada uma das favorita durante as preliminares. Muitos achavam que ela era muito baixa - 1,65 m - além do que, nunca antes uma negra havia ganho o Miss Universo. Ela só começou a ser mais notada quando ganhou o prêmio especial de Miss Fotogenia, quatro dias antes da noite final.[2]
Entre as Top 12, quase todas elas as favoritas, estavam a Miss República Dominicana, a anfitriã e a Miss Guatemala Beatriz Lacayo, na primeira vez que este país chegou às semifinais.Durante a entrevista de anúnicio,a Miss Alemanha se demostrou ser moderna e alternativa,mostrando uma evolução das candidatas em relação aos anos anteriores. Quando entrevistada pelo apresentador Bob Barker, disse que precisava de uma bebida e que sua revista favorita era a Playboy, chocando o público mais conservador.[2] Commissiong mostrou bastante segurança em sua entrevista e fez um grande desfile no traje de banho, com uma silhueta perfeitamente harmoniosa apesar da baixa estatura recebendo alta pontuação nos dois quesitos.
As cinco finalistas escolhidas foram Trinidad e Tobago, Alemanha, Áustria, Colômbia e Escócia. O nível das candidatas era muito parecido e não havia uma favorita clara então. A resposta atrevida de Maria-Luise Gassen, da Alemanha,durante a sua classificação, talvez tenha lhe custado uma melhor colocação e ela acabou ficando em quarto lugar. Ao final, ficaram apenas Commissiong e During da Áustria. Com o anúncio da vitória da Miss Trinidad e Tobago, toda a plateia levantou-se para aplaudir de pé o momento histórico, quando depois de 25 anos de concurso finalmente uma miss negra era coroada como Miss Universo. Enquanto várias candidatas negras pulavam no palco celebrando a vitória de Janelle, no júri, Dionne Warwick chorava e dizia que "se sentia como se ela mesmo tivesse ganho".[2]
Janelle Commissiong destacou-se em seu reinado por falar em defesa das minorias raciais e pelos apelos à paz mundial. Sua conquista foi motivo de várias comemorações nas ruas de Trinidad e Tobago e o trabalho de divulgação do país que fez durante seu mandato, lhe valeu a Cruz da Trindade, a mais alta condecoração trinitina. Após coroar sua sucessora na edição seguinte,ironicamente coroou Margaret Gardiner, uma branca da África do Sul, cujo regime oficial na época era o apartheid.Ao final de seu mandato,ela recusou um contrato da Paramount Pictures que era parte do prêmio pela vitória,mas, recebeu o dinheiro estipulado nele e voltou para Port of Spain, onde casou-se e seguiu uma carreira de empresária.[3]
Não competiram a Miss Martinica Patricia Vatble, que era menor de idade, e a Miss Turquia Manolya Onur, que não teve permissão para disputar o concurso pela segunda vez já tendo partiicipado da edição anterior.[4]