Suporte aos peregrinos; a preservação, o uso e a divulgação da "forma extraordinária do rito romano"; além de apoio moral e material do próximo, em particular dos cristãos na Terra Santa; e a promoção da educação dos jovens, segundo o método do Movimento Escoteiro Católico.
A Militia Templi (Português: Milícia do Templo), também chamada de Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo (Latim: Christi Pauperum Militum Ordo), é uma associação privada de fiéis católicos, fundada em 1979 e canonicamente erigida conforme os cânones 298, 299, 312, 321, 322 e 323 do Código de Direito Canônico de 1983.
A congregação tem como carisma a preservação, o uso e a divulgação da "forma extraordinária do rito romano" como "rito próprio" da congregação, como uma ferramenta válida para resistir à agressão que a mentalidade contemporânea continuamente traz contra a religião e a moralidade por meio do ateísmo, modernismo e do agnosticismo.
Considera este carisma como a concretização perfeita dos fins estatutários (cf. Constituições, art. 3, § 1º), que identifica um dos objetivos particulares da Militia no “cuidado da Liturgia, segundo a Tradição e o Magistério”, bem como encontra sua força na espiritualidade de São Bernardo de Claraval e, em particular em seu "Liber ad milites templi de laude novæ militiæ" e o tratado "De Præbeto et Dispensatione". Deste modo, tem por finalidades o cuidado da liturgia e oração diária ao Ofício Divino, o estudo aprofundado da espiritualidade e da cultura da cavalaria cristã, o atendimento aos peregrinos através da construção de “pellegrinai” (albergue para peregrinos) e demais instalações, bem como o apoio moral e material do próximo, em particular dos cristãos na Terra Santa e a promoção da educação dos jovens, segundo o método do Movimento Escoteiro Católico.[1][2]
Esta ordem religiosa de direito pontifício está anexada ao motu proprio Ecclesia Dei de 1988, por manter a celebração da liturgia segundo a forma tridentina do rito romano. A congregação está, portanto, sob a autoridade da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei que supervisiona as comunidades tradicionalistas que permaneceram fiéis a Roma. [1][4][5]
A Militia Templi mantém a Fundação Jacques de Molay,[6] para obras templárias e caritativas; a Academia São João,[7] promotora de estudos e pesquisas sobre a Ordem do Templo e sobre as demais ordens militares; a Editora La Magione,[8] responsável pelas publicações da Militia Templi (Boletim, revista, anuário, breviário, etc.) e dos órgãos pertencentes à ela; e o Grupo Escoteiro de Val d'Elsa "Alberto d'Albertis",[9] integrado ao Movimento Escoteiro Católico.[10]
Em 13 setembro de 1989, o papa João Paulo II, por meio da Penitenciária Apostólica da Santa Sé, concedeu in perpetuum uma série de indulgências plenárias para os feitos mais distintos da vida dos cavaleiros, demais membros da Militia Templi e para os fiéis que visitam a Igreja Magistral.[11]
Na Hungria, as atividades da Militia Templi foram aprovadas pela Conferência Nacional dos Bispos da Húngria em 8 de setembro de 1999.[12]
A nova Constituição da Militia Templi foi promulgada em 24 de junho de 2015 pelo Arcebispo de Siena.
O rei Balduíno II de Jerusalém deu à Ordem algumas dependências localizadas junto às ruínas do Templo de Salomão, daí o nome "Templários" para os cavaleiros que combinavam o ideal de vida do cavaleiro cristão monástico e guerreiro.[15]
Porém, várias organizações se formaram ao longo dos séculos seguintes, autodenominando-se "Cavaleiros Templários", declarando-se sucessoras da antiga Ordem, dando início a um fenômeno chamado neotemplarismo, não obstante, são todas ilegítimas, vez que compete somente à Santa Sé reabilitar a dita Ordem, mais ainda, de acordo com a previsão contida na bula Vox in excelso, todo católico que, por quaisquer meios, “tentar criar,receber ou usar seu hábito ou passar-se por templário”, ocorre em excomunhãolatæ sententiæ.[17]
Em 24 de novembro de 1989 dom Mario Jsmaele Castellano aprovou algumas modificações nas Constituições, e em 18 de novembro de 1990 o novo Arcebispo de Siena, dom Gaetano Bonicelli, aprovou a Regra com o título “Regra dos Pobres Cavaleiros de Cristo da Ordem da Milícia do Templo”, extraída da antiga Ordem Templária e através de uma adaptação moderna da regra escrita por São Bernardo de Claraval.[18]
O reconhecimento da Militia Templi pela Santa Sé resta evidente na publicação eclesiástica oficial de 1997, no volume IX, do Dizionario degli Istitut di Perfezione (Dicionário dos Institutos de Perfeição), publicado pela Edições Paulinas, descrevendo, no Capítulo III “A Restauração dos Templários”, esta associação privada de fiéis como a única que atualmente poderia ser considerada sucedânea da antiga Ordem Templária.
Em janeiro de 2019, a Militia Templi foi incluída na Congregação para a Doutrina da Fé, órgão da Santa Sé encarregado da vigilância, promoção e proteção dos institutos e congregações dela dependentes.
Organização
Governança
A Militia Templi é regida por sua Constituição e demais legislações extravagantes.
O Grão-Mestre é o chefe da Ordem e detentor do título de duque da Milícia do Templo. É eleito a cada quinquênio pela Consulta Magistral, também conhecida por Capítulo dos Treze Cavaleiros da Justiça, sob o título "Por graça de Deus Clementíssimo, Grão-Mestre dos Pobres Cavaleiros de Cristo e Duque da Milícia do Templo" (artigo X da Constituição).[19]
O Capítulo Geral, é composto por cavaleiros e damas e possui função legislativa. (artigo XI da Constituição).
A Capítulo da Cavalaria e Justiça, é o órgão fiscalizador e disciplinador (artigo XII da Constituição).
O Conselho Magistral do Grão-Mestre, é o órgão responsável pela formulação da política de governo (artigo XIV da Constituição).
Os órgãos centrais são apoiados por 5 Dicastérios para a implementação dos propóstos da Milícia: a Prelazia; a Lugar-Tenência pela administração da disciplina, convocar e regular a eleição do novo Grão-Mestre; o Preceptorado Magistral, conhecido por Capitania, é responsável pela formação ideal e cavalheiresca; a Chancelaria Magistral pelo governo, administração e coordenação geral e; a Governadoria, para a manutenção da Sé Magistral e a conservação do patrimônio.[20]
Aos Preceptores compete chefiar a Militia Templi em âmbito nacional, já os Priorados e Comendas, atuam em âmbito local. A Legação Magistral é uma representação extraordinária chefiada por um Legado Magistral nomeado diretamente pelo Grão-Mestre, e subordinado somente a ele.[4]
Membros
É admitido membros tanto leigos, como ordenados, homens ou mulheres, solteiros ou casados, que estejam dispostos a pôr em prática os seus ideais de serviço à Igreja e ao próximo, em filial obediência ao Romano Pontífice e aos Bispos em comunhão com ele, conforme o carisma da Militia Templi, desde que não incursos nas sanções canônicas contidas no §1º do cânones 316 e 1374 do Código de Direito Canônico de 1983 e demais previsões atinentes.
Cânone 316: § 1°. Quem publicamente tiver rejeitado a fé católica ou abandonado a comunhão eclesiástica ou incorrido em excomunhão aplicada ou declarada, não pode ser recebido validamente em associações públicas.
(...)
Cânone 1374: Quem der o nome a uma associação, que maquine contra a Igreja, seja punido com pena justa; quem promover ou dirigir tal associação seja punido com interdito.[29]
Os membros na Militia Templi são divididos em três categorias:
Cavaleiros com Profissão Solene: são os que se consagraram a com a investidura e a promessa de observar os três votos evangélicos clássicos: pobreza, obediência e castidade, juntamente com o testemunho público da fé (quarto voto);
Cavaleiros de Obediência (ou não professos): são aqueles que com a investidura compromete-se a lutar pela perfeição da vida cristã;
Damas: as mulheres que, mantendo sua condição, desejam colaborar de várias formas com a Milícia, sempre sob a autoridade do Grão-Mestre;
Escudeiros: conhecidos como Donatos, são homens e mulheres que, por sua pouca idade e inexperiência, não se consideram aptos para um compromisso definitivo, atuam nas fileiras da Milícia emitindo apenas um voto temporário, a ser renovado a cada três anos.
Para ser admitido à profissão e à investidura, o noviciado deve durar pelo menos um ano e o noviço ter no mínimo 21 anos de idade.
Os adultos que, embora compartilhando seus ideais, não podem ou não desejam se comprometer com a "regra" também podem ser apegados à Milícia; são cooptados como capelães (bispos e padres) ou como "condecorados" (benfeitores), ou inscritos como amigos.
A regra apenas prescreve a recitação comunitária das Vésperas (os Cavaleiros com Profissão Solene são obrigados a recitação diária do Breviário Romano), mas estuda-se também a possibilidade de construir casas para a vida conventual.
Oficiais Religiosos
Cardeal Patrono
O Cardinalis Patronus é um cardeal nomeado pelo Papa, para promover os interesses espirituais da Militia, de seus membros e suas relações com a Santa Sé.
A Prelazia é exercida pelo Prelado Geral, nomeado a cada triênio pelo arcebispo de Siena para a formação espiritual e doutrinal. O padre Attila Gregorio Lipovsky OSPPE é atualmente o Prelado da Ordem.
Como congregação católica que é, a Militia Templi tem por padroeiraNossa Senhora Rainha da Milícia.
Salmo 115.1
A Militia tem por lema o Salmo 115.1: Não para nós, Senhor, mas para a glória do teu Nome.[32]
Hábito
Os Cavaleiros de Profissão Solene (religiosos), ou de Obediência (seculares), usam, conforme os casos, o hábito branco constituído por uma túnica, um escapulário com uma cruz vermelha octogonal no peito e um manto onde é colocada a mesma cruz no ombro esquerdo; as Damas, um véu branco com a cruz sem a parte superior do braço; os Capelães, uma mozeta branca com rebordo e botões vermelhos e uma cruz octogonal na frente esquerda. Os Oblatos (Cavaleiros e Damas da Devoção) têm um manto cinza com a cruz octogonal vermelha no ombro esquerdo. Os demais membros não possuem hábitos, apenas a condecoração ou o distintivo.
A palavra Magione em italiano arcaico, significa uma residência como objeto de uma administração bastante complexa, caracterizando funções de gestão econômica, doméstica, agrícola, hospitalidade, etc.[33]
↑templomosok (25 de fevereiro de 2019). «A magyar templomosok». Templomos Lovagrend - Krisztus szegény Lovagjainak Rendje (em húngaro). Consultado em 18 de maio de 2023
Ordine della Milizia del Tempio, Regola dei poveri Cavalieri di Cristo, Cancelleria Magistrale della Milizia del Tempio, Poggibonsi (Siena) 1992;
Ordine della Milizia del Tempio, Sviluppo e Criteri di Sviluppo, Cancelleria Magistrale della Milizia del Tempio, Poggibonsi (Siena) 2006;
AA.VV., I Templari: Mito e Storia. Atti del Convegno internazionale di studi della Magione Templare di Poggibonsi - Siena, 29-31 maggio 1987, Viti-Riccucci, Sinalunga (Siena) 1989;
Giuseppe Mantelli, La Magione casa templare sulla via Francigena, La Magione dei Templari, Poggibonsi (Siena) 1990;
Giancarlo Rocca, La restaurazione dei templari, in Guerrino Pelliccia e G. Rocca (diretto da), Dizionario degli Istituti di Perfezione, vol. IX, Paoline, Roma 1997, coll. 903-905;
AA.VV., Kèter èv szerzetessège, vol. II, Dinasztia, Budapest 1998, pp. 1279-1282;
Isidoro Palumbo (a cura di), La Milizia del Tempio, p.i.p., Bologna, 1990.