"Mignon" [1] (em tradução livre, "Fofinho") eram os favoritos dos grandes senhores na França no século XVI. O termo, nessa época, era totalmente desprovido de qualquer conotação homossexual. Ele só adquire essa conotação a partir do reinado de Henrique III (1551-1589), época em que os cortesãos adotam um estilo de vida refinado que se torna alvo de riso para o povo. Nos séculos XIX e XX, passa a designar mais propriamente os favoritos de Henrique III da França.
Os "Mignons de Couchette" (Os "Fofinhos de Leito")
É uma expressão utilizada pelo escritor Pierre de Brantôme para designar os "mignons" do Rei Carlos VIII de França. Quando um favorito estava em evidência, tinha a insígne honra de dormir no quarto real. Era uma maneira do rei recompensar seus servidores mais fiéis.
Durante o Renascimento, o quarto real é considerado sagrado e poder dormir aí na própria presença do rei - considerado representante de Deus na Terra - era a maior consagração de um cortesão.
Henrique II da França foi um grande adepto desta demonstração de favor. Ele a usou muito com Anne de Montmorency que, por diversas vezes, teve o supremo privilégio de dormir com ele em sua cama. Este tipo de comportamento chocava os embaixadores estrangeiros, que depois acostumavam-se já que a França era conhecida por sua grande familiaridade.
Sob a impulsão de Henrique II e, sobretudo, de Henrique III, os costumes da Corte de França evoluiram. Já não se entrava no quarto real como se entrava antes. O quarto real tornava-se ainda mais sagrado e as pessoas a quem era permitido tal privilégio eram objeto dos maiores ciúmes, o que encrudecia a zombaria contra aqueles a quem se chamava vulgarmente de "mignons de couchette" ao final do século XVI.
No reinado de Henrique III, os cavalheiros que frequentavam a Corte de França vestiam-se com um refinamento desmesurado que chocava os honestos burgueses. Tendo por modelo o próprio rei, os cortesãos fardavam-se, empoavam-se e frisavam seus cabelos. Usavam brincos, rendas e colarinhos pliçados.
Estes cortesãos tornam-se objeto de zombaria por parte do povo. O motivo é que tolera-se mal, numa corte que sempre promoveu a virilidade bruta e considerava o refinamento como fraqueza, a tendência de Henrique III e seu séquito para a cultura das festas e o gosto pelas aparências.
Os favoritos de Henrique III são o centro das zombarias. O rei promove para a Corte homens da pequena nobreza, a quem dá importantes responsabilidades. Henrique III pretende valer-se destes homens para governar. Sua Corte vê então surgir um círculo restrito de favoritos que conseguiam, graças a seu protetor, uma fortuna fulgurante.
Os primeiros a associar a palavra « mignon » à homossexualidade são os calvinistas. Hostís a toda frivolidade, estes protestantes condenam ardentemente os fenômenos da Moda e proíbem a prática da dança, usada pelos católicos. Frente à mania pela futilidade da Corte dos Valois, eles dedicam-se a denunciar a atitude efeminada dos cortesãos, o que era feito de forma desproporcional.
A imagem dos "Mignons" veiculada pelos protestantes é rapidamente tomada pela Liga Católica que vai desenvolver uma vasta campanha de desinformação contra Henrique III e sua Corte[2]. A propaganda difamatória da Liga prossegue mesmo após o assassinato do rei por Jacques Clément (1589).
Entre os favoritos mais célebres de Henrique III figuram os nomes de: