Em 1914, ano em que a Bélgica foi ocupada pelos alemães, Maria José foi enviada para estudar na Inglaterra, onde permaneceu até março de 1917, quando se mudou para a Itália, como hóspede do Colégio da Ss. Annunziata di Poggio Imperiale, perto de Florença, até junho de 1919.[1]
Em 1918, em Battaglia, perto de Pádua, durante uma visita da família real belga ao front italiano, Maria José, de doze anos, conheceu Humberto de Saboia, herdeiro do trono italiano, então com 14 anos, pela primeira vez. O casamento entre os dois havia sido decidido pelas duas casas governantes para fortalecer suas relações e a própria Maria José afirmou ter crescido com a ideia de que um dia se casaria com o príncipe italiano.[1]
Em 1924, participou de seu primeiro baile. Para a ocasião ela usou uma tiara de pérolas e diamantes que tinha pertencido a Estefânia de Beauharnais.[2]
O noivado foi anunciado em 7 de setembro de 1929, ano em que as condições políticas italianas mudaram profundamente e muitos belgas não esconderam sua oposição ao casamento entre a princesa belga o herdeiro do trono de um país fascista.[1] Um ato sensacional ocorrido por ocasião do anúncio do noivado, em Bruxelas, em 24 de outubro, também contribuiu para chamar a atenção para a situação italiana, quando um jovem antifascista, F. De Rosa, tentou, sem sucesso, tirar a vida do príncipe Humberto.[1]
O casamento foi infeliz, o casal vivia separado e se reunia apenas em aparições públicas e eventos oficiais.[4] Era dito que seu marido Humberto era homossexual[5] e tinha inúmeros casos amorosos com diversos homens, incluindo o diretor Luchino Visconti e o ator Jean Marais.[6]
Já em 2011 foi revelada uma carta de Romano Mussolini, filho de Benito Mussolini, em que este afirma ter havido um "breve período de íntimas relações românticas" entre o "pai e a então princesa do Piemonte".[7]
Culta e educada nos valores liberais da Bélgica, Maria José adaptou-se com dificuldade à rigidez da ditadura italiana de Benito Mussolini. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela tentou servir de intermediária para uma paz separada da Itália com os aliados. Tornou-se rainha de Itália em 9 de maio de 1946, com a ascensão ao trono de seu marido, Humberto II. Um mês depois deixou a Itália, juntamente com toda a família Saboia. A Itália então se tornou uma república.
Maria José passou a maior parte de seu exílio em Genebra, na Suíça. Ela retornou à Itália somente depois da morte de seu marido, em 1983. Morreu em uma clínica de Genebra, aos 94 anos, de câncer de pulmão. Ela foi enterrada no dia 2 de fevereiro de 2001 na Abadia de Hautecombe em Saboia ao lado de seu marido.[8][9]
↑ abcde«MARIA JOSé del Belgio, regina d'Italia». Dizionario Biografico degli Italiani (em italiano). website oficial (www.treccani.it) da Enciclopédia Treccani, nome que se conhece comummente a Enciclopedia Italiana di Scienze, Lettere ed Arti também abreviada Enciclopédia Italiana. 2008. Consultado em 7 de junho de 2022
↑S. Bertoldi, L'ultimo re, l'ultima regina, Milan, 1992
↑Giovanni Dall'Orto in Aldrich, Robert; Wotherspoon, Garry Who's Who in Contemporary Gay and Lesbian History: From World War II to the Present Day, Routledge, London 2001, p452
↑A. Petacco, Regina: La vita e i segreti di Maria Jose, Milan, 1997