Lólio era membro da genteplebeiaLólia[3]. Seu pai também se chamava Marco Lólio e sua mão possivelmente era chamada Paulina, mas pouco se sabe sobre sua família ou seus primeiros anos. É provável que Lólio tenha sido um homem novo, ou seja, o primeiro de sua família a chegar ao senado[4].
Início da carreira política
Geralmente se assume que Lólio seja o "Marcos" citado em "Guerras Civis" de Apiano[5]. Apiano reconta que Lólio era um legado de Marco Júnio Bruto que foi proscrito depois da Batalha de Filipos em 42 a.C.. O próprio Lólio se disfarçou de escravo, foi comprado por um "Bárbula" (que se assume ser Quinto Emílio Lépido) e só foi descoberto em Roma por um amigo de Lépido. Lépido então foi até Marco Vipsânio Agripa, que, por sua vez, intercedeu em nome de Lépido junto a Otaviano e conseguiu que o nome de Lólio fosse removido da lista de proscritos.
Lólio lutou na Batalha de Ácio, em 31 a.C., e pode retribuir o favor intercedendo em nome de Lépido, que havia sido capturado depois de lutar por Marco Antônio, junto a Otaviano[6].
Governador romano da Galácia
O primeiro cargo conhecido de Lólio foi o de governador da Galácia, na Anatólia, em 25 a.C.. Para Augusto tê-lo nomeado para uma posição tão importante, Lólio certamente teve que se mostrar um político competente antes disto[4]. Ele foi o primeiro governador da província[7] e teve a missão de incorporar a nova província[a] ao governo imperial[4].
Apesar da dificuldade da tarefa e da resistência da população local, Lólio se provou um bom governador. Ele conseguiu treinar o exército de Amintas e incorporou-o ao exército romano como parte da Legio XXII Deiotariana. Ele também fundou a colônia de Ancara como um exemplo da civilização romana para a população local e o fez sem provocar revoltas entre os gálatas[4].
Consulado
Quando o mandato de Lólio como governador terminou, ele retornou a Roma. Em 21 a.C., uma segunda posição consular ficou disponível depois que Augusto decidiu não se auto-nomear para o cargo. Depois de uma amarga e rancorosa eleição e de longas discussões — o povo de Roma chegou a pedir que Augusto acabasse com a eleição — entre os dois únicos candidatos para a posição de Augusto, Lúcio Júnio Silano e Quinto Emílio Lépido, Lépido foi eleito cônsul e serviu juntamente com seu amigo Marco Lólio, eleito sem sobressaltos[7]. Seu consulado é mencionado numa inscrição que ele próprio dedicou a si e ao companheiro em 21 a.C. no arco oriental da face sul da Ponte Fabrício, em Roma[8][8] por conta de uma reforma na ponte patrocinada por eles[9].
Seu consulado só é conhecido por causa desta inscrição e nada mais se sabe sobre seu mandato.
Comandante militar
No biênio 19-18 a.C., Augusto nomeou Lólio governador novamente, desta vez da província da Macedônia[4][1]. Neste período, Lólio derrotou a tribo trácia dos bessos segundo uma inscrição encontrada em Filipos, na Grécia[4].
Os Hórreos Lolianos (hórreo é uma espécie de armazém romano) foram construídos por Lólio ou por seu filho, Marco Lólio e são conhecidos através de inscrições e também pela planta presente no Plano de Mármore de Roma. Aparentemente a família de Lólio tinha relações comercias com lugares distantes e seu nome foi encontrado entre os comerciantes romanos na ilha grega de Delos durante o período helenístico[11].
Entre 2 e 1 a.C., Lólio foi nomeado por Augusto como tutor de seu neto e filho adotivoCaio César em sua missão no oriente para aprender mais sobre o governo imperial[4][1]. Entre os oficiais que escoltaram os dois estavam Marco Veleio Patérculo, o senador romanoPúblio Sulpício Quirino e o futuro prefeito pretorianoLúcio Élio Sejano[4]. Quando a comitiva chegou ao oriente, várias embaixadas foram enviadas para encontrar Lólio e nenhuma para Caio César, que foi ignorado. A relação entre os dois começou a se deteriorar durante uma visita a Tibério, que estava vivendo em um auto-exílio voluntário na ilha grega de Rodes[4]. Lólio havia envenenado a opinião de Caio César contra Tibério, que ele detestava desde o desastre no Reno em 16 a.C.[1]. Aparentemente Caio César ofendeu Tibério, que era seu tio, e Lólio foi considerado responsável pelo incidente[4].
A partir daí, no decorrer da viagem pelo oriente, Lólio e Caio César passaram a discutir com frequência. Lólio finalmente caiu em desgraça com o companheiro[12] quando foi acusado de receber suborno do xáFraates V[1]. César denunciou Lólio ao imperador Augusto e ele, para evitar uma punição certa, preferiu se matar tomando veneno[2][1][12]. Outras fontes indicam que ele teria morrido de causas naturais[4].
Reputação
Lólio amealhou uma imensa fortuna durante seus mandatos como governador das diversas províncias romanas pelas quais passou[1]. O historiador Plínio, o Velho, descreveu-o desfavoravelemnte[12], chamando-o de um hipócrita que não pensava em nada além de enriquecer. Marco Veleio Patérculo o descreve como ganancioso e corrupto, mas é preciso ter em mente que Patérculo era partidário de Tibério[1]. Já Horácio, que era amigo pessoal de Lólio[4], o descreveu como um homem confiável e elogiou o fato de ele estar acima da avareza, o pecado mais usual dos governadores romanos. Horácio dedicou algumas de suas Odes a ele (4.9, 34-44) a Lólio, endereçando-o com um elogio ambíguo[1][12]. Alguns anos depois da morte de Lólio, Tibério o criticou no Senado Romano.
A fortuna de Lólio foi herdada por sua neta Lólia Paulina, que foi a terceira esposa do imperador Calígula[1].
Entre 2005 e 2006, professores e arqueólogos da Universidade de Colônia, na Alemanha, e da Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica, participaram de estudos arqueológicos e restaurações de antiguidades romanas em Sagalassos, na Turquia[17][18]. Entre os vários achados está uma base cilíndrica para uma estátua colossal de Lólio. Na base está uma inscrição honorífica em grego: "Marco Lólio é homenageado pela demos [o povo] como seu patrono". Isto significa que a Lólio certamente conseguiu privilégios para a cidade, como uma intervenção para aumentar seu território, a resolução favorável de uma disputa com cidades vizinhas ou contatos especiais com o imperador[18].
Outro achado ligado com esta base encontrada em Sagalassos são dois fragmentos de pés da época de Augusto e que podem ter pertencido à esta estátua colossal. As antigas botas, identificadas como mulleus, são bordadas, afiveladas pelo lado de fora e amarradas por dentro. Elas são feitas de couro, provavelmente pele de algum felino, e são consideradas uma luxuosa vestimenta real. Os fragmentos foram datados em cerca de 1 a.C., a época que Lólio viajou pela região com Caio César. A estátua tinha provavelmente cinco metros de altura e estava localizada no lugar mais importante da cidade. Estes fragmentos estão atualmente no museu de Burdur, na Turquia[17].
↑A região era até então parte do Reino da Galácia, um reino cliente de Roma, cujo último rei, Amintas, faleceu e deixou, em seu testamento, o reino para o Império Romano.
Horácio. Dilke, O.A.W, ed. Horace: Epistles Book I (em inglês). [S.l.]: Taylor & Francis
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Hazel, J. (2001). Who’s Who in the Roman World (em inglês). [S.l.]: Routledge
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