Por conta da dinâmica demográfica do século XIX, a matriz cultural iorubá predominou no candomblé de Salvador e do Recôncavo baiano, enquanto a maioria dos terreiros ilheenses se identifica com a nação angola, das civilizações bantas.[2] Originalmente, outra diferença eram as características rurais em comparação aos terreiros mais citadinos soteropolitanos.[2] Ao mesmo tempo, guardam ligação com aqueles terreiros, pois os grandes terreiros ilheenses com suas lideranças emergiram na década de 1940 por ocasião de migrações de mães e pais de santo, visitas para cumprir obrigações e extensões da família de santo desde Salvador para Ilhéus.[2] Nessa década, o candomblé já era difundido na capital baiana e a prosperidade econômica em Ilhéus e no entorno em função do ciclo do cacau ultrapassou a estrutura açucareira do Recôncavo e reconfigurava a capital do estado.[2]
Dentre os primeiros terreiros de Ilhéus estão o Ilê Asche Omi Azaritobossi Dewá (fundado em 1973 pela ialorixá Annaildes Moreira Tavares, do rito nagô), o terreiro de Dona Benzinha da Rodagem (localizado na Barreira, da nação jeje consagrado a Nanã Borocô, fundado antes de 1973, porém extinto por não haver sucessores), o Ilê Axé Ijexá Orixá Olufon (remonta ao Engenho de Santana e a uma ancestralidade por volta de 1829, de nação ijexá, transferido para o município vizinho de Itabuna), o Terreiro Matamba Tombenci Neto (localizado no alto da Conquista, fundado em 1885, de nação angola) e o Terreiro de Luando (fundado no começo da década de 1940 por Malungo Monaco, de nação angola).[2]
Houve alguns esforços para catalogar os terreiros de Ilhéus, como também da região em que está inserido, o Sul da Bahia. O Núcleo de Estudos Afro-Baianos Regionais Kàwé (NAEB), da Universidade Estadual de Santa Cruz, conduziu um primeiro levantamento na década de 2000 e alcançou a visita de 32 terreiros em Ilhéus.[2][3] Posteriormente, o projeto "Memória de Terreiros do Sul da Bahia" do Núcleo Kàwé cadastrou 77 terreiros, espalhados por 18 dos 40 bairros da zona urbana do município e por cinco dos seus dez distritos rurais.[2][3] Antes disso, a Associação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (ACBANTU) havia identificado a existência de 94 terreiros em Ilhéus.[2] As diferenças entre as iniciativas de catalogação se dão pelas dinâmicas de funcionamento dos espaços de culto, que, em geral, ficam um ano fechados em caso de morte da liderança e estas podem não deixar sucessão (como o de Dona Benzinha) ou que ficam enfraquecidos, se não fecham, com a migração da mãe ou pai de santo para outro lugar.[2]
Tabela
A tabela abaixo lista os terreiros ilheenses com algumas outras informações pertinentes: imagem, data de fundação, nação de candomblé (quando houver especificação) e coordenadas geográficas em uma hiperligação leva a um mapa com a localização do terreiro no município de Ilhéus. Tais informações estão embasadas nos dados do projeto "Memória de Terreiros do Sul da Bahia" do Núcleo Kàwé.[4]
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