Jogos Olímpicos de Verão de 1988 (Hangul: 서울 하계 올림픽; hanja: 서울 夏季 올림픽; Seoul Hagye Ollimpik), oficialmente denominados Jogos da XXIV Olimpíada, foram os Jogos Olímpicos realizados em Seul, Coreia do Sul, entre 17 de setembro e 2 de outubro, com a participação recorde de 159 países e 8 391 atletas.
Seul derrotou a cidade japonesa de Nagoya na disputa pelo direito de sediar os Jogos e gastou mais de setecentos bilhões de wons no evento, investindo em obras de infraestrutura e na construção de instalações esportivas, entre elas um Estádio Olímpico para cem mil pessoas. Após três edições de Jogos Olímpicos com grandes boicotes, Seul viu o enfrentamento direto das grandes potências União Soviética, Estados Unidos e Alemanha Oriental, que venceram a maioria das competições. Cuba, Coreia do Norte, Nicarágua e Etiópia, entretanto, não enviaram delegações a Seul.
Tênis e tênis de mesa foram incorporados ao programa dos Jogos, elevando o total de eventos a 237. Os destaques individuais da competição foram a nadadora alemã oriental Kristin Otto, que conquistou seis medalhas de ouro, e o também nadador Matt Biondi, dos Estados Unidos, que ganhou sete medalhas, sendo cinco de ouro. A tenista Steffi Graf entrou para a história como a única a conquistar o Golden Slam real e o halterofilista turco Naim Süleymanoğlu venceu com folga sua categoria, levantando mais peso que todos os competidores da categoria acima da sua. Por outro lado, os Jogos de Seul ficaram marcados por escândalos de doping, o mais famoso deles envolvendo o corredor canadense Ben Johnson, que venceu a prova dos 100 metros do atletismo e teve sua medalha retirada dois dias depois, quando o exame antidoping deu resultado positivo. A maioria dos casos de desclassificação ocorreu no halterofilismo, levando as equipes da Bulgária e da Hungria a abandonarem a competição devido aos exames.
Mais de quinze mil jornalistas estiveram na capital sul-coreana para os Jogos, que tiveram imagens transmitidas para 140 países, tornando esta edição a mais assistida da história até aquele momento. O evento contribuiu para o crescimento econômico da Coreia do Sul e para o reposicionamento da imagem internacional do país, que recebeu nos anos seguintes diversos eventos de nível mundial, como a Copa do Mundo FIFA de 2002.
Processo de candidatura
Resultados da eleição da cidade-sede dos Jogos da XXIV Olimpíada
Dentre os eventos que também ajudaram foi a organização do Miss Universo 1981, que teve grande sucesso.[2]
O assassinato do presidente da república Park Chung-hee, apenas dezoito dias após o lançamento da candidatura, forçou o KOC a repensar o projeto, que voltou ao patamar inicial. Apenas em dezembro de 1980 Seul foi confirmada como cidade candidata, ao lado de Melbourne, na Austrália, Atenas, na Grécia, e Nagoya, no Japão. As duas primeiras, porém, retiraram suas candidaturas ainda no início do processo. O projeto de Seul estava abalado por discrepâncias entre as análises iniciais e o relatório enviado ao COI, principalmente na questão financeira, mas o Ministro da Educação, um dos principais entusiastas da candidatura, adotou uma posição firme, declarando que a retirada de Seul da corrida acabaria com a reputação da Coreia do Sul no cenário internacional.[1]
A situação política da Coreia era vista como um ponto negativo da candidatura, favorecendo a adversária Nagoya, mas o governo confiava que o projeto esportivo e a oportunidade de desenvolvimento do país ajudariam a campanha. Na 84ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional, realizada em Baden-Baden, Alemanha, a delegação sul-coreana promoveu uma campanha maciça de convencimento dos membros do COI, que teve seu ápice no dia 29 de setembro, com uma apresentação segura e convincente; juntamente a isso, Seul já se preparava para sediar os Jogos Asiáticos de 1986, o que poderia ser uma segurança a mais para a organização dos Jogos, já que a cidade oferecia uma infraestrutura que não seria especificamente para os Jogos. A delegação japonesa, em oposição, apresentou a candidatura de forma fria, extremamente confiante de que sairia vencedora. No dia seguinte, os oitenta membros do COI se reuniram para eleger a cidade sede. 52 deles votaram na capital sul-coreana e 27 escolheram a adversária japonesa. Apesar do medo de boicote, o presidente do COI Juan Antonio Samaranch declarou que a vitória de Seul era uma vitória do espírito olímpico.[1]
Preparação
Orçamento e obras
O orçamento inicial dos Jogos de Seul era de 747,7 bilhões de wons. As principais fontes de renda foram a venda dos direitos de transmissão e de moedas comemorativas e uma loteria criada pelo governo especialmente para o evento. Os patrocinadores (classificados em "patrocinadores oficiais", "fornecedores oficiais" e "licenciados") injetaram mais de cem bilhões de wons na organização do evento.[1]
O governo sul-coreano contribuiu para o projeto desde os estágios iniciais, com a criação do Ministério do Esporte (que se tornou desvinculado do Ministério da Educação) e de vários grupos de trabalho que atuaram em diversas frentes. A população do país também se envolveu com a organização, através de comitês locais de promoção dos Jogos Olímpicos. A cidade se preocupou com o meio ambiente e com o reflorestamento de diversas áreas, implantação de jardins em diversos pontos da cidade e revitalização da orla do rio Han.[1]
Duas novas linhas de metrô foram construídas, a sinalização de trânsito foi renovada e um sistema de rodízio de veículos foi implantado durante o evento para evitar congestionamentos. O Aeroporto Internacional de Gimpo foi reformado, quase dobrando sua capacidade anual de passageiros. Diversos espaços públicos com potencial turístico também foram reformados.[1]
Locais de competição
Seul utilizou vinte e uma instalações já existentes (muitas previamente usadas nos Jogos Asiáticos de 1986 e em diversos eventos anteriores) e algumas instalações construídas especificamente para o evento. Os locais de competição estavam centralizados no distrito de Songpa, onde se localizavam o Complexo Esportivo de Seul e o Parque Olímpico de Seul, mas existiam instalações espalhadas por toda a cidade, juntamente com outras cidades da sua região metropolitana. No Complexo Esportivo de Seul, localizado no bairro de Jamsil, estavam o Estádio Olímpico, com capacidade para cem mil pessoas, o Ginásio Jamsil, sede do basquetebol, o Parque Aquático de Seul, onde foram realizados os esportes aquáticos, e o Ginásio dos Estudantes, local do boxe.[1]
No Parque Olímpico de Seul foram construídos a Arena de Ginástica Olímpica, o Ginásio da Esgrima, o Ginásio do Halterofilismo (que depois foi convertido em um teatro), o complexo das quadras de tênis e o velódromo, bem como a Vila Olímpica e diversas áreas de convivência entre os atletas.[1]
Além dessas duas regiões, novas instalações específicas foram construídas ou reformadas dentro da Região Metropolitana de Seul, como a raia de remo e canoagem no Rio Han, o Saemaul Sports Hall e o Ginásio da Universidade Hanyang, que sediaram as preliminares dos torneios de voleibol. Já em condições de uso estavam o Ginásio da Universidade Nacional de Seul, que sediou o primeiro torneio olímpico de tênis de mesa da história, e o Ginásio de Jangchung, que sediou o torneio de judô. O campo de Tiro com Arco de Hwarang foi reformado, juntamente com o Dongdaemun Stadium, que era até então a mais antiga praça desportiva da cidade.[1]
O logotipo dos Jogos foi escolhido pelo Comitê Organizador entre vinte e seis trabalhos inscritos, e é um samtaeguk, tradicional figura sul-coreana, reconhecida internacionalmente. O símbolo, com três cores, representa ao mesmo tempo a chegada de pessoas de todas as partes do mundo à Coreia do Sul e a busca humana por felicidade e prosperidade.[3]
Outro concurso escolheu o mascote do evento. Entre 4 344 candidatos, o escolhido foi um tigre, animal que representa o vigor e o espírito de luta do povo coreano e está presente no folclore do país. Hodori (cujo nome significa "tigre menino"[4]) usava um colar com os anéis olímpicos e um sangmo, tradicional chapéu coreano.[3]
O pôster oficial dos Jogos foi feito com técnicas de computação gráfica e trazia uma pessoa conduzindo uma tocha abaixo dos anéis olímpicos, representando os ideais olímpicos iluminando o progresso da humanidade. Foram ainda elaboradas duas séries de pôsteres: uma para cada um dos esportes disputados em Seul e outros com elementos da cultura do país.[3]
Seul elaborou vários projetos para o revezamento da tocha, entre eles a passagem do símbolo por todos os países do mundo ou por cidades símbolos de cada cultura. Os altos custos e o risco de um retorno publicitário duvidoso fizeram o comitê organizador optar por um revezamento mais simples, passando apenas por cidades gregas e sul-coreanas, com uma parada técnica na Tailândia.[6]
As tochas foram produzidas pela Korea Explosives Ltd. e seu design foi semelhante ao da tocha usada no revezamento dos Jogos Asiáticos de 1986. Com o desenho de dois dragões simbolizando a harmonia entre leste e oeste, cada tocha, feita com latão e plástico, tinha 55 centímetros de altura e pesava cerca de um quilograma. A chama podia chegar a uma altura de 40 centímetros e era resistente a água, areia e a ventos de até 72 quilômetros por hora.[6]
A chama foi acesa no dia 23 de agosto em Olímpia, seguindo o ritual da Carta Olímpica. O grego Thanassis Kaloyannia, que competiria nos 400 metros do atletismo em Seul, foi o primeiro a conduzir a tocha, iniciando um trajeto de 374 quilômetros até Atenas, que foi concluído na noite do dia 25. Após uma cerimônia no Estádio Panathinaiko e outra no Partenon, a chama foi guardada em uma lamparina e o voo levando a delegação coreana decolou no fim da noite.[6]
A delegação fez uma escala técnica no Aeroporto Internacional de Suvarnabhumi em Bangkok, Tailândia, onde a tocha foi acesa pelo prefeito da cidade e conduzida pelas dependências do aeroporto por Porntip Nakhirunkanok, Miss Universo 1988, e por outros dois tailandeses. No dia seguinte, a comitiva seguiu viagem, chegando à ilha de Jeju na manhã do dia 27, dando início ao revezamento doméstico, que durou vinte e dois dias e teve um trajeto em zigue-zague, que, segundo os organizadores, simbolizava a harmonia e o progresso.[6]
O revezamento passou pelas principais cidades do país: Busan, Suncheon, Daegu, Daejeon, Cheongju, Suwon e Incheon, além de várias outras até chegar a Seul algumas horas antes da cerimônia de abertura em 16 de setembro.[6]
O programa dos Jogos de Seul foi decidido em 1979, na mesma sessão do COI que elegeu a capital sul-coreana sede da edição. A entidade incluiu o tênis e o tênis de mesa como esportes oficiais (em Los Angeles 1984 ambos seriam disputados como esportes de demonstração). Em relação ao programa dos Jogos de quatro anos antes, dezessete novos eventos foram adicionados e um foi retirado, levando o total de 221 a 237. As mudanças foram as seguintes:[1]
Os Jogos foram realizados em setembro e no início de outubro em virtude do clima mais favorável. A programação de cada dia foi elaborada de modo a evitar que esportes populares (atletismo e natação, por exemplo) ocorressem simultaneamente, que a distribuição de medalhas de ouro não fosse tão desigual entre os dias e que nenhum país fosse favorecido no quadro de medalhas geral pelas finais dos primeiros dias.[1]
A cerimônia de abertura ocorreu na manhã do dia 17 e começou com um desfile de 457 barcos no Rio Han e a Procissão do Tambor do Dragão no interior do estádio, que reuniu mais de 400 percussionistas e três tambores gigantes. Segmentos de dança homenagearam a origem grega dos Jogos e mais de mil universitários sul-coreanos formaram no centro do estádio o numeral 88, ano dos Jogos, e a palavra em inglês Welcome ("Bem-vindos"). Após a entrada do presidente da Coreia do Sul Roh Tae-woo, o mesmo grupo formou a palavra "bem-vindos" em coreano e os desenhos dos anéis olímpicos e do logotipo oficial dos Jogos de Seul.[6]
Seguiu-se o desfile dos atletas, que foi iniciado por trezentas balizas que entraram no estádio conduzindo bandeiras com os anéis olímpicos e o logotipo desta edição e a delegação da Grécia, tradicionalmente a primeira a desfilar. As demais delegações entraram em ordem alfabética de acordo com os caracteres do Hangul, a escrita oficial do país, exceto a do país anfitrião, que foi a última a entrar. O protocolo foi seguido com os discursos oficiais, a declaração de abertura, o hasteamento da Bandeira Olímpica e a soltura de 2 400 pombas brancas, simbolizando liberdade e paz.[6]
A tocha olímpica entrou no estádio conduzida por Sohn Kee-chung, campeão olímpico da maratona nos Jogos de Berlim 1936, que entregou a tocha a Im Chun-ae, campeã do salto triplo nos Jogos Asiáticos de 1986. Ela deu uma volta na pista de atletismo e entregou a tocha a Kim Won-Tak, Chung Sun-Man e Sohn Mi-Chung, três jovens atletas sul-coreanos (Won-Tak participaria da maratona olímpica dias depois). Uma estrutura os suspendeu até a pira de 22 metros de altura e eles a acenderam. Um dos maiores incidentes da história olímpica ocorreu neste momento, quando várias das pombas que haviam sido soltas minutos antes estavam pousadas na pira e foram incineradas.[6][9]
A cerimônia formal se encerrou com os juramentos olímpicos, o hino nacional sul-coreano e a saída dos atletas. Seguiu-se uma segunda parte artística composta por sete segmentos representando o slogan dos Jogos "Harmonia e Progresso", com destaque para a apresentação de mais de setenta paraquedistas. Encerrando a cerimônia, foi executada a canção oficial dos Jogos, Hand in Hand, da banda Koreana.[6]
Encerramento
Às 19h do dia 2 de outubro começou a cerimônia de encerramento, com quinhentos ginastas e 300 percussionistas celebrando o sucesso dos dezesseis dias anteriores. Os componentes se posicionaram em volta do campo e em seguida os atletas foram chamados, entrando no estádio sem divisão de delegações. Quando todos os atletas entraram no gramado, foram executados os hinos da Coreia do Sul, da Grécia e da Espanha (sede da edição seguinte dos Jogos), acompanhados dos hasteamentos das bandeiras dos três países.[6]
A parte artística se iniciou com danças típicas, enquanto um grupo de pessoas montava uma ponte em formato de S. No segmento "Navios Partindo" foi apresentada uma performance de pansori. O presidente do comitê organizador e o presidente do COI fizeram seus discursos e a cerimônia da Antuérpia foi realizada, onde o prefeito de Seul passou a Bandeira Olímpica para o prefeito de Barcelona. Dançarinos das duas cidades se encontraram para apresentar a sede olímpica seguinte.[6]
A Bandeira Olímpica hasteada na cerimônia de abertura foi arriada e retirada do estádio e a pira gradualmente foi se apagando, deixando o estádio quieto. O silêncio foi interrompido por um daegeum, espécie de flauta de bambu tipicamente sul-coreana. Em seguida, 800 dançarinos entraram na pista, cada um carregando uma lanterna de seda. A canção folclórica Arirang foi executada. Os mascotes de Seul, Hodori, e de Barcelona, Cobi, se despediram do público e uma queima de fogos de artifício encerrou a cerimônia exatamente às 20h25.[6]
Fatos e destaques
A primeira medalha de ouro dos Jogos foi conquistada pela soviética Irina Shilova, que venceu a prova da pistola de ar do tiro.[8]
Kristin Otto entrou para a história ao conquistar seis medalhas de ouro na natação, mais do que qualquer mulher em uma única edição de Jogos Olímpicos.[10]
O americano Greg Louganis conquistou duas medalhas de ouro nos saltos ornamentais, mesmo tendo batido a cabeça no trampolim na primeira eliminatória.[11]
Naim Süleymanoğlu, nascido na Bulgária e naturalizado turco, dominou a categoria até 60 kg do halterofilismo. Com apenas 1,54 metro de altura, ele quebrou os recordes mundiais do arranque (152,5 kg), do arremesso (190 kg) e, consequentemente, do somatório (342,5 kg), alcançando um resultado suficiente para conquistar a medalha de ouro até mesmo na categoria de peso acima da sua.[3]
A União Soviética ficou com o ouro na competição masculina por equipes da ginástica com sete notas 10, a maior possível.[8]
Anthony Nesty tornou-se o primeiro medalhista olímpico do Suriname ao vencer os 100 metros costas da natação, deixando em segundo o favorito Matt Biondi, dos Estados Unidos, que conquistaria outras seis medalhas em Seul.[12]
Rosa Mota venceu a maratona feminina e se tornou a primeira mulher portuguesa a conquistar uma medalha de ouro em Jogos Olímpicos.[13]
A Coreia do Sul conquistou todas as medalhas em disputa na competição individual feminina do tiro com arco, algo que nunca havia acontecido neste esporte. Dias depois, as três arqueiras ainda ficariam com o ouro na disputa por equipes.[14]
Outro fato inédito envolvendo mulheres foi o pódio do adestramento individual no hipismo, que, pela primeira vez na história olímpica, não teve presença masculina, algo que se tornaria comum nas edições seguintes.[16]
A esgrimista sueca Kerstin Palm tornou-se a primeira mulher a participar de sete edições consecutivas dos Jogos Olímpicos, sem conquistar medalhas em nenhuma delas.[17]
Serguei Bubka, competindo pela União Soviética e dono de trinta e cinco recordes mundiais do salto com vara, conquistou em Seul sua única medalha olímpica, vencendo a prova que teve pódio inteiramente soviético.[18]
Lawrence Lemieux, velejador canadense da classe Finn, estava próximo da medalha de prata quando abandonou a prova para ajudar a dupla de Cingapura da classe 470 (as duas classes dividiam a raia) que estava se afogando, pois as águas agitadas haviam virado o barco. Após o resgate, ele voltou à prova e terminou apenas na vigésima segunda posição. Esse ato fez com que o COI o condecorasse com a medalha Pierre de Coubertin, honraria máxima do espírito esportivo em Jogos Olímpicos.[19]
Os Jogos de Seul foram manchados por diversos casos de doping. O primeiro de grande repercussão ocorreu em 24 de setembro, quando toda a equipe búlgara de halterofilismo abandonou os Jogos devido à cassação das medalhas de ouro de Mitko Grablev e Angell Guencheva, ambos por uso da substância furosemida.[21][22]
No mesmo dia, o corredor canadense Ben Johnson venceu os 100 metros do atletismo e, três dias depois, perdeu sua medalha de ouro porque seu exame comprovou o uso de estanozolol. Também no dia 27, dez halterofilistas húngaros abandonaram a competição após ser divulgado que Andor Szanyi, medalhista de prata na categoria até 100 kg, perderia a sua medalha, também por uso de estanozolol.[8][23][24]
De acordo com o relatório oficial dos Jogos de Seul, foram realizados 1 598 testes antidoping, com dez resultados positivos (além dos quatro já citados, dois pentatletas, um judoca, um lutador e mais dois halterofilistas tiveram resultados positivos).[3]
A vantagem soviética foi conseguida em esportes que distribuem muitas medalhas, como ginástica, ciclismo, tiro, halterofilismo, lutas e atletismo, embora neste último os Estados Unidos tenham conquistado mais medalhas de ouro (13 contra 10 dos soviéticos). Os estadunidenses dominaram as provas de pista, enquanto os alemães orientais foram mais bem sucedidos nas provas de campo, assim como na natação (com treze ouros contra 8 dos Estados Unidos). A Coreia do Sul dominou o tiro com arco, conquistou um inédito ouro no handebol e dividiu as conquistas do tênis de mesa com a China (dois ouros para cada país), conseguindo ainda algumas medalhas de ouro nos esportes de combate.[3]
Atletas multimedalhistas
Diversos atletas conquistaram mais de uma medalha nesta edição. Os recordistas de medalha foram:[25]
Quase cinco mil jornalistas de mais de 1 400 jornais e revistas de todo o mundo estavam credenciados em Seul e ocuparam o Main Press Center. No International Broadcasting Center trabalharam 10 360 jornalistas de 127 emissoras de rádio e televisão de 64 países. A KBS foi a emissora oficial do evento, gerando imagens em trinta e oito canais, sendo vinte e quatro ao vivo. Mais de nove mil horas de imagens foram produzidas e transmitidas para o mundo através de cinco satélites. 227 emissoras de 140 países adquiriram os direitos de transmissão, tornando os Jogos de Seul os mais assistidos da história olímpica até aquele momento.[3]
No Brasil, a transmissão dos Jogos foi feita por um pool composto por Rede Bandeirantes, Rede Manchete, SBT e Rede Globo, que, devido ao fuso horário, chegou a manter programação ao vivo 24 horas por dia.[26]
Legado
Os Jogos Olímpicos de 1988 foram importantes no desenvolvimento econômico da Coreia do Sul e no reposicionamento da imagem do país no cenário global. Conhecida na época principalmente pela Guerra da Coreia, os investimentos em infraestrutura feitos para os Jogos ajudaram a aumentar o PIB do país em mais de 320% entre 1980 e 1990.[27][28]