O Museu de Arte Moderna de Nova Iorque inclui, desde 1962, na sua coleção permanente o quadro tríptico (3 partes) Marylin Tryptich.[2][3] No auge da sua carreira, James Gill retirou-se da cena artística e só regressou 30 anos mais tarde.
Biografia
As primeiras obras
James Gill nasceu em 1934 em Tahoka, Texas, e cresceu em San Angelo, Texas. Sua mãe, arquiteta de interiores e empresária, encorajou o a ter interesse artístico. No liceu, Gill fundou com amigos um clube de rodeo para concretizar o sonho de se tornar cowboy.[1] Durante o serviço militar, Gill trabalhou como desenhador e autor de cartazes. De regresso ao Texas, continuou os seus estudos no San Angelo College e continuou a trabalhar para um gabinete de arquitetos. Em 1959, estudou na Universidade do Texas, em Austin, para trabalhar posteriormente em conceção da arquitetura em Odessa. A seguir concentrou-se na sua carreira artística.[carece de fontes?]
Em 1962, mudou-se para Los Angeles. Na sua bagagem encontravam-se várias pinturas, incluindo Women in Cars, que apresentou na galeria de Felix Landau. Em novembro de 1962, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, — através de uma doação de John e Dominique de Menil — juntou a sua colecção a pintura de Marilyn Monroe denominada Marylin Tryptich, dando-lhe reconhecimento internacional. O seu desenho Laughing Women in Car and Close-up foi mostrado no Museu de Arte Moderna por entre os desenhos de Picasso e Redon.
Em 1965, Gill deu aulas de pintura na Universidade do Idaho. Durante este período, o seu trabalho era frequentemente depressivo e sombrio, tanto no tom como no humor. O tema principal do seu trabalho eram acontecimentos sociais e políticos tais como a Guerra do Vietname.[4] Há entre eles, uma série de pinturas antiguerra que retratam os dirigentes civis e militares. O escritor William Inge descreveu estes quadros como: «Retratando figuras de elevado destaque social, momentaneamente apanhadas num qualquer ato nefasto, que provavelmente destruirá a sua reputação política ou profissional».[5]
Seu trabalho As Máquinas decorre de uma série de imagens antiguerra. A composição combina a atenção dos meios de comunicação dos Estados Unidos com o retrato das condições de combate no Vietname.[4] Como artista, Gill adquiriju reputação por tratar assuntos correntes a partir de cópias de imagens fotográficas. A combinação do seu expressionismo em conjunto com o seu lápis de grafite destacava-se contra a tendência da época.[6] O escritor William Inge descreveu as suas composições sombrias de lápis de grafite como: «pinturas que captam um momento de verdade, de uma beleza infeliz, que as tornam memoráveis».[7]
Em 1967, a exposição "São Paulo 9 - Ambiente Estados Unidos: 1957-1967", no Brasil, mostra os trabalhos de Gill conjuntamente com artistas como Andy Warhol e Edward Hopper. Esta exposição lançou Gill definitivamente no mundo da arte internacional. As suas obras foram incluídas nas coleções dos mais importantes museus internacionais, tais como o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque ou a National Portrait Gallery.
No mesmo ano, a revista Time pediu-lhe para retratar Alexander Soljenítsin, que tinha acabado de fugir de um campo de trabalho soviético.[8] Gill produziu um quadríptico, que esteve pendurado cerca de cinco anos no hall do edifício onde se encontrava a revista Time Life. A figura, inicialmente sem rosto torna-se num homem sorridente, que recuperou a sua liberdade. Nas palavras do próprio artista: «Todas as pessoas são prisioneiros políticos na maneira que são prisioneiros do sistema em que nascem».[9]
As fontes de inspiração de Gill vieram sempre do presente. O seu reconhecimento enquanto artista foi feito não só com base nos seus retratos de personalidades famosas como John F. Kennedy, Marilyn Monroe e os Beatles, mas também, em larga medida sobre os seus outros trabalhos, que questionavam a estrutura do poder político e a guerra em geral. Um trabalho importante deste período é o quadro Political prisoner. A pintura mostra a silhueta de uma mulher grávida. O seu corpo é o símbolo da longevidade da população e a possibilidade de um novo recomeço de cada geração, livre dos erros da geração dos seus pais. Mas ao mesmo tempo, Gill parece sugerir que mesmo a criança que vai nascer, está à partida presa: nascida no caldeirão de uma família nuclear, e que, a nova geração poderá ser, infelizmente, herdeira de um mundo que não ajudou a criar, mas que a criou a ela própria.[10]
Em 1970, foi-lhe oferecido um posto de professor convidado na Universidade do Oregon em Eugene. Gill estava então no auge da sua carreira e era muito popular na cena da Arte pop. Mas muitos dos seus contemporâneos viram nas suas obras um sentimento profundo e complexo que exprime mais que a intenção da Arte pop: «Gill é um importante artista da Arte pop, mas é mais do que um pintor e trata os seus temas de uma maneira muito carregada emocionalmente, indo para além do artista pop», escrito pelo Los Angeles Times Art Editor Henry J . Seldis na edição de 8 de novembro de 1965.[carece de fontes?]
Retirada da cena artística
Em 1972, Gill reformou-se, através de um exílio auto-imposto, na expetativa de manter uma espécie de relação à distância com a cena artística. Ele pretendia desenvolver a sua expressão artística, sem estar preso aos constrangimentos do mundo material. Ele afirmou: «Naquela altura estava bastante agarrado a uma série de coisas, preso à fama, à arte e ao dilema do Political Prisoner (...). Assim, enquanto conduzia através dos bosques dose carvalhos da Califórnia e ao longo da costa, fiquei deslumbrado com a beleza do local e apercebi-me que não tinha de viver em Los Angeles».[11] Após ter ensinado um semestre no Oregon, vendeu a casa, várias fotos e desenhos para poder comprar terra e uma casa em Whale Gulch, na fronteira da Califórnia.[carece de fontes?]
Redescoberta
Paralelamente ao seu trabalho concetual na arquitetura na Califórnia do Norte, James Gill começou de novo a pintar em meados dos anos 80. Regressou ao Texas e voltou a desenvolver a sua arte mas sem ir para o público.[12]
No entanto, a sua vida alterou-se bruscamente quando, cerca de 10 anos mais tarde, a revista de arte "American way" do Museu de Arte Americana Smithsonian o contactou e lhe pediu uma entrevista. Esta entrevista marca o início da sua redescoberta e levou a que numerosas galerias e museus ficassem de novo atentas aos seus trabalhos.[13]
Por volta de 1987, Gill começou a trabalhar com ferramentas de design gráfico por computador, utilizando «o computador e a impressora (...) como uma ferramenta de desenho»[14]
Pela primeira vez, em 2005, foi feita uma retrospetiva na sua cidade natal de San Angelo, no Museu de Belas Artes.[15]
Obra tardia
Por volta de 2010, a fase criativa tardia de Gill começa. Contrariamente ao predomínio de temas políticos nos seus primeiros trabalhos, a obra dele foca-se, neste período, cada vez mais, na apresentação de ícones da Arte pop como John Wayne, Paul Newman ou Marilyn Monroe. Pintou inclusivamente várias obras da atriz norte-americana, que, desde o seu primeiro sucesso com a obra Marilyn Tryptich (que foi incluída na coleção permanente do Museu de Arte Moderna antes das obras de Andy Warhol), ininterruptamente exercia sobre ele um fascínio, tornando-se a inspiração central da sua obra tardia.[carece de fontes?]
Ao ter conhecido pessoalmente figuras como Tony Curtis, Kirk Douglas, John Wayne, Martin Luther King, Jim Morrison e Marlon Brando, Gill é um artista que observou de perto toda uma geração. Estas personalidades marcaram indubitavelmente a substância do seu trabalho, que este tentava transmitir através de diversas técnicas e composições. A arte de James Gill nos dias de hoje é uma fusão entre o realismo e a abstração. As fotos são uma das bases da sua arte. Hoje em dia, a composição da imagem das suas pinturas é feita com base no recurso ao computador. Ele trabalha conscientemente com os efeitos de montagem, que descreve como «Metamage» ou «Media Misturada».[16]
Alfred H. Barr: Painting and Sculpture in the Museum of Modern Art. Museum of Modern Art, 1977.
John I. H. Baur: Dictionary of Contemporary American Artists. 5. Auflage. Whitney Museum of American Art Catalogue of the Collection. Cummings, Paul (1987), 1974.
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Lonnie Pierson Dunbier (Ed.): The Artists Bluebook 34,000 North American Artists to March 2005. 2005.
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Peter Hastings Falk (Ed.): Who Was Who in American Art. 1564–1975. 1999.
Jaques Cattell Harris: Who's Who in American Art. 1976.
Neil Harris, Martina R Norelli: Art, Design and the Modern Corporation. 1985.