O templo constitui um valor patrimonial importante no contexto da arquitectura religiosa medieval regional, ao testemunhar a penetração dos modelos arquitectónicos românicos na região atualmente englobada pelo concelho de Montalegre.[2]
Apresenta-se como uma igreja com fundação tardo-medieval, razoavelmente conservada, provavelmente Século XIII (algumas fontes referenciam-na como igreja quinhentista,[3] mas isso dever-se-á aos trabalhos de restauro desenvolvidos nesse século), relacionada com o Mosteiro de Pitões das Júnias, como se pode aferir da austeridade decorativa e a tipologia geometrizante dos motivos desenhados, segundo o modelo cisterciense deste mosteiro.[2] Este templo paroquial é, provavelmente, a igreja que se refere no foral da Piconha, dado por D. Manuel I em 1515, onde se estabelece o foro a pagar pela igreja de S. Pedro.[2]
As obras mais recentes terão deixado alguns elementos arquitetónicos tidos como tardo-românicos no seu portal lateral do lado sul, de arco de volta perfeita, no arranque das paredes do corpo e também da capela-mor.[4] Conserva-se do templo original a quase totalidade da metade inferior das nave e a cabeceira executada em aparelho isódomo, onde se destaca um fecho de fresta no interior da capela-mor com decoração esculpida e fragmentos de arquivolta de portal decorados com motivos lanceolados, que foram reaproveitados na parte superior da parede Sul da cabeceira.[2]
Esta igreja foi sujeita a muitas obras de manutenção e restauro em épocas recentes. No século XVI foi restaurado o portal principal e durante o século XVIII, fizeram-se mais obras de manutenção que foram patrocinadas por Caetano Teixeira de Bragança, nomeado numa lápide comemorativa sobre a entrada da sacristia, onde se pode ler "Caetanus Teyxeyra de Bragança fecit fleri 1751".[3]
Esta igreja tem uma nave única estreita e longa com capela-mor. Tem uma fachada principal de pano único, onde se desenha portal de volta redonda, de sete aduelas, segundo o modelo característico do extremo oriental transmontano.[3] Acima do portal, axialmente, tem um campanário dotado de dupla sineira com terminação em empena triangular. Sobre os cunhais há dois pequenos fogaréus de estilo barroco e a meio do alçado surgem duas mísulas que podem ter servido como locais de apoio de um alpendre. Gravadas na silharia exterior, a pouca altura, encontram-se várias cruzes e Siglas.[4]
↑ abFernandes, Paulo Almeida (2007). «G02». In: Leonel de Vieira. Portugal Património. Guia - Inventário. II 1.ª ed. Casais de Mem Martins, Rio de Mouro: Círculo de Leitores. p. 10. ISBN978-972-42-3908-8