A Igreja da Ordem Terceira da Penitência de São Domingos ocupa o perímetro noroeste do Terreiro de Jesus. A Igreja de São Pedro dos Clérigos fica à esquerda da Igreja da Ordem Terceira no Terreiro de Jesus; a Catedral de Salvador está localizada no extremo oposto da praça.[2]
O capítulo baiano da Irmandade da Ordem Terceira de São Domingos foi fundado em 30 de outubro de 1723. A filiação à Ordem Terceira, assim como a outras Ordens Terceiras carmelitas e franciscanas, era limitada aos cidadãos de ascendência portuguesa pura e excluía os de ascendência judia, moura ou africana; de "um histórico moral impecável"; de meios financeiros para sustentar a Irmandade; e depois de 1759, não um membro da Companhia de Jesus.
Vasco Fernandes César de Meneses (1673–1741), vice-rei do Brasil, esteve presente na cerimônia inaugural e foi admitido na ordem no mesmo dia. A Irmandade teve a sua primeira sede na Igreja e Mosteiro de São Benedito, cujo prior eleito foi Afonso Rodrigues Sampaio. Logo foi transferido para o Hospício da Palma. A Ordem Terceira tinha duas festas religiosas: a festa da padroeira de São Domingos e a festa de Nossa Senhora do Rosário em outubro.[4]
Em 1730, a Irmandade adquire casas no Terreiro de Jesus e no ano seguinte iniciam a edificação de sua igreja. A construção da sede da Confraria no Terreiro de Jesus foi executada por João Antunes dos Reis. A igreja foi construída e decorada em um período curto e ininterrupto de tempo entre 1730 e 1747; a falta de atrasos na construção da igreja está em contraste com outras igrejas da época, e com a força econômica da irmandade. Além da igreja, foram também implementados duas construções laterais para serem ocupadas pela Ordem Terceira.[3][4]
A estrutura possuía nave monumental, noviciado e sacristia. José Joaquim da Rocha (ca. 1737–1807) completou a pintura barroca trompe-l'œil do teto da nave no século XVIII; sobreviveu a reformas subsequentes da estrutura. A relação entre a Ordem Terceira de São Domingos e a Ordem Terceira de São Francisco foi inicialmente "cordial", mas caiu em uma disputa por propriedades em meados do século XVIII. A Ordem Terceira de São Domingos tentou comprar três casas dos franciscanos para expandir sua sede; a venda entrou em disputa e só foi liquidada em 1781. A austera Casa de Santos ( Casa dos Santos ) foi concluída no mesmo ano.[5]
A Ordem Terceira planejou a construção de um frontispício de talha em Portugal. Após muitas dificuldades, a ideia foi abandonada e o atual frontispício foi instalado em 1787.
O interior da igreja foi profundamente alterado a partir de 1873, principalmente na capela-mor. O altar, retábulo, entalhes e pinturas de estilo barroco foram removidos e substituídos por aqueles de desenho neoclássico. As paredes e o teto da capela-mor são pintados de azul claro, faltando as pinturas e azulejos das igrejas baianas da mesma época. Um arco da capela-mor e novo piso de mármore italiano foram instalados em 1887.
Estrutura
Planta
A Igreja da Ordem Terceira da Penitência de São Domingos foi construída em alvenaria de pedra e cal. Possui duas construções laterais separados da igreja por corredores longitudinais com tribunas na parte superior. Sua fachada principal com decoração de jarros e cimalhas em arenito, possui elementos do estilo rococó e uma torre com terminação em bulbo.[3][4]
Tem no seu interior uma nave única monumental, um coro, noviciado, uma capela-mor e altar-mor, uma sacristia, dois corredores laterais, uma sala dedicada a Nossa Senhora da Morte ( Nossa Senhora da Boa Morte ), uma capela dedicada a Nossa Senhora da Morte e outras salas diversas.[3][4]
A sala dedicada a Nossa Senhora da Morte funciona agora como sala de exposição de obras de arte, principalmente estátuas de santos, da igreja.[3][4]
Nas reformas ocorridas entre 1873 e 1888, uma claraboia foi aberta no altar-mor.[3][4]
Pintura
A pintura do teto da nave é intitulada A Visão de São Domingos (Visão de São Domingos) e retrata a Virgem Maria, Jesus e São Domingos. A pintura, embora monumental, provavelmente carece de detalhes do original; uma inscrição afirma que ele foi pintado pela primeira vez em 1749, mas restaurado em 1875. É atribuída a José Joaquim da Rocha, mestre em pintura ilusionista barroca. A pintura do teto da nave é semelhante às das igrejas franciscanas do recôncavo interior, notadamente da Igreja e Convento de Santo Antônio em Cairu e do Convento de São Francisco em São Francisco do Conde.
A capela-mor apresenta forro com seis janelas abobadadas. Originalmente era ricamente pintada, como a da Igreja e Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, e possuía um rico acervo de azulejos. Esses elementos desapareceram e o teto e as paredes agora são pintados de azul puro.
Decoração / Talhe
Antônio Mendes da Silva esculpiu um retábulo elaborado na capela-mor entre 1745 e 1748. A talha original barroca foi substituída pela talha neoclássica em 1873, com autoria de Joaquim Rodrigues de Farias. A riqueza da Ordem Terceira se reflete na decoração elaborada e no uso do jacaranda em todo o edifício. Possui uma escadaria circular maciça de guarda-corpo e arranque de madeira de jacarandá, em estilo rococó que dá acesso ao pavimento superior, onde estão localizados o consistório, o coro, as tribunas da capela‐mor e da nave, além da sala da secretaria.[3][4]
Acervo
Entre as peças que se encontram na Igreja, destacam-se as imagens[1]:
São José, estima-se que foi feito no século XVIII
Nossa Senhora das Dores, provavelmente do século XIX
São Gonçalo do Amarante, provavelmente do século XVIII
Santa Catarina de Sena, estima-se que foi elaborada no século XVIII
São Martinho de Vila, provavelmente do século XIX
Santa Rosa de Lima, datada época provável século XVIII
Nossa Senhora do Carmo, provavelmente do século XVIII
São Francisco, estima-se que pertence ao século XIX
São Domingos de Gusmão, com relicário à altura do peito com um pedaço de osso, datado do século XIX
São Tomáz de Aquino, peça estimada do século XVIII
Santa Cecília e Santa Paula, ambas provavelmente do século XIX
Além das imagens, possui um "Cofre do SNr do Bomfim", pia de água benta e quadros em moldura dourada.[1]
↑Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo (Bahia, Brazil) (1997). IPAC-BA: inventário de proteção do acervo cultural. 1 (3 ed.). Salvador, Brazil: Secretaria da Indústria e Comércio. pp. 67–68.