A Igreja Católica no Suriname é parte da Igreja Católica universal, em comunhão com a liderança espiritual do Papa, em Roma, e da Santa Sé. O país é cultural e religiosamente muito diverso, e o relatório de 2023 da Fundação ACN relata que os diferentes grupos religiosos coexistem pacificamente e a liberdade religiosa é respeitada.[7]
História
Antes da chegada dos europeus, a região onde hoje se encontra o território do Suriname era habitado por tribos indígenas, como os aruaques, tupis e caraíbas.[8]
Em 1667, foi estabelecido o Tratado de Breda, que concedeu o Suriname aos holandeses. O catolicismo foi introduzido ao longo da costa em 1683, mas a forte influência dos colonizadores reformados, bem como a presença da escravatura, revelaram-se desanimadoras para a atividade missionária. Houve também divergências entre a Inglaterra e os Países Baixos sobre o controle da região, sendo que os holandeses voltaram a ter a tutela da região em 1816.[9] Devido à influência dos protestantes holandeses, a prática do catolicismo era proibida no Suriname; apenas em 1800 a liberdade religiosa foi permitida no país e a Igreja Católica pôde operar livremente. Em 1817 foi erigida a Prefeitura Apostólica da Guiana Holandesa, quando dois sacerdotes chegaram ao país com permissão da metrópole. A prefeitura foi elevada a Vicariato Apostólico de Paramaribo em 1842, sob o comando dos redentoristas, que tinha como principal objetivo a evangelização e proteção dos escravos africanos, que trabalhavam em duras condições nas plantações. A primeira catedral de São Pedro e São Paulo, em Paramaribo, foi destruída por um incêndio que também destruiu parte da cidade, até que foi comprado um teatro judeu, e este convertido em igreja. É a maior edificação em madeira da América Latina, feita inteiramente em cedro-vermelho.[10][11][12] Escravos africanos eram trazidos ao país para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar.[8]
Apenas com a abolição da escravatura, em 1863, foi necessário substituir a mão-de-obra por imigrantes que chegavam de diversas partes do mundo, notadamente da Ásia, como chineses, indianos e indonésios. Esses povos foram os responsáveis pela chegada de grupos religiosos pouco comuns nos países americanos, como os hinduístas e muçulmanos.[8]
Em 27 de outubro de 1809, em Tilburgo, na Holanda, nasceu Pedro Donders, que dedicou grande parte de sua vida cuidando de leprosos na cidade de Batavia, no Suriname. Por sua doação, Pedro é considerado o Apóstolo do Suriname. Ele foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 3 de maio de 1982.[13]
A independência da Guiana Holandesa e sua conversão em Suriname se deu em 25 de novembro de 1975.[9] Nesse período, grande parte das escolas do país era administrada pela Igreja, das quais surgiram grandes lideranças que contribuíram para a independência.[11] Cinco anos depois, o governo civil foi derrubado por um golpe militar liderado pelo coronel Dési Bouterse, que ficou no poder até 1990, quando um novo golpe ocorreu, devido aos conflitos étnicos e grupos guerrilheiros. No ano seguinte, o país pôde finalmente voltar a ter eleições livres. Os novos governos reconheceram a diversidade religiosa do país, e permitiu a liberdade de culto.[9]
Em agosto de 1996, um incêndio de origem suspeita destruiu os arquivos da Diocese de Paramaribo. A principal suspeita é de incêndio criminoso, porém acredita-se que o alvo principal fosse o Parlamento do país. O tráfico de drogas e de armas, bem como o branqueamento das cidades, continuaram a ser os problemas abordados pela Igreja à medida que procurava formas de estabilizar a sociedade surinamesa após décadas de agitação política.[9]
Atualmente
Em 2000, havia 27 paróquias atendidas por seis padres seculares e 15 religiosos. Havia também nesse ano nove irmãos religiosos e 23 religiosas, que levavam ao funcionamento das 58 escolas primárias e 11 escolas secundárias geridas pela Igreja Católica, e que cuidavam de auxílio humanitário na região.[9]
Apesar da diversidade étnico-cultural, o maior grupo religioso do Suriname são os cristãos.[3] A Sexta-feira Santa, a Páscoa e o Natal são feriados públicos.[7]
Em 2015, foi inaugurada no país a primeira paróquia católica voltada à comunidade brasileira do Suriname, onde as missas são celebradas em português, por padres brasileiros, os quais começaram a chegar no país em 2001, com intuito de auxiliar na evangelização.[14] A comunidade católica brasileira de Paramaribo tem como padroeira Nossa Senhora de Nazaré. A partir de 2015, ess comunidade passou a organizar o Círio de Nazaré na capital surinamesa, tal como é feito em Belém do Pará.[15]
A Conferência Episcopal das Antilhas foi criada em 1958, e é formada pela reunião dos bispos de diversos países e territórios da região do Caribe, incluindo o do Suriname.[5]