Horácio de Carvalho deixou sua terra com cerca de 23 anos para fixar-se na capital paulista na qual, em pouco tempo, entrosou-se com os estudantes, poetas e escritores, ingressando no jornalismo da Província.
O escritor
Reconhecido escritor brasileiro de estética naturalista, é autor de um único romance, O Cromo, editado em 1888 no Rio de Janeiro pela tipografia de Carlos Gaspar da Silva. A obra, esgotada, se resume em apenas uma edição e há poucos exemplares existentes em algumas poucas bibliotecas públicas e coleções particulares.
Em 1900, sai a sua segunda obra chamada Itatyaia: ascensão às Agulhas Negras, publicada pela Laemmert, em 1900. Uma narrativa de uma sua expedição ao Pico das Agulhas Negras em companhia de José Frederico de Borba. Trata-se de um livro bastante apreciado pelos praticantes do montanhismo.
O jornalista
Além de escritor e poeta, Horácio de Carvalho também foi um empenhado jornalista e companheiro de redação de Júlio Ribeiro, o conhecido autor de A carne.
No governo do vice-presidente do estado em exercício, José Alves de Cerqueira César, foi nomeado, em 1892, diretor do Diário Oficial do Estado. Exerceu esse cargo até 1931, quando enfim se aposentou.
Em 1884, aos 27 anos, publica versos na Gazetinha e, em 1885, em A Democracia, ambos dirigidos por Vitor Ayroza. No mesmo ano, funda com Rivadávia Correia e Falcão Filho, o Ganganelli, nome em homenagem ao pseudônimo do brilhante jornalista e republicano Saldanha Marinho.
Meteu-se na política por via do jornalismo acadêmico. Republicano e abolicionista, tomou parte em todos os movimentos cívicos de São Paulo, desde que nessa cidade se radicou. Teve a satisfação de ver seus ideais concretizados por ocasião da Lei Áurea em 1888 e a Proclamação da República em 1889.
Conta Aureliano Leite na sua História da Civilização Paulista, pág. 212, que em meados de 1887 os republicanos de São Paulo, presididos por Prudente de Morais realizaram um congresso partidário no qual foi apresentada por Carlos Garcia a tese separatista. Posta a votos manifestou-se a favor, entre outros, Horácio de Carvalho, muito embora fosse mineiro.
A exemplo dos irmãos, foi poeta na mocidade e deixou inúmeros versos espalhados pela imprensa estudantil e mais tarde por diversos jornais de São Paulo, como por exemplo, um farto manancial publicado pelo Diário Popular desde a sua fundação em 1884 até 1890. Como seu redator, ele dirigia a seção Letras e Artes, onde publicava os seus versos e demais colaboradores.
Sua última obra se intitula O Kaf de João Ramalho. Trata-se de um ensaio monográfico no qual defende a tese de que João Ramalho era judeu. Foi publicado inicialmente no volume 7 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo nas páginas 307 a 368. Em seguida foi editado em livro pelo Diário Oficial do Estado.
O ocultista
Inicialmente materialista, após a descoberta do hipnotismo, decidiu-se enveredar pelo ocultismo, tornando-se um dos maiores conhecedores do assunto em São Paulo e no Brasil. Conhecia, além do português, várias linguas como o francês, italiano e espanhol. Dominava o latim, a ponto de ser professor. Não lhe eram estranhos o hebraico, o grego antigo e o sânscrito.
Com todo esse conhecimento não lhe foi dificil penetrar nos segredos das ciências ocultas.