Conhecida por ter contracenado ao lado do galã Rudolph Valentino em A Sainted Devil (1924), fez carreira em Hollywood durante a era do cinema mudo, tendo participado em pelo menos vinte filmes. Perdendo fulgor com a introdução do som no cinema, durante a década de 1930 ainda participou em algumas produções faladas em francês e espanhol, retirando-se do meio cinematográfico em 1933.[1][2] Continuou a sua carreira no teatro e na música, actuando nas décadas seguintes em diversos países. Era irmã mais nova do ator e realizador Tony D'Algy (1897-1977).
Referida tanto como de nacionalidade espanhola como de nacionalidade portuguesa ou ainda proveniente da América do Sul em diversos periódicos da época, apesar de ter tido pai português e mãe espanhola, ainda hoje em dia é contestado o local de nascimento da atriz, sendo disputadas as cidades de Lisboa e Madrid.[3]
Biografia
Nascida em Lisboa, a 18 de junho de 1906, Antónia Lozano Guedes Infante era filha de António Guedes Infante Júnior (1856-1915), engenheiro civil e coronel, natural da cidade do Porto, que exerceu em Portugal e Espanha para além de também ter desempenhado o cargo de Director das Obras Públicas nas províncias de Angola, Cabo Verde e Moçambique, e de Blanca Lozano Caparré, cantora soprano de nacionalidade espanhola, sendo ainda irmã mais nova de António Lozano Guedes Infante, conhecido posteriormente como Tony D'Algy.[4][5] Pelo lado paterno era neta de D. António Guedes Infante, fidalgo e cavaleiro português da Casa Real, comendador da Ordem de Carlos III e de Isabel a Católica e cônsul de Portugal em Vigo, e de D. Anna Emilia de Roure O'Neill (1815-1880), descendente pelo lado materno do clã O'Neill.[6][7][8]
Após a morte do seu pai, a família fixou residência em Madrid e a sua mãe retomou a carreira artística no elenco operático do Teatro Real, actuando sob o nome Blanca Drymma.[9] Instruída no canto lírico e na dança desde tenra idade, ainda adolescente ingressou na companhia da atriz mexicana Esperanza Iris, partindo pouco depois em digressão para o Brasil e o Chile, onde actuou e cantou em pequenas produções teatrais faladas em francês, português, espanhol e inglês.[10]
Em 1923, após receber o convite do seu irmão que havia emigrado para os Estados Unidos, com 17 anos de idade partiu para Nova Iorque, integrando o elenco de algumas produções da Ziegfield Follies na Broadway.[11][12] Adoptando o nome artístico Helena D'Algy, apelido também utilizado por Tony D'Algy, sendo o nome composto pelas suas iniciais (António Lozano Guedes Infante) e substituído o I pelo Y, um ano depois viajou com o seu irmão para Los Angeles.[13]
Após alguns anos a viver na "meca do cinema", em 1927 Helena D'Algy viajou para Berlim, Alemanha, onde participou no filme Raza de Hidalgos, realizado pelo seu irmão Tony D'Algy, partindo pouco depois para o México e Cuba, onde actuou na companhia teatral de Ernesto Vilches,[18] e para Espanha, juntando-se à Companhia Cine-Teatro, dirigida por Juan de Orduña e Felipe Fernansuar durante algumas temporadas.[19]
De regresso aos Estados Unidos, em 1930 retomou a sua carreira cinematográfica com o filme Doña Mentiras de Adelqui Millar, contudo os papéis começavam a escassear para a jovem atriz que interpretava quase sempre o papel de sedutora hispânica.[20]
Fixando-se temporariamente em Paris e Londres durante a década de 1930, com a introdução do som no cinema, estreou-se em alguns filmes sonoros falados em francês e espanhol, sendo no entanto todos co-produzidos por estúdios americanos e europeus. Sem o mesmo sucesso que tinha outrora no cinema mudo, durante o mesmo período a atriz regressou à Broadway por dois meses para participar na peça The Sex Fable, ao lado de Anthony Ireland, e contratada pela companhia de teatro de revista do Teatro Sarmiento de Buenos Aires viajou para a Argentina, onde comprou casa, contudo, sentindo que não se encontrava bem fisicamente para desempenhar o seu papel rescindiu o contrato meses antes da estreia.[21] Apenas em 1933 Helena D'Algy regressou uma vez mais a Hollywood, onde participou no musical Suburban Melody. Apesar do sucesso do filme, a atriz retirou-se do mundo do cinema com apenas 27 anos de idade.[22]
Actuando desde então em diversas salas de espectáculos pelo mundo, nesse mesmo ano estreou-se na Ópera do Cairo, no Egipto, com o musical La couturière de Lunéville do dramaturgo Alfred Savoir e Cuevas gitanas do maestro Modesto Romero. Três anos depois, após se ter casado, actuou em Montmartre, Paris, sob o nome Elena Sandoval d’Algy, retomando no entanto o seu nome artístico original Helena D'Algy meses depois num outro espectáculo em Bucareste, Roménia.
Com o eclodir da Guerra Civil Espanhola, Helena D'Algy separou-se do seu marido e regressou a Portugal, permanecendo no país, nomeadamente a viver no Estoril, durante a Segunda Guerra Mundial, onde viveu uma discreta e longa relação amorosa com Juan de Borbón, príncipe e pretendente à coroa espanhola a viver no exílio.[23]
Mudando-se para Madrid em 1963, retirou-se do mundo artístico somente voltando a surgir no grande ecrã com a sua última participação no documentário espanhol Imagénes Perdidas para a TVE (Televisión Española) em 1991.[24][25]
Faleceu em 1992, na sua residência em Madrid, Espanha, tendo sido cremada conforme as suas últimas vontades.[26]