Georges Rebelo Pinto Chikoti (Cachiungo, 16 de junho de 1955) é um geógrafo, diplomata, professor universitário e político angolano. É, desde 1 de março de 2020, o Secretário-Geral da Organização dos Estados de África, Caraíbas e Pacífico (OEACP). Foi Ministro das Relações Exteriores de Angola de 2010 a 2017.
Chikoti é poliglota, dominando fluentemente o português,[1] o francês,[1] o inglês,[1] o umbundo[2] e o bemba,[2] possuíndo ainda bom domínio do espanhol[1] e do suaíli.[1]
Biografia
Georges Rebelo Pinto Chikoti nasceu em 16 de junho de 1955 na vila de Dondi, no município de Cachiungo, na província do Huambo, Angola.[2] Seu pai era o destacado nacionalista Mateus Chikoti, que foi militante da União das Populações de Angola (UPA).[3] Chikoti passou grande parte da sua infância na Zâmbia, retornando a Angola em 1975.[3] Foi, inclusive, no período em terras zambianas, na Escola de Masala, em Andola, entre 1965 e 1975, que fez seus estudos primários e secundários.[1]
Afiliou-se à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) em 1975 e tornou-se um dos assessores de confiança de Jonas Savimbi.[3] Em 1977 o partido lhe enviou para a Costa do Marfim para concluir inicialmente sua formação liceal, que ocorreu em 1978 no Liceu Clássico de Abidjã.[1] Entre 1978 e 1983 graduou-se em história-geografia pela Universidade de Abidjã (atual Universidade Félix Houphouët-Boigny).[1] Ainda concluiu pela mesma universidade, entre 1983 e 1985, um mestrado em geografia econômica.[1] No período, tornou-se um dos principais articuladores internacionais da UNITA na África Ocidental francófona.[3] Mudou-se para Paris onde, entre 1985 e 1986, concluiu um doutorado em estudos superiores pela Universidade Paris-Est-Créteil-Val-de-Marne.[1]
Enquanto estava na França recebeu ordem de Savimbi para retornar a Angola, porém decide ignorar a ordem pois a relação de ambos já estava desgastada neste período por falta de liberdades democráticas na liderança da UNITA.[3][4] Assim, em 1987, Chikoti decidiu emigrar para o Canadá por esta nação ter pouca influência da UNITA e de seus aliados.[4] Passou a trabalhar no Banco Imperial Canadense de Comércio em Toronto até 1989.[1] No mesmo ano, passou a trabalhar como professor assistente no Instituto de Relações Internacionais e Cooperação da Universidade de Ottawa, lecionando nesta instituição até 1991.[1] Pela mesma universidade, especializou-se em geopolítica e relações exteriores no período.[2] Ao mesmo tempo, atuou como consultor da Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional (CIDA).[2]
Em 1990, enquanto ainda vivia no Canadá, passou a integrar um grupo de intelectuais dissidentes da UNITA, apoiadores da chamada "Ala do Planalto" (ou do Huambo), que fazia oposição a Jonas Savimbi.[5] Estava no grupo que incluía Sousa Jamba, Dinho Chingunji, Dias Kanombo, Lindo Kanjunju e André Yamba Yamba, que haviam se refugiado no exterior para evitar perseguições no seio do partido.[5] Em seguida liderou, com Assis Malaquias e Dinho Chingunji, a fundação do Fórum Democrático Angolano (FDA), uma tendência política no seio da UNITA de ruptura com Savimbi.[4][3]
Em 1991, Chikoti foi um dos primeiros membros da UNITA que estabeleceu-se em Luanda após os Acordos de Bicesse.[3] Chikoti optou por converter a tendência FDA em partido após o unânime repúdio internacional à UNITA e à Savimbi pelas mortes de Wilson dos Santos,[5][6] Tito Chingunji[7][5] e Ana Paulino Savimbi.[8] Assim, lançou em Portugal, no final de 1991, o FDA como partido, que atraiu muitos antigos apoiantes da UNITA.[3] O FDA foi oficialmente legalizado em Angola em 14 de abril de 1992.[3] Em 1991 o presidente José Eduardo dos Santos o convidou e Chikoti aceitou trabalhar como Vice-Ministro das Relações Exteriores, no que seria um protótipo do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (oficialmente lançado em 1992).[1]
Levou o FDA a participar das eleições gerais em Angola em 1992.[9] O FDA conseguiu reunir 12038 votos e assegurou um assento na Assembleia Nacional.[9] Porém, dado o tamanho diminuto de seu partido e a proximidade com o governo, optou por levar a agremiação a se dissolver e integrar-se ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), com Chikoti ascendendo eventualmente ao seu Comité Central.[3]
Em 1994, foi oficialmente nomeado embaixador efetivo no corpo diplomático angolano.[3] Representou o governo angolano, como Vice-Ministro das Relações Exteriores, em várias conferências e cúpulas internacionais.[1] Também chefiou a delegação angolana em várias sessões da Comissão Consultiva Bilateral EUA-Angola em Luanda e Washington em 1999-2000. Permaneceu como Vice-Ministro das Relações Exteriores até 2008.[1] Entre 2008 e 2010 foi Assessor para Assuntos de Cooperação Internacional da Presidência da República de Angola.[1]
Tornou-se Ministro das Relações Exteriores de Angola em 2010, ocupando o cargo até 2017.[1] Durante seu mandato Angola opôs-se à intervenção militar na Líbia em 2011. Ele disse em 29 de março de 2011, em Luanda, que o Governo angolano defendia o diálogo para a resolução do impasse líbio em vez de uma intervenção militar. Falando à imprensa sobre o referido assunto, Chikoti disse que qualquer intervenção militar poderia contribuir para o agravamento do problema.[10]
Após deixar o ministério, foi nomeado, em 2018, Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário de Angola para a Bélgica e Luxemburgo, e Chefe da Missão Permanente de Angola para a União Europeia.[1]
Em 2020 Chikoti foi eleito Secretário-Geral da Organização dos Estados de África, Caraíbas e Pacífico (OEACP).[1]
Vida pessoal
É casado, desde 2011, com a militar, advogada e política Alda Juliana Paulo Sachiambo "Mana Aninha" Chikoti, que foi deputada pela UNITA e figura feminina de grande relevo no partido.[11][12] Há o curioso fato de que Georges Chikoti é membro do MPLA enquanto que Alda Chikoti é membra da UNITA.[4]
Referências